Meu amigo Daniel Christino – professor de filosofia com quem ainda mantenho construtivos “arranca-rabos” – me enviou uma crítica bem interessante a respeito do que falei sobre a lei 10.454. O que eu disse, apesar de escrito de supetão e com certas incorreções, pode se resumir nesta minha opinião: os capitalistas brasileiros – esses ocultos detentores da bufunfa – morrem de medo de arriscar sua grana em nosso cinema. Quando digo arriscar quero dizer isso mesmo: tentar obter lucro sob o risco de não consegui-lo. Não estou falando de filantropia, e muito menos extrapolei a área cinematográfica. Aliás, num país com impostos tão elevados como o nosso, qualquer empreendimento torna-se um risco elevado ao cubo em comparação com outros países onde a tributação é racional.

Também sei que o governo realmente gasta muito com publicidade. Aliás, uma ex-namorada minha de São Paulo – que trabalhou na campanha do Fernando Henrique – me contou como a produção do comercial sobre Itaipú teve de se virar com computação gráfica para aplicar “fios de alta tensão” nas nuas torres de transmissão filmadas, dias antes, numa tomada aérea. Tudo para mostrar aquilo que o governo havia… feito. Sim, o governo gasta muito com publicidade. Mas não são os únicos clientes.

Tampouco quero demonizar quem busca a ajuda dessas leis para realizar suas produções, afinal, é este o caminho que estamos tomando para concretizar meu último roteiro: Estou de Olho – Eye am the I. Só que ninguém pode negar o saco que é recorrer a isto. Muita porcaria é privilegiada simplesmente por ser “politicamente correta” ou, o que é bem pior, “politicamente útil”.

Quanto à parte em que o Daniel fala que o Estado que menos aparece é mais facilmente rapinado, bom, devo dizer que ele não me entendeu. Quando digo que o melhor governo é aquele que não vemos, isto não significa que gosto de governos invisíveis, maquiavélicos, mas sim de governos minúsculos, de governos que tratem tão somente de evitar que seus cidadãos mais fracos sejam subjugados ou explorados pelos mais fortes e, principalmente, de evitar que qualquer um ameace fisicamente ao seu próximo. O resto que fique a cargo da iniciativa individual.

E só.