blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: setembro 2002

Si hay gobierno… – a missão

Sim, soy contra. O governo me dá nos nervos. E não é por motivos ideológicos. É que essa gangue de mulocratas (burrocratas que empacam) já estão pisando demais nos meus calcanhares. Hoje, por exemplo, gastei um bom tempo com um fiscal da prefeitura, que veio até aqui dizer que o “parecer foi favorável”. Ele se referia a um trecho de 3m2 do qual supostamente teríamos nos apropriado e que, graças à boa vontade do governo do PT de Goiânia (para onde me “exilei”), poderíamos adquiri-lo em prestações absurdas. Ou seja, o município era favorável a que comprássemos os “5m2” de terreno público usurpado do povo. “5m2“?! Parecer favorável a eles, eu disse. Coisa mais ridícula, seo. Veja o desenho que fiz às pressas.

Ovos de páscua

Algumas pessoas – na verdade, apenas três – me escreveram perguntando o que foi feito dos dois últimos capítulos do meu livro on line L.S.D.eus – Contos Extáticos. Bom, devo dizer que não precisam se preocupar, ainda está tudo sob controle e não estou, como pode parecer à primeira vista, rejeitando os textos que ali se encontravam nomeados como capítulos 3 e 4. Acontece que esse livro não é senão um trabalho surpreendido em pleno processo de criação. O que fiz, na verdade, foi transformar os tais “capítulos 3 e 4” em um único “ovo de páscoa“. Hã! Cumé qui é?!…

9/11

O atentado visto do espaçoSemana passada assisti ao documentário dos irmãos Jules e Gedeon Naudet sobre o atentado ao World Trade Center. (Para um documentarista, nada como estar no lugar certo na hora certa – aliás, para os não-documentaristas, hora mais que errada.) Semelhante testemunho só seria rivalizado por alguém que tivesse filmado o naufrágio do Titanic ou, para ser mais exato – já que, indo além do que diz Baudrillard, um atentado terrorista pode parecer mas não é um evento da natureza, é só maldade mesmo -, ou por alguém que tivesse filmado a noite de 23 de Agosto de 1572, a Noite de São Bartolomeu, quando, instigado por sua mãe (Catarina de Médicis), o rei Carlos IX ordenou que se executassem todos os Huguenotes, todos os protestantes que se encontravam em Paris para o casamento de sua irmã com Henrique de Navarra. Morreram cerca de 25.000 pessoas. A grande diferença entre esses atentados de origem pseudo-religiosa estaria apenas na pirotecnia do mais recente, uma vez que este não se igualou ao primeiro, em número de vítimas, por uma mera questão de horário. E o mais interessante é que muita gente pressentiu o acontecimento…

Criticando um crítico

Eugênio Bucci, em sua crítica ao filme Cidade de Deus (Jornal do Brasil-04/09), pega como mote o comentário do personagem Buscapé – “se o tráfico de drogas não fosse crime, o bandido Zé Pequeno seria o homem de visão do ano” – para com ele concluir que todo executivo, que todo empresário, enfim, que todo empreendimento capitalista é killer, é do mal. Ora, aquela afirmação corresponde a esta: se expressar preconceitos não fosse uma miopia mental, certos colunistas ganhariam o Prêmio Esso de jornalismo. E, no entanto, o fato de ele ser sim um colunista equivocado não atenta contra a profissão do jornalista em si mesma. Afinal, a maldade evidente do personagem Zé Pequeno nasce de sua motivação interior, ela já existia antes de que ele se tornasse um “negociante de drogas”. Querer excluir todo mercado, todo executivo, todo empresário da face da Terra, a partir desse raciocínio, seria o mesmo que banir todas as facas de todas as cozinhas apenas porque é possível cortar gargantas com elas. Capital é ferramenta.

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén