O atentado visto do espaçoSemana passada assisti ao documentário dos irmãos Jules e Gedeon Naudet sobre o atentado ao World Trade Center. (Para um documentarista, nada como estar no lugar certo na hora certa – aliás, para os não-documentaristas, hora mais que errada.) Semelhante testemunho só seria rivalizado por alguém que tivesse filmado o naufrágio do Titanic ou, para ser mais exato – já que, indo além do que diz Baudrillard, um atentado terrorista pode parecer mas não é um evento da natureza, é só maldade mesmo -, ou por alguém que tivesse filmado a noite de 23 de Agosto de 1572, a Noite de São Bartolomeu, quando, instigado por sua mãe (Catarina de Médicis), o rei Carlos IX ordenou que se executassem todos os Huguenotes, todos os protestantes que se encontravam em Paris para o casamento de sua irmã com Henrique de Navarra. Morreram cerca de 25.000 pessoas. A grande diferença entre esses atentados de origem pseudo-religiosa estaria apenas na pirotecnia do mais recente, uma vez que este não se igualou ao primeiro, em número de vítimas, por uma mera questão de horário. E o mais interessante é que muita gente pressentiu o acontecimento…

É verdade, Wagner Borges foi avisado sobre a possibilidade de uma Grande Catástrofe em NY. Quem o conhece sabe que ele é um “projetor” e os “projetores” vezenquando se encontram, fora do corpo, com “amparadores”. Esses amparadores lhe teriam dito, entre outras coisas, para que se preparasse para dar “assistência extra-física” numa grande tragédia. Tal assistência seria necessária para o resgate dos desencarnados. A vermos a coisa pelo modo Swedenborgiano, basta saber que muitos dos que morreram ali simplesmente não perceberam, de imediato, que haviam morrido. Quem se lembra da cena “pós-afundamento” do filme Titanic ainda deve ter em mente o caos assustador em que aquelas águas se transformaram: centenas e centenas de pessoas em pânico, gritando por socorro. Semelhante imagem choca tanto quanto o silêncio pós desabamento do WTC. Silêncio fúnebre. Mas um clarividente teria presenciado aquele mesmo silêncio registrado pelas câmeras dos irmãos Naudet? Ou teria visto, pelo contrário, uma multidão desesperada correndo para todos os lados, um formigueiro de gente sem saber que já estava mais pra lá do que pra cá? Talvez seja por isso que a certidão de óbito número 1 tenha sido a do capelão dos bombeiros. Momentos antes, ele orava. E nada melhor do que alguém que tenha uma idéia da VIDA para avisar a um ex-vivo que ele também perdeu a vida com “v” minúsculo. Claro, na minha imaginação tal serviço só foi prestado pelo capelão muito tempo depois, quando também ele já fora resgatado pelos “amparadores”.

Puts, como eu viajo…

[Ouvindo: Street Spirit – Radio Head]