Pólo positivo

A minha pessoa tem andado muito grilada ultimamente. Mil probleminhas conjunturais, logísticos, financeiros. Até sua auto-estima está abalada. Tem se sentido meio burra inclusive, contrariando todos os prognósticos de genialidade advindos da famiglia. É a vida, né. Minha pessoa queria estar dando aulas, dirigindo filmes, terminando livros, criando até mesmo filhos, mas… minha pessoa é dostoievskiana. Não pro lado do autor, mas de seus personagens. Mil tormentos escorpianos. Ainda bem que ainda existem os amigos, como o Gustavo Lima, o Daniel Christino, o Dante Cruz, o Alex Cojorian, o Alfredo Bello, o Ricardo Calaça, o Paulo Paiva, o MD Oziel, o Eduardo Ferreira que, vezenquando, aparecem pra dar um puxão de orelhas amigo na otária da minha pessoa. Sem falar na Gláucia, minha querida amiga, ex-namorada, que me veio com a notícia ótima de que está grávida de quatro meses de seu marido!! Que bom, minha pessoa fica contente com a felicidade dos amigos. A Thelma Regina, citada abaixo, também apareceu, assim como a Paola Monteiro. Minha pessoa fica contente com os amigos que voltam das esquinas do tempo. Minha pessoa também fica contente com a Míriam Virna, diretora e amiga maravilhosa (ex-namorada também), que me intima a escrever peças e a co-dirigir um filme. Minha pessoa fica contente porque Cássia Queiroz, a namorada gata da minha pessoa, fez aniversário e também quer um roteiro de presente de Natal. Minha pessoa fica contente por ter três irmãs lindas e pais excelentes. Minha pessoa só fica puta mesmo é com minha pessoa. Ô figura complicada, que tenta sem parar ser coerente, virtuosa, equilibrada, mas é uma louca de pedra. Tem até amigos extraterrestres, veja só. E ainda quer dar liçãozinha de moral em mil assuntinhos bestas! Se ainda fosse uma bicha louca bandida tipo Madame Satã, que sai dando testada viada por aí, falando “minha pessoa” toda vez que fala de si mesma, ainda teria algum glamour, afinal, nada mais in do que ser gay, bandido e rebelde. Mas minha pessoa é só um escritorzinho hétero que ainda não se leva a sério e, por isso mesmo, não é levado a sério pelos demais. Tudo porque minha pessoa só é rebelde com seu próprio ser, arrastando consigo essa eterna insatisfação de jamais unificar pensamento e ação, de jamais unir coração e mente. Minha pessoa só é respeitada por quem a conhece bem, nunca por quem só a viu de relance. E, claro, infelizmente minha pessoa tem mais alma inglesa que de malandra carioca, não se permitindo a deselegância de berrar FODA-SE a todo aquele que a atinge de alguma maneira. Aliás, quer saber de uma coisa, minha pessoa? Vá se danar! fuck you!


Pólo negativo

Ô coisa dura é crer em Deus, no destino e na vida eterna e não ver mais o menor significado na palavra suicídio. Se as pessoas soubessem como é muito mais fácil ser niilista e acreditar no conforto de um futuro nada… Saber que há um dharma dá uma canceira mental dos diabos. Por favor, minha pessoa, sua motherfucker, vai dormir e me deixa relaxar um pouco. Já dizia aquela outra pessoa shakesperiana: “morrer, dormir, sonhar talvez”…

[Ouvindo: Balada para un Loco – Astor Piazzola]