Não sei se foi em 2001 ou 2002 que fui a Brasília escrever roteiros publicitários para uma agência local. Em uma semana, escrevi 19 roteiros, incluindo aí roteiros de reclames de TV, cartilhas e histórias em quadrinhos. Campanha institucional. Até hoje não me pagaram… Mas a questão é que, no apê em que me hospedei, havia uma empregada doméstica que me deu sua opinião a respeito da bolsa-escola do Cristovam Buarque: “uma boa porcaria”, me disse. E explicou: conhecia diversas pessoas – a maioria seus vizinhos – que pegavam emprestados os filhos uns dos outros para aumentar o valor de suas respectivas bolsas. Inscreviam-nos como se fossem seus. “Um bando de à toas”, dizia. “Ficam o dia inteiro em casa, se coçando, falando da vida alheia, com a vida ganha…”