“Se eu fosse você, não faria isto…”
“Sério? Então feche os olhos e me dê suas mãos.”
“Que maluquice é essa?”
“Não discuta comigo. Me dê logo as mãos… Isto. Agora grite comigo bem alto: aaaah!!
“Ah!”, e ri.
“Não, com o diafragma, bem do fundo, de dentro, vamos: aaaaaah!!”
“Aaaaaah!”
“Viu? Trocamos; agora eu sou você e você é eu.”
“Tá, muito engraçado.”
“É verdade, só que você se tornou tão eu mesmo, que nem sequer se lembra que era você e até continua, ou melhor, continuo falando. E o que antes era eu agora é você, tão você que já não se lembra de ter sido eu.”
“Sei…”
“Enfim, se você fosse eu, você faria exatamente o que faço, pois, afinal, você seria eu!”
“Tá certo, tá certo…”
E saem, sem notar os sapatos trocados…