blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: agosto 2005 Page 3 of 7

Marc Chagall

Ressurreição - Marc Chagall“Tudo pode mudar em nosso mundo desmoralizado exceto o coração, o amor do homem e seu empenho em conhecer o divino. A pintura, como toda a poesia, tem uma parte no divino; as pessoas sentem isso hoje, do mesmo modo que costumavam sentir outrora. Que pobreza cercou minha infância, que provações experimentou meu pai, com seus nove filhos! E, no entanto, ele estava sempre cheio de amor e, à sua maneira, era um poeta. Marc Chagall Foi através dele que pressenti, pela primeira vez, a existência de poesia neste mundo. Depois senti-a durante as noites quando contemplava o céu escuro. Aprendi então que também existia um outro mundo. Isso fez brotar lágrimas em meus olhos, tão profunda foi a comoção que se apossou de mim.”
Marc Chagall

Como a cozinheira

“Sempre acreditei que toda versão de um conto é melhor que a anterior. Como saber então qual deve ser a última? É um segredo do ofício que não obedece às leis da inteligência mas à magia dos instintos, como a cozinheira que sabe quando a sopa está no ponto.”
Gabriel García Márquez

Vaias

“Em junho, achavam Lula ruim ou péssimo 22% dos entrevistados pelo Ibope; variou, dentro da margem, para 24% em julho e cresceu para 31%. Lula fez o chamado “x negativo”, vale dizer: o número dos que o acham ruim ou péssimo (31%) está acima daqueles que o vêem como bom ou ótimo (29%). Seu saldo, pois, é 2 pontos negativos. Em julho, ainda tinha 13 positivos. Uma variação de 15 pontos em três meses. Pesquisólogos afirmam que, quando se faz este “x”, a personalidade pública já não pode comparecer espontaneamente à rua sem risco de ser vaiada. É por isso que Lula só comparece agora a eventos rigorosamente controlados.”
Reinaldo Azevedo, no Primeira Leitura

Passeata virtual

Pensei que o tal protesto virtual já estava chegando lá, em Brasília. Mas ainda falta muiiiita gente.

Viver de literatura?!

Taí um artigo do Julio Daio Borges bastante lúcido e pertinente. Concordo plenamente com ele. Literatura não é mesmo profissão ou ganha pão e, de modo geral, só faz conspirar para nossa desgraça financeira. Embora o escritor – como qualquer pessoa – tenha lá seu karma a ser queimado, isso nada tem a ver com a literatura, que é dharma, um apelo celeste. Escreve quem sabe se ajoelhar.

Ai, mulher!!

Um amigo meu (na época estudante de antropologia) estava discutindo com sua namorada (formanda em psicologia) no apartamento dela, na Asa Norte, Brasília. Ele, que professava um certo, digamos, chauvinismo travestido de cinismo, tentava defender sua mania de se dedicar à amizade com garotas mais bonitas e fofas do que ela. Do boteco próximo, subia uma seqüência sem fim de sambinhas que insistiam em entrar pela janela. A garota, claro, tentava interpretar o discurso do namorado à luz (negra) de Freud e Lacan. A certa altura, ela, muito irritada, gritou: “Você tá achando que sou idiota?! Você tá pensando que eu sou o quê afinal?!!” E o sambinha, imiscuindo-se no calor da disputa: “Você não passa de uma mulher! Ai, mulher!!” E meu amigo caiu na gargalhada, tendo de sair dali a correr, sob uma chuva de cinzeiros, vasinhos, copos…

Era uma ironia…

Na minha crônica Sinhozinho Lula, eu comparei o possível comportamento de Lula ao de Sinhozinho Malta da novela Roque Santeiro. Mas, obviamente, tal analogia não passou de uma ironia: para mim está mais do que claro que Lula, além de saber de todas as safadezas do PT, foi ainda seu verdadeiro mentor. Mas para o empresário lulista Oded Grajew – um desses que ganham a vida fabricando as cordas que irão enforcá-lo – Lula realmente agia como o famigerado coronel de Dias Gomes. Veja o que ele responde, na revista Época desta semana, à pergunta O Lula sabia da corrupção?:

Acho que não sabia. Espero. (…) O Lula tem um estilo que é bem assim. Pode ser bom, pode ser ruim, mas eu via o Lula dizer: “Zé (Dirceu), essa lei é muito importante. Você tem de fazer com que ela passe”. Aí, depois, o Zé dizia: “Passou”. Mas o Lula não perguntava como ele tinha conseguido.

É ou não é exatamente o que escrevi? Palavra por palavra. Agora, cá entre nós, dizer que não sabe se isso é bom ou ruim é de uma falta de vergonha na cara sem limites. Realmente a má consciência é um pré-requisito para se ser um estatólatra.

Fotos de Brasí­lia

Neste site, há bonitas fotos de Brasília – provavelmente a única capital do mundo dentro de um “condomínio fechado”-, a maioria assinada por Augusto Areal. Finalmente encontrei imagens que me deixam com saudade…

The Meatrix

Moopheus
Você conhece The Meatrix?

Raymond Abellio

Trechos de uma entrevista concedida por Raymond Abellio – autor de “Os olhos de Ezequiel estão abertos” (1944) e “O Fosso de Babel” (1962) – a Vintila Horia:

“Neste livro (O Fosso de Babel), fenomenologia confunde-se com o problema da criação novelesca. Por outras palavras, o ‘eu transcendental’ da personagem central, que afirma ‘eu’, é um ‘eu’ universal, em oposição ao romancista que pretende alhear-se dos seus heróis. O meu ‘eu transcendental’ penetra nas personagens por todos os lados, outorgando-se desta maneira o direito de ter delas perspectivas absolutas.”

“Não creio numa síntese Ocidente-Oriente a curto prazo sem o advento de um tremendo conflito que precederá essa síntese, tal como o problema se apresenta neste momento.”

“O romance autêntico é o romance metafísico.”

“O romancista metafísico tende a escrever sempre a mesma obra. É como o diamante. Trata-se da mesma pedra, todas elas se parecem entre si. Contudo, cada uma implica uma beleza diversa e é outra efetivamente em relação às demais.”

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