blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: setembro 2005 Page 2 of 5

Guia turístico de São Paulo

Meio sem querer querendo acabei virando um dos guias turísticos da cidade de São Paulo no Google Earth. Eu não sabia que a Google iria colocar minhas dicas no banco de dados central do programa. Para vê-las, selecione na guia Layers a opção Keyhole Community BBS. Depois observe as dezenas e dezenas de informações. Claro, não sou o único palpiteiro da cidade, mas caso vc encontre, por exemplo, o Pátio do Colégio (marco da fundação de São Paulo), a Biblioteca Mário de Andrade, a Biblioteca Latino-americana Victor Civita, o Centro Cultural São Paulo, o Parque do Nabuco (onde eu brincava quando criança), o Jardim Botânico, a Praça Benedito Calixto, o Largo São Francisco, o Mosteiro e Colégio São Bento, o Cemitério da Consolação (onde estão os “indícios” de que um certo Monteiro Lobato passou por aqui), etc., saiba que o Yuri Vieira que aparece na dica sou eu mesmo.

A internet estimula a humildade

Quem passou pela adolescência física e mental – isto é, o período que vai dos 14 aos 25 anos de idade aproximadamente – antes do advento da internet, entenderá o título desta entrada. Nesta fase de intensa ebulição interior, é muito fácil – falo daqueles que sempre se interessaram por literatura, filosofia, ciência e arte – é muito fácil acreditar que se é um tipo de gênio, uma luz em meio à escuridão massificada. Principalmente se, aos dezesseis, enquanto vivia ilhado numa província da província Brasilis, devorou “Homens representativos”, de Ralph Waldo Emerson. Aliás, ainda bem que não havia internet entre 1985 e 1996. Talvez eu até tivesse ficado “famoso” – como muitos blogueiros hoje acreditam ser – com o registro de minhas especulações, viagens e surtos (hoje muito bem guardados), e , no entanto, nos dias que correm, com a chegada desses lampejos de maturidade que ora me assediam, eu estaria envergonhado comigo mesmo e certamente passaria mais tempo deletando textos e entradas de blog que propriamente escrevendo… Sim, embora a Vontade de Criar possa nos aproximar muito da Vida, na medida mesma dessa aproximação, mais e mais vamos nos sentindo como que elevados diante dos demais. E tudo, claro, não passa de vaidade, vaidade das vaidades. Antes da internet eu achava que meus, digamos, pares ou já estavam mortos ou muito próximos de morrer. Com uma única exceção, que não vem ao caso, praticamente não tinha interlocutores. Claro, possuía amigos e professores cuja inteligência admirava, mas nunca encontrava “pretensões de criar” tão grandes quanto a minha. Depois, com a internet – e já morando com a Hilda Hilst – descobri que esses pares não constituem dezenas, senão milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, a maioria muito mais disciplinada e produtiva do que consigo ser. E os maiores dentre eles, percebi, não são os que se colocam mais ao alto, junto a seus ídolos, e sim exatamente aqueles que, em sua sabedoria escrita, demonstram a verdade da fraternidade de todos os homens, isto é, que somos todos nós, terráqueos, pares no sentido mais universal do termo. Enfim, obrigado, internet, por não me deixar enlouquecer (de novo), obrigado por ajudar a provar a mim mesmo que não sou nenhum suprassumo da humanidade, mas um mero contador de “causos”. (Adeus, aborrescência!!) Se Nietzsche tivesse um blog à sua disposição, teria certamente trocado idéias com Dostoiévski – cujo livro “Notas do subterrâneo” ele leu – e o grande romancista russo o teria então alertado sobre o maior (e talvez único) de seus erros. Qual? Amadureça e descubra. (Até lá medite sobre o arcano 16, A Torre, do tarô…)

Artistas: os únicos que trabalham?!

A Hannah Arendt sempre aparece com um “detalhe” conceitual para mudar nossa ótica das coisas. Hoje descobri que os únicos humanos que ainda trabalham, segundo ela, são os artistas, o que deve chocar muita gente. (Vide A Condição Humana.) Os demais ou estão na atividade do labor (a maioria, incluindo os profissionais liberais) ou da ação. Bem, o labor seria a atividade humana condicionada pela necessidade, tendo, portanto, como finalidade única a manutenção da nossa vida biológica. O trabalho seria a atividade que cria o mundo “artificial” em que vivemos, ou seja, a atividade propriamente humana. Já a ação seria a atividade mediada pelo discurso, aquela que ocorre entre humanos sem mediações de ordem material. Para Arendt, depois que a esfera social engoliu a esfera privada e a pública, o consumo – característica própria do nosso corpo, cujo metabolismo é um perene consumo de recursos – o consumo tornou-se regra e, hoje, consumimos bens e serviços tal como um corpo absorve e metaboliza água e comida. Daí a maior parte das atividades humanas estarem representadas pelo labor. Já a arte é, digamos, um luxo, não é necessária à manutenção da vida material. Segundo essa lógica creio que se poderia afirmar que arte não é profissão e que quem tem por ofício “produzir” arte não tem nada de artista. Rilke certamente concordaria com ela. (Bom, poderia entrar em outros aspectos, mas estou viajando e esqueci o livro em casa…)

Karlheinz Stockhausen

Eu pensei que já havia escrito sobre Karlheinz Stockhausen, mas não o encontrei no arquivo. Estranho. Tinha certeza de que já havia iniciado um artigo a respeito. Bem, já que no dia 22 de Agosto ele completou 77 anos de idade, farei ao menos um pequeno comentário.

Stockhausen é um dos pioneiros da música eletrônica, tendo passado pelas pouco palatáveis músicas serial, indeterminada e eletroacústica – aliás, muito interessantes para trilha sonora. (Que me desculpem os fãs.) Conversando com o compositor Paulo Guicheney, aluno do José Antônio de Almeida Prado, fico sabendo que o cara é considerado por seus pares um maluco, já que compõe óperas ou sinfonias que duram uma semana – que poderiam ser acompanhadas numa rave, imagino, de dentro de uma barraca – em geral baseadas na cosmologia do Livro de Urântia. Aliás, é o primeiro artista consagrado a utilizar o livro como tema. Há uma entrevista com ele neste site. A propósito: parece que ele anda dizendo por aí que veio de outro planeta…

Discurso do PT: antes e depois da posse

Recebi o texto abaixo por email… {}`s
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ANTES DA POSSE
Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos econômicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder! até que
Compreendam que
Somos a nova política.

DEPOIS DA POSSE
Basta ler o mesmo texto, DE BAIXO PARA CIMA!

A morte do MASP

Recebi o texto abaixo – de Mário Cesar Carvalho – da amiga Anna Christina de Oliveira. Trata daquele assunto bastante conspícuo: nossa elite é jeca, daí o Brasil ser o que é. Concordo com esse ponto. Mas não vejo nada de errado numa torre e, por outro lado, vejo tudo de em hospedar alguém como Marighela. {}`s

A morte do Masp

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) não recebeu nem um centavo de doadores privados neste ano. Talvez por isso sejam reveladoras as fotos em que Julio Neves, o presidente do museu, aparece sorrindo na inauguração da Daslu, cujo prédio foi projetado pelo arquiteto. As fotos são reveladoras porque expõem cruamente o muro que separa os novos ricos do universo da arte: os que pagam R$ 4 mil por uma saia ou R$ 8 mil por um terno acham que não vale a pena dar um centavo para o Masp ou para qualquer outro museu. A ascensão meteórica da Daslu e a morte lenta do Masp parecem fazer parte de um mesmo fenômeno: aquele em que a elite paulistana abandona completamente a esfera pública, o espaço de convívio com os diferentes, para se isolar em bunkers como o que abriga a Daslu.

Nunca babe numa garota

Estou sempre prometendo a mim mesmo que jamais voltarei a babar numa garota. E sempre acredito em mim. Todos sabem: o mercado do amor baixa o valor de quem muito se oferece. E eu sou mestre em não me oferecer. Mas às vezes é inevitável. Principalmente quando se está tomado pelo Máscara ou pelo Mister Hyde… Pois é, babei numa figura e ela ficou nojenta. Mulheres lambuzadas de saliva virtual – ainda que da nossa própria saliva – são sempre nojentas, intragáveis. 😛

Na Vila

O blog anda meio devagar esta semana pois estou em São Paulo, na Vila Madalena, hospedado na casa do meu bróder Rodrigo Fiume, subeditor do caderno Vida& do Estadão. E o cara não tem internet em casa!!! Bom, estou vendo se meu destino vira uma esquina. Se for da vontade da Primeira Fonte e Centro, é claro…

Colonização da América

A ciência continua suas especulações em torno da data em que se iniciou e finalizou a migração através do estreito de Bering. Alguns afirmam que os povos começaram a chegar da Ásia por volta de 12 mil anos atrás, outros 13, 14 ou 24 mil. Mas todos concordam que a migração é mais antiga do que se supunha. (Veja aqui.) Já o Livro de Urântia afirma que já se passaram 85.000 anos desde que os últimos homens cruzaram a antiga passagem de terra do estreito.

Bad Science

O blog Bad Science é uma espécie de Observatório da Divulgação Científica. Interessante. Aliás, aqueles meus amigos que adoram apontar elementos de pseudociência em alguns dos meus textos irão adorar. Mas que a imaginação é a avó da ciência, ah, isso é. Respeitem os mais velhos!

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