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Uma pergunta aos liberais

Bem, aí vai uma pergunta que meus amigos conservadores (liberais) nunca conseguiram me responder satisfatoriamente: quem paga o pato se o Estado suspender sua rede de proteção social, baixar os impostos e desburocratizar o mercado? Em quanto tempo estas medidas trarão “benefícios a todos”? Temos o direito de exigir que outros banquem nosso futuro em nosso lugar? Para não ficar numa eterna masturbação doutrinária tomemos um exemplo concreto: como ficam os moradores da Vila Coronel Cosme quando suspendermos sua bolsa-família? E não me venham com respostas do tipo “o dinheiro será aplicado em saúde e educação” porque isso não vai acontecer. E não vai porque até hoje não aconteceu, mesmo com empresas e pecuaristas enchendo a burra de dinheiro (meu deus, o bairro fica atrás da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura). Enfim, aos amigos que tanto acreditam no mercado, quantas gerações deverão pagar o preço pela nossa modernização e com quanto você vai contribuir? Ou vocês acham que um choque liberal pode ser feito sem nenhum sacrifício?

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8 Comments

  1. Eu acho que peguei o vírus do Pedro. Nunca sei quando vocês estão falando sério ou meramente curtindo com a minha cara…

  2. pedro novaes

    Eu acho que o Daniel está falando sério.
    Deixa eu pensar sobe o assunto [toma um gole de chope]…
    Porque sou cada vez mais favorável a um choque que eu não chamaria de liberal pelas maldições que cairão sobre minha cabeça se eu invocar essa palavra (então deixa eu adjetivar aqui e ali), mas desestatizante. O mercado é uma segunda questão. Vamos falar disso. Vou ali chamar a Jamila pra sentar com a gente. Espera só um instante [levanta e sai].

  3. Daniel

    Repito a pergunta, ainda não respondida do post anterior: quem paga a conta do Liberalismo (não existe almoço grátis, certo?).

  4. sunami chun

    Pq vc acha que os liberais devem responder essa questao? o liberalismo é um modelo economico e nao social…foi a cisao entre o estado e a iniciativa privada, o estado deve se concentrar naquilo que foi originariamente criado que é pensar no bem estar do povo e nao no lucro. Acredito que se chegamos ou nao nesse ponto e se já há algumas distorcoes como a grande influencia das empresas no processo politico dos paises atraves das sociedades anonimas é a verdadeira questao pra se discutir….se é pra acabar com falsas percepcoes, podemos comecar por aqui tb nao?

  5. sunami chun

    Daniel, respondendo a sua questão diretamente:
    O próprio liberalismo paga sua conta desde que os governos decidiram adotar o modelo econômico que gera mais receitas pro Estado, pois afinal td é tributado, e até demais no nosso país…. Se o estado populista-assistencialista-corrupto resolve comer caviar e pagar mingau pro povo não acho que tem a haver com o liberalismo… todo mundo tem teto de vidro….

  6. “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.”
    IITessalonicenses, 3:10

    Quer em inglês? Meu evangelho é bilíngüe:

    “For even when we were with you, this we commanded you, that if any would not work, neither should he eat.”

    Isso tanto é verdade que o governo só aumenta impostos para dar mais empregos públicos ao povo. (Nem vou falar das “bolsas” e semelhantes.) O problema é que, como o Paulo já disse, o Estado não produz nada e, quando produz através duma estatal, desvia bilhões para sei lá que falcatruas, simplesmente porque “não tem dono”, é público. Se os impostos não fossem tão altos, as empresas poderiam investir em si mesmas e no seu entorno, gerando mais empregos e permitindo a mais gente ter o seu pão de cada dia. Porque aumento de funcionários públicos é pirâmide: um dia a iniciativa privada não irá agüentar carregar tantos seres improdutivos sobre as próprias costas…

    P.S.: Que bom que vc, Chun, resolveu dar as caras!

  7. Vinicius

    Se é para lançar perguntas, amanhã as lançarei… (estou de saida)

    Mas deixo aqui algumas afirmações de Lênin:

    1) – Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

    2) – Infiltre e, depois, controle todos os veículos de comunicaçao de massa;

    3) – Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões
    sobre assuntos sociais;

    4) – Destrua a confianca do povo em seus líderes;

    5) – Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja
    oportunidade, assuma o poder sem nenhum escrúpulo;

    6) – Colabore para o esbanjamento dos dinheiros públicos; coloque em
    descrédito a imagem do País, especialmente no Exterior; provoque o pânico e
    o desassossego na população, por meio da inflação;

    7) – Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;

    8) – Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não
    os coíbam;

    9) – Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da
    crença na promessas dos governantes; nossos parlamentares, infiltrados nos
    partidos democráticos, devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem
    pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da
    causa.

    10) – Procure catalogar todas aqueles que possuam armas de fogo, para que
    elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossivel qualquer
    resistencia à causa.

  8. Ok. Chun, o liberalismo também é um opção política e não apenas econômica. Formulei a pergunta porque é exatamente aí que “a porca torce o rabo”. Olhe a responta do Yuri, por exemplo. Indica uma solução possível num futuro que ainda chegará. A utopia liberal é o indivíduo. Mas o pessoal que mora na vila Coronel Cosme (ou no Madre Germana) não tem um horizonte de tempo tão largo. O que a gente faz com esse pessoal? Por isso tenho o maior respeito por padres que abandonam a família e vão lá sofrer com as PESSOAS na Amazônia, na Áfria, na Palestina. Além do mais, todas as políticas liberais significam sacrifícios que, numa democracia, devem ser transparentes e socializados. Esse é o espírito: numa democracia digna do nome, as pessoas que pagam o preço pelo futuro concordam em fazê-lo. Por isso repito: quem paga o preço para o Brasil ser liberal? É uma pergunta simples, até mesmo quantificável. Mas não consigo uma resposta.

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