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Ponto final

Pedro tem razão (clique aqui). Ponto Final é mesmo um dos melhores do Woody Allen.

O cinema é uma linguagem perfeita para “brincar” com o acaso (de cabeça, lembro de dois exemplos recentes: o quase bom Femme Fatale, de Brian De Palma, e o divertido Corra, Lola, Corra, do alemão Tom Tykwer). Mas é preciso que isso seja muito bem feito. E Allen o faz perfeitamente.

É genial a brincadeira do anel tocando a “rede” e caindo no próprio campo do jogador (na imagem a que esta se refere, a que abre o filme, a bola é congelada antes de sabemos em qual dos campos ela cairá).

Outra forma genial escolhida por Allen para nos mostrar a consciência do protagonista é a cena dos fantasmas — inspirada em Ingmar Bergman e já utlizada pelo diretor em Crimes e Pecados, outra obra com referências a Crime e Castigo.

Ponto Final é, como Crimes e Pecados, um filme pessimista — ou realista? Não há punição para o protagonista. Nem em sua consciência, como revela a tal cena dos fantamas. Particularmente, compartilho desta posição pessimista; mas nem por isso saio por aí cometendo asneiras contra outros. Neste caso, por mais racional que eu seja, prefiro subverter o poema: “Não: tudo menos ter razão!”

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2 Comments

  1. Paulo Paiva

    Rodrigo,

    De fato esse é um filmaço! Só discordo de que não houve punição para o protagonista. Lembre-se da expressão dele ao final do filme. Mesmo depois de um bom tempo, ela revelou um grande carga de culpa. Aquele cara se fudeu…

  2. Velho, aquele cara vislumbrou a bela vista de sua casa para o Tâmisa e o Parlamento, criou sua filha e passou 40 anos convivendo com a aristocracia britânica, entre óperas, tiros ao prato, jantares e cruzeiros gregos. Quem sabe, já na velhice, pouco antes de morrer, ele tenha procurado um padre, se confessado e recebido o perdão a Deus… Acho que esta expressão de culpa que você viu na cara dele é o seu desejo de que ele fosse punido. Tem a ver com Kant ou Santo Agostinho, sei lá (melhor perguntar isso pro Daniel).

    Abs. R.

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