blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: outubro 2006 Page 4 of 9

Standby pós-festival

Amigos
Tenho recebido alguns emails indagando a respeito do segundo bate-papo com o Olavo de Carvalho, que já está gravado e que prometi para o final da semana passada. A questão é que trabalhei toda a semana, dirigindo o making of do 6º Goiânia Mostra Curtas e, por isso, não me sobrou tempo. A coisa foi pauleira. (Meu segundo trabalho junto à Cora Filmes. Valeu, Pedro!) Integravam nossa equipe o Paulo Paiva e a Cássia Queiroz, como produtores, e o Eduardo Castro, como cinegrafista, que, aliás, é um diretor premiado. Seu documentário “A Resistência do Vinil” é excelente e um outro sobre a guerrilha do Araguaia (117 horas gravadas) será uma verdadeira bomba. Neste festival, gravamos entrevistas com Paulo César Pereio (vulgo, o Neusa), André Abujamra (que irá gravar um podcast conosco), Luis Carlos Lacerda (o Bigode), Joel Pizzini, José Eduardo Belmonte, Christian Saghaard, Edgar Navarro, Ava Gaítan Rocha (filha do Glauber e também ela diretora), Di Moretti, Jomard Muniz de Britto, Sung Sfai, etc., etc. Terei de editar mais de 16 horas de gravação… ai ai.

Enfim, esta semana terei mais tempo e assim que possível publicarei o segundo bate-papo e também um vídeo que gravei há quase cinco anos: Minha amiga extraterrestre, uma entrevista de outro mundo. Aguardem.

Em Busca de um Rei

Me conta aqui na Tailandia uma colega guatemalteca que nas eleicoes presidenciais de 2000 em seu pais, houve 90% de votos em branco. Assim, ficamos sabendo de onde Saramago tirou a inspiracao para seu genial “Ensaio sobre a Lucidez”. Na Guatemala, infelizmente, como no Brasil, o voto em branco nao e considerado valido, de modo que ganhou o candidato mais votado, ainda que a maioria dos eleitores nao quisesse a nenhum deles. Segundo ela, o resultado foi um dos governos mais corruptos de que ja se teve noticia na America Central.

No livro de Saramago, a grande maioria da populacao da capital do pais vota em branco nas eleicoes. Pego de surpresa, o governo convoca novas eleicoes e coloca o servico de inteligencia em busca dos cerebros desta conspiracao. Nao ha entretanto comandantes neste movimento espontaneo da populacao que, nas novas eleicoes, volta as urnas e, ainda em maior numero, torna a votar em branco.

Leia os clássicos

De vez em quando releio alguns clássicos da crítica literária brasileira. Coisa fina. É obrigação moral de qualquer escritor desencorajado tornar-se o melhor leitor que conseguir. Sem ressentimentos ou protestos às musas. Se não deu, não deu. Acostume-se, mas nunca abandone a Arte. Há escritores por aí sedentos por leitores acima da média, capazes de estabelecer um diálogo inteligente e honesto. Portanto leia os clássicos, meu amigo. Não sou o Jucelino, mas prevejo – com 10% de margem de erro – interpretações canhestras e desvios hermenêuticos graves no seu futuro, caso ignore o aviso. Eis uma palhinha do Alfredo Bosi em “Dialética da Colonização” para você sentir o drama (humm…):

As Luzes não se apagaram pelo fato de as terem refletido criticamente o pensamento hegeliano-marxista, a sociologia do conhecimento e uma certa fenomenologia avessa ao racionalismo clássico. E, se me for permitida uma comparação como o que aconteceu com o idealismo neoplatônico no seu encontro com o cristianismo, diria que, assim como o Logos precisou “fazer-se carne” e “habitar entre nós” para manifestar-se de modo pleno aos homens, também a razão contemporânea saiu à procura da encarnação e da socialização no desejo de superar o já velho projeto ilustrado, salvando-o do risco de involuir para aquela “filosofia estática da Razão”, de que se queixava o insuspeito Mannheim, ou de pôr-se irresponsavelmente a serviço do capitalismo e da máquina burocrática. A inteligência dos povos ex-coloniais tem motivos de sobra e experiência acumulada para desconfiar de uma linguagem ostensivamente neo-ilustrada que se reproduz complacente em meio às mazelas e aos escombros deixados por uma pseudomodernidade racional sem outro horizonte além dos próprios lucros.

Depois volto com um pouco de José Guilherme Merquior.

Alfinetadas Budistas II

“Merit making calculated to impress is not real merit.”

“O merito que se logra buscando impressionar, nao e merito de verdade.”

(Maxima budista em templo de Chiang Mai, Tailandia)

On Chavez, from Thailand

Esta fara os amigos que se descabelam contra Hugo Chavez delirarem. Neste seminario em que estou aqui na Tailandia, ha um camarada venezuelano, muito boa praca por sinal. Evidentemente, depois de algum protocolo, lancei-lhe a inevitavel pergunta: “Y que me dices de Chavez?”. Ao que ele respondeu: “Y que me dices de Lula?”.

Ele nao e chavista, mas ressaltou que, um pouco como no nosso caso, a oposicao venezuelana e tambem uma lastima, o que o levou a fechar sua explicacao com a afirmacao (que ja ouvi parecida em algum lugar) de que a melhor saida para a Venezuela “es el Aeropuerto de Caracas”.

Contou que teve um problema serio com uma ex-namorada, que era chavista e que, por acaso, acabou se tornando a fotografa oficial da presidencia. Ela lhe manda frequentemente fotos do grande timoneiro bolivariano beijando criancinhas ou segurando livros de Noam Chomsky, pois se sente no dever de converte-lo a religiao chavista.

Lei Marcial

A Tailândia é realmente um país engraçado. Difícil para nós ocidentais, com nossa visão cartesiana, onde tudo é preto ou branco, compreendermos o que se passa.

Como se sabe, em 13 de setembro, o país sofreu seu décimo golpe militar exitoso desde 1930 (em 20 tentativas), mas apenas o segundo contra um governo democraticamente eleito. Foi deposto o Primeiro Ministro Takhsin Sinawatra, uma espécie de Silvio Berlusconi do Sudeste asiático, um populista magnata das comunicações, chefe de um governo reconhecidamente ultra-corrupto, eleito no vazio pós-crise econômica de 1997.

Por isso, vive-se aqui há um mês sob Lei Marcial, isto é, todas as garantias constitucionais estão suspensas e a polícia e os militares podem fazer o que bem entenderem. Só que tudo está absolutamente normal. Não se vê polícia nas ruas e o maior jornal de língua inglesa daqui, o “The Nation”, amanheceu hoje descendo a lenha em vários equívocos dos militares, inclusive no fato da Lei Marcial ainda não ter sido suspensa. Tudo como se nada tivesse acontecido. Pelo que se depreende, na verdade, todo o mundo já estava de saco cheio mesmo do cara e apoiou o golpe.

Dê uma olhada aqui, para ver as fotos que estou postando desta viagem no Multiply. Espero manter o álbum atualizado.

Alfinetadas Budistas I

“The skilled man does not show off, but the man without knowledge usually shows off.”

“O homem habilidoso não aparece, mas o homem sem conhecimento geralmente aparece.”

(Máxima Budista de templo em Chiang Mai, Tailândia)

Longe e Perto

51 horas depois, cheguei a Chiang Mai, cidade no norte da Tailândia (os colegas farão a fineza de acentuar meus textos depois). Saí de casa na segunda-feira última às 8:00h. Aportei aqui às 20:40h de ontem, quarta-feira, 10:40h aí no Brasil.

A viagem foi muito mais cansativa e longa que as muitas horas de van e monomotor no Xingu, mas, por incrível que pareça, viajei 30 mil km, estou do outro lado do globo, mas muito mais perto de casa que no interior do Mato Grosso.

Ei, Rosa! Estou até perto de você, não? Você até passou por aqui em seu caminho também de excessivas horas quando partiu para a Terra Média, não foi? Pena que não vai ser dessa vez que vou aí conhecer Frodo…

Estou mais perto de casa aqui que no interior do Mato Grosso. Estou até vendo se habilito meu celular. Em 32 dias no Xingu, me senti realmente distante. Aqui, nem tanto.

Em resumo, a Tailândia é o máximo. Tipo Ouro Preto, só que, ao invés de igrejas, santos tristes e mães dolorosas, templos, stupas e budas plácidos e sorridentes em cada esquina.

Mais, em breve.

Lula lá?

Da Folha de S. Paulo:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou de 7 para 11 pontos a vantagem sobre Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno da eleição presidencial, revela a primeira pesquisa Datafolha após o primeiro debate entre eles na TV, realizado no último domingo. Lula oscilou de 50% para 51% das intenções de voto. Alckmin caiu de 43% para 40%.

Um bate-papo com Olavo de Carvalho (podcast)

Conforme prometi, eis meu primeiro podcast gravado em conjunto com o jornalista, escritor e filósofo Olavo de Carvalho. Vale lembrar que certos trechos mais apimentados e recheados com “insultos não fundamentados em fatos” foram excluídos, a pedido dele, em respeito ao ouvinte. Até o final da semana, publicarei outro bate-papo gravado logo após o debate entre Lula e Alckmin. Ah, vale lembrar: este arquivo tem uma duração aproximada de 46 minutos. (O arquivo também pode ser baixado através deste site.)

    [audio:http://www.archive.org/download/Bate_papo_com_Olavo_de_Carvalho/Olavo_09-10-06_64kb.mp3]

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