Nestes tempos de alta tecnologia de imagem, o bebê virou mesmo um “pop star”.

Se você não tem filho, pergunte a um amigo que tenha quantas fotos do pimpolho ele tem. Garanto que estará na casa dos milhares. E certamente elas estão em blogs, sites, Orkut… É muita facilidade.

Ainda no ventre da mãe, o bebê é “espionado” por exames como ultrassom e doppler (por favor, alguém me corrija se eu estiver errado: doppler é um aparelho baseado em ondas sonoras pelo qual podemos ouvir o coração do feto). Bem, sabemos que, na verdade, isso é uma questão de saúde, mas os pais acabam levando para casa algumas “lembrancinhas”.

Muitas vezes já recebi emails com imagens do ultrassom. Algumas até já indicam o sexo da criança.

(De uma amiga que morava na Filadélfia, recibe um ultrassom que ficou engraçado. Havia uma seta indicativa e a explicação: “Boy’s part”.)

Hoje, existem fotógrafos especializados em grávidas. Fazem fotos lindas, superprofissionais, em studio, com todo aquele aparato: luzes, maquiagem, retouching (tá na moda dizer “retouching” em vez de tratamento no Photoshop). Depois do nascimento, fotografam os pais com o bebê também. Aposto que dá até fazer um pacote: da barriga ao primeiro ano —acho só que ficaria mal incluir a concepção…

Logo depois do nascimento, você pode ver aquele ser com cara de joelho pelo site da maternidade. Tudo muito simples e seguro.

Dias desses, passei pelo Hospital São Luiz, na avenida Santo Amaro, em São Paulo, e reparei numa pequena concentação à porta da maternidade. Havia uma equipe registrando a saída do bebê do hospital. Ou melhor, a ida para casa com a família. Avós, pais, tios, sorrisos para todos os lados, e, claro, o pimpolho babão.

(Descobri depois que, na verdade, a maternidade tem uma equipe terceirizada que realiza um filme sobre o bebê, com fatos, digamos, marcantes: nascimento, primeiro banho, contato com a mãe, a ida pra casa, etc.)

Além do mais, os pais, naturalmente, têm uma câmera digital de zilhões de megapixels, sem falar no celular com câmera, e lotam o computador deles com fotos do figurinha —mas quase nunca fazem back-up!! Como já disse: é muita facilidade.

O problema nem é que boa parte —pra não dizer a maioria— está tremida e fora de foco, claro. Mas que você vai acabar convocado a ver tudo isso e, logo, logo, vai fazer tudo isso, do souvernir-doppler ao blog de fotos, com o seu próprio cara-de-joelho. E vai a-do-rar.