blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: j. toledo

Mani-manus: criare or not criare

“Pensando bem, barulho à sós ainda é pior que baralho à quatro”
(Lavra pessoal)

Difícil explicar tantos mistérios sobre a criação. Para uns, ela nada mais é que uma diarréia emotiva que se manifesta em meros jatos de verbo, perplexidez e, às vezes, um pouco de tinta. Já, para outros, mais ortodoxos, não. Trata-se do viscoso processo cerebralista em que, possuído, o artista se dilui a olhos vistos, deixando-se simplesmente escorrer pelos ralos da mídia escolhida. Contudo, para mim, isso tudo é indiferente, ou seja, reles bobagens. Embora não perguntado a respeito, vejo essa coisa com tanta naturalidade que me seria difícil defini-la, a não ser — lógico — arreganhando as portas da mente e — sem um querer desastrado qualquer — deixar que as baratas entrem.

Assim, bico de siri sobre tal tabu. Ainda que pressionado a me explicar, silêncio mortal e total acerca do niente criativo e tais picuinhas que não interessariam a ninguém, a não ser aos voyeurs do espírito, para os quais sempre existe um SUS recorrente, ainda que, às vezes, meio suspeito.

Portanto, nada melhor que me afastar dessas pseudo e inúteis catarses, arregaçar as mangas e macular a tela com algo que — sinto —, já me vem vindo aqui, aos borbotões…

Um observador de farândolas

    “Embora vista como desgraçada insossa, a estupidez ainda grassa na paisagem”
    (lavra pessoal)

Impressionante! Embora habite um tronco oco no meio da floresta, nunca deixo de receber notícias frescas do que se passa no Orbe. Incrível! E, claro, isso tudo me leva a fazer a única coisa que os médicos ainda não proibiram, isto é: raciocinar. E como não fazê-lo vendo coisas tão exóticas existindo ao redor, hein?

Sucessivamente vejo coisas assim acontecer: em Lisboa, um gêmeo português tenta o suicídio e acaba matando o irmão por engano. Do outro lado do mundo, uma família inteira de — supostos idiotas — turcos anda de quatro o tempo todo enquanto que aqui, uma deputada erecta — e confirmadamente idiota — metida a saltatriz maluca, dança, comemorando a impunidade que rola solta.

Está aí o motivo para grandes lucubrações. No mesmo instante que pretendo iniciá-las, uma amiga cancela seu sagrado uisquezinho vespertino porque iria doar sangue no dia seguinte. Meu Deus! Todos enlouqueceram, menos o pequeno Toledo, é claro, que agora inicia o deambulatório filosófico das quintas lembrando-lhes que, bem antes dos ufanismos do astronauta brasileiro subir ao espaço, eu já estava com o saco na Lua.

Tangíveis episódios entre Sodoma & Gangorra

    “A diferença entre calhistas e calhordas é que as primeiras estão meio fora de moda”
    (Lavra pessoal)

Difícil coexistir num mundo tão repleto de mediocridades exacerbadas, não? Pensando nisso e temendo ver meu trabalho adernar nas mãos de uma plêiade parasitária que se arroga ao fazer contemporâneo, ameaço-lhes com digressões e hidrofobias inócuas.

Portanto, o dia em que chamarem minha obra de “produto”, fecharei o estabelecimento e me mudarei para as ilhas Fiji. Sim, colaborarei com o Nada da História oferecendo-lhes o que sempre me pediram de mãos juntas e pé nas costas, ou seja: Rien…

E entre o vazio daqui e a pujante Suva daquele arquipélago, acreditem, nem hesitarei, apanharei meus livros, uísques e toneladas de charutos e lá me refugiarei, prometendo — é claro — me corresponder com o gentil leitor através de histórias meramente transmissíveis via Internet, assim como desejou fazer o teólogo erudito Raymond Lulli e só não o fez pelo simples ocaso tecnológico imposto-lhe por sua própria e lapidar história de vida que, aliás, levou-o à morte por lapidação.

Pensando bem, o sol é para toldos

    “A única diferença entre marafonas e políticos é que aquelas usam o que lhes pertence”
    (Lavra pessoal)

Apesar de não negociar coisa alguma neste tradicional espaço e vendo a barbárie ocorrida há pouco nas terras de Aracruz, lembro-me: quando Catarina — a Grande — subiu ao trono e finalmente substituiu os boiardos pelos boiolas, comentou-se na corte que era mais uma arrivista a espoliar a mãe Rússia. Portanto, com Pedro “morto”, restava agora examinar quem estava vivo e depois optar entre ser, respirar e decidir-se pelos melhores preços da temporada, com ou sem a intervenção marketeira e mercantilista de Grigori Potenkin, o chanceler caolho que iludia a imperatriz, narrando-lhe besteiras e enganando-a com promessas cenográficas enquanto camponeses famintos se dispunham a incendiar Moscou.

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