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Categoria: Arte Page 20 of 112

Salles, no NYT

Notes for a Theory of the Road Movie

By WALTER SALLES
Published: November 11, 2007

What is the origin of road movies? A year ago, I interviewed Wim Wenders on this topic for a documentary about “On the Road,” Jack Kerouac and the legacy of the Beat generation.

(Texto original)

As mulheres em “Tropa de Elite”

As atrizes Maria Ribeiro e Fernanda Machado falam sobre suas personagens no filme do José Padilha.

Grafite — 11

grafite11.jpg

Espelho quebrado

Esta música faz parte da trilha sonora do nosso curta-metragem ESPELHO. Chama-se “Espelho quebrado – 7 anos de Hammond” e foi composta por Emanuel Mastrella e Victor Pimenta originalmente para o filme.

[audio:http://www.archive.org/download/Podcasts_Karaloka/Espelho_quebrado_7Anos_de_Hammond.mp3]

Apenas fotos proibidas

Do Resfest:

Dos arquivos específicos de fotos, este é o mais interessante que encontrei nos últimos tempos. Reúne apenas fotos de lugares em que é proibido fotografar.

Há monumentos, templos, galerias de arte e prédios de governo, todos os lugares imagináveis em que um segurança ia chegar junto de você se te visse com uma câmera, tudo organizado por categorias.

Os caras ainda vão longe e anunciam o site como uma espécie de frente de batalha pela liberdade, defendendo que cada foto ali é uma pequena obra de arte visual.

Não Por Acaso

nao-por-acaso.jpgÉ um filme bonito. O acaso combinou muito bem com os dois protagonistas, muito racionais. Ambos almejam o controle de suas vidas.

As duas histórias que derivam de um acidente de trânsito — o engenheiro de trânsito que reencontra a filha, agora adolescente, e jogador de sinuca que busca reviver em outra mulher a namorada — são tocantes. Os atores são ótimos, especialmente Leonardo Medeiros.

O filme mostra uma São Paulo nem feia nem bonita, bem diferente da que normalmente aparece no cinema, aquela dos cartões-postais e da violência da periferia. E tem uma trilha sonora bacana, mesmo que basicamente incidental.

No 3º FestCine e no Pará

Nosso curta-metragem ESPELHO será exibido no próximo Sábado, dia 10 de Novembro, às 19h30, no Cine Goiânia Ouro, durante o 3º FestCine Goiânia. (Veja aqui o convite para a bertura do FestCine, nesta quarta-feira.)

Estamos também aguardando o resultado da seleção de outros festivais que aceitam videos digitais. Por enquanto, fomos convidados a participar da Mostra do Labirinto Cinema Clube, em Parauapebas – PA. Lá, nosso curta será exibido na sexta-feira, dia 16 de Novembro, no espaço do Centro de Desenvolvimento Cultural de Parauapebas. Veja aqui e aqui o folder com a programação que, para minha surpresa, inclui meu nome nos agradecimentos. (Eu é que agradeço, Ivan!)

Caso alguém queira ver algumas fotos do nosso making of

Grafite — 10

grafite10.jpg

Le mot juste

Talvez eu já tenha comentado isso neste blog: durante muitos anos tive ansiedades mil com o tal “mot juste” – a palavra exata – e a conseqüente paranóia de estar sendo demasiado prolixo. Tudo aumentava quando, ao revisar um texto, eu me apercebia de que, em vez de cortar, eu acabava era acrescentando mais palavras e frases, o que apenas intensificava minha culpa estética e a sensação de estar fazendo tudo errado. No entanto, nesses últimos dois anos, enquanto reviso e reinicio loucamente um livro do qual nada ouso comentar, me dei conta do seguinte: ainda na adolescência introjetei tão fortemente esse princípio do Flaubert que, em algum momento que não sei precisar qual foi, passei a escrever apenas esqueletos sem carne. Ou seja, o tal princípio do “mot juste” passou a atuar a priori: meu texto já nasce cortado. Logo, ao iniciar uma revisão, sempre noto que mais falta ajuntar que retirar palavras. Muitas vezes fico chocado com a excessiva concisão que, se mantida, certamente deixaria o leitor perdido. E, por isso, aos poucos vou adicionando a carne, os nervos e a pele. Hoje, sinto-me mais tranqüilo ao ter essa consciência. E todo o problema agora se resume a não deixar o texto gordo demais, a não lhe dar muito de mamar, porque magro ele já nasceu.

Sou um escritor brasileiro com filhos desnutridos. Por enquanto, a maioria tem morrido durante o parto, o que me dá muita pena. Um dia, terei uma família.

Um Deus sem nome

Em frente à universidade havia uma pracinha com playground, e Cátia me perguntou se podia levar o Flavinho. Enquanto eu estivesse no debate, ela brincaria com ele na pracinha, depois poderíamos passar no shopping e comer uma pitsa. Imediatamente concluí duas coisas: ela não queria cozinhar naquela noite, e não queria assistir ao debate. A primeira não me incomodava muito, porque uma pitsa seria de fato melhor que a comida requentada de Cátia. Mas a segunda, confesso que me perturbava um pouco. Era um dos debates mais importantes da minha vida, e ela simplesmente não queria estar presente. Se quisesse, poderia deixar Flavinho com uma amiga, ou até com mamãe, que não gosta de perder a novela, porém não chega ao ponto de nos negar um favor desses. Mas ela não estava nem aí. Tenho certeza que ela achava que passar a tarde num playground, com uma criança de seis anos, era mais importante que assistir à minha exposição sobre qual era a religião verdadeira, a única que poderia nos abrir as portas do céu e salvar nossas almas do inferno. Já havia algum tempo que eu estava percebendo que Cátia não ligava para teologia. Para ela, muito mais importante que discutir a natureza das religiões era ter tempo para ficar com Flavinho e dinheiro para comer fora. Isso me decepcionava brutalmente, porque para mim não podia haver coisa mais importante que descobrir qual religião levaria realmente à salvação da alma, e não a uma aparência de salvação que terminasse por nos deixar na mão de satanás. Mas Cátia parecia pensar que a teologia e a filosofia eram simplesmente uma diversão requintada para homens que não sabiam dançar. Essa conclusão ia me decepcionando à medida em que ficava mais nítida; e eu ia procurando mais e mais debates e conferências nos quais as pessoas pelo menos parecessem valorizar meu trabalho.

Mas não havia por que contrariá-la, e concordei com a história de pracinha e pitsa. Segui cabisbaixo para o auditório, na esperança de que pelo menos ali eu encontrasse alguém mais interessado no que eu tinha a dizer. Às vezes eu lamentava o fato de Jesus não ter se casado, e não ter nos legado instrução nenhuma sobre como lidar com as mulheres. Nessas horas me ocorria uma enorme vontade de dar uma olhada no Corão e ver o que Maomé dizia sobre elas — afinal, ele tivera quatro. Mas eu imediatamente afastava essa curiosidade, interpretando-a como tentação infernal.

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