blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Duas gotas de vingança

Minha boca tem agora um gosto metálico, por isso temo que ela rejeite meu beijo. Estamos deitados no tapete, ouvindo a música que ela não quer cantar. A nudez é um detalhe que não chega a cobrir a formalidade dos nossos gestos. Sexo assim é melhor não fazer, eu sei. Mas achei que se a penetrasse romperia a barreira de silêncio que ela ergueu para se proteger. Estúpido engano. Tudo que consegui foi afastá-la ainda mais, para dentro de um limite menor e mais duro. Quando a música termina, eu me levanto para desligar o aparelho. Só então percebo a tristeza machucada dos seus olhos. É uma menina, apesar dos braços grossos. Eu peço novamente que cante. Talvez ela possa me perdoar, agora que acabo de descobrir sua infância insuspeitada. Ela abre a boca. Penso que finalmente ouvirei sua voz, segundos antes de levar a mordida. Meu sangue escorre pelas pernas. Vejo sua vingança consumada no tapete onde a possuí. Entrego-me aos seus braços, sem a menor esperança. A visão me falta, percebo que vou desmaiar, mas agora que sou um menino machucado, agora que ela também conhece minha infância, seu perdão me cobre como um sudário. Na escuridão do nosso encontro, finalmente ouço sua voz: ela canta para se despedir.

Brincando com fogo

Imagine a cena: um sedutor Mestre de Cerimônia de ar andrógino e cabotino sobe no palco duma região distante e – protegido por anjos do inferno que se põem à sua volta – berra à assistência formada por milhares e milhares de pessoas, algumas pra lá de Bagdá, outras pra lá de Psychedelic Land, algumas nuas de corpo, outras de cérebro, berra a toda essa gente que ele, o beiçudo e sexy Mestre de Cerimônicas, morre de simpatias pelo demônio. Qual o resultado? Ora, um sacrifício humano, é óbvio, providenciado por um dos anjos do inferno que ocultava uma oportuna adaga em seu casaco de couro. Toda a cena é real. E o pior: foi devidamente registrada no documentário Gimme Shelter, de 1970.

Uma crônica da Hilda Hilst

Tenho até hoje, em meu HD, diversos arquivos com os livros de poesia, crônicas e teatro da Hilda Hilst, afinal, fiz as vezes de secretário dela por dois anos lá na Casa do Sol. Se nunca falo sobre eles é porque há os tais direitos autorais, cujo herdeiro, Daniel Mora Fuentes, é filho dum amigo. (Em geral, eu respeito direitos autorais.) Aliás, tenho alguns livros do Bruno Tolentino também, cujos originais eu mesmo enviei ao editor dele, via email, lá da Casa do Sol. Infelizmente o Bruno é o cara mais escorregadio que eu já conheci – nunca fica muito tempo no mesmo lugar – e, por isso, não voltei a encontrá-lo para solicitar autorização de divulgar o que quer que seja. (Na verdade, eu queria mesmo é participar, com ele, de mais um preparo de feijoada, daqueles em que, enquanto cortávamos a couve, falávamos de C.S.Lewis e T.S.Eliot. Mas isso é outra história…)

Bom, encontrei a crônica abaixo – Bizarra, não?, da Hilda – num desses arquivos. Fala da relação da escritora com seus leitores e amigos. Salvo engano, faz parte do segundo volume da coletânea de crônicas Cascos e Carícias, originalmente publicadas no Correio Popular de Campinas-SP.

Pornografia para intelectuais

Sentiu a sutileza???

Minha contribuição

Vamos participar meninas

Ameaça às articulistas — 4

Opa, não posso ficar fora desta campanha. Por favor, meninas, participem! Minha contribuição, inspirada no post número 2 (quem assistiu ao filme entenderá):

Ameaça às Articulistas – 3


Mais uma adesão. C’mon, girls! (Chamemos a esta imagem “Leitora Boazinha escapa e foge do escritor mauzão”). Para quem não conhece, trata-se da maravilhosa Druuna, personagem do desenhista italiano Paolo Serpieri – ficção-científica erótica. Uma excelente mistura. Suas histórias foram publicadas de forma incompleta no Brasil em edições especiais da revista Heavy Metal.

Acredite, senão…!

Abdullah AzisDeixa só essa turma “anti-caricatura do Maomé” encontrar essa HQ do cartunista Abdullah Azis: “Mohammed’s Believe It or Else!” O título é um trocadilho com aquele programa (primeiro de rádio, depois de TV) “Ripley’s Believe It or Not!“, traduzido por aqui como Acredite se quiser. Uma tradução razoável seria: “O ‘Acredite, senão…!’ do Maomé”

O Faithfreedom é um site que já citei algumas vezes. Trata-se de um site de ex-islâmicos que gostam do islamismo mil vezes menos do que qualquer judeu.

Na ilustração acima:

Um anjo não pode entrar numa casa se um cachorro estiver lá. A venda de gatos está proibida. Eles não podem ser animais de estimação.

“Mate todos os cães e gatos!”

Ameaça às articulistas

Este blog possui quatro mulheres colaboradoras há mais de um mês: a Jamila Gontijo, a Benedita Pimenta, a Rosa Maria Lima e a Cássia Queiroz. Até agora apenas as duas primeiras publicaram um post cada. Liberem esses textos aí, muiezada! Você me enrolam e depois ainda sou obrigado a ficar lendo emails me acusando de presidente do clube do bolinha

É por essas e outras que eu, o eDitador, proclamo: enquanto vocês não se tornarem colaboradoras assíduas irei publicar imagens de mulheres objeto.

Eis a primeira, do ilustrador espanhol Luis Royo:

Não sei por que, mas chamo essa imagem de “O escritor mauzão e sua leitora boazinha“…

A tragédia do estudante…

Do artigo A tragédia do estudante sério no Brasil, do Olavo:

A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela.

Para quem optar por tornar-se um autodidata…

O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões, e então, só então, ler Marx, Nietzsche, Foucault. Se depois desse regime você ainda se impressionar com esses três, é porque é burro mesmo e eu nada posso fazer por você.

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