Eu estava ensaiando escrever algo que havia mencionado em outro post, sobre a preocupação de ver o país cada vez mais dividido, receita para o desastre, mas aí me deparei com este ensaio do Robeto Pompeu Toledo na Veja, que evidentemtente coloca esta questão de uma maneira muito mais lúcida e clara do que eu seria capaz, de modo que reproduzo abaixo um pequeno trecho seu.
Eu sei que é duro aguentar o petismo e a pobreza de espírito da esquerda, mas os que se colocam do outro lado precisam ter mais serenidade e grandeza de espírito para não cairem na armadilha do divisionismo. O ódio se inflou a tal ponto que os do outro lado já não são mais que o reflexo da esquerda raivosa do lado de lá – todos sedentos de sangue. A mesma postura com o sinal ideológico trocado. Todos quase prontos a lançar o Estado de Direito às favas, desde que sejamos nós quem mande.
Eu acho que a responsabilidade do petismo por este estado de coisas é maior. Foram eles que começaram. Mas os outros, do lado de cá, não podem responder caindo nessa armadilha.
“Devagar com o andor. Assim como se impõe desarmar a árvore, depois do Natal, impõe-se desarmar os espíritos, cumprido este outro marco do calendário que são as eleições. A divisão é uma praga que leva as nações à perdição. Fidel Castro não se recuperou, quase cinqüenta anos passados, do erro de ter dividido o país. Contra ele e seu regime, aguardando a melhor oportunidade, velam inimigos sedentos de vingança. Hugo Chávez foi pela mesma trilha envenenada. Que neste período pós-eleitoral não se venha com a conversa do impeachment ou do ‘fora’ este ou aquele. Não há país que resista a um impeachment a cada temporada. Também não há vantagem, só mais uma manobra de quem cultiva o esporte do tiro no próprio pé, em destronar um presidente para criar a figura ainda mais poderosa do mártir.