A última telenovela a que assisti integralmente – acompanhado pela noveleira de carteirinha, Hilda Hilst – foi “Andando nas Nuvens” (1999), do Euclydes Marinho, com o excelente Marco Nanini e a já gatíssima Mariana Ximenes. A Hilda adorava novelas e, nos dois anos em que morei com ela, esta foi a única a que assistimos quase sem reclamar. Sim, porque, tal qual já escrevi uma vez, novela é como futebol: quem gosta assiste mesmo quando está ruim, sem deixar de torcer pela melhora do time, digo, do enredo. (Na verdade, nessa novela em especial, a única coisa que irritava a Hilda eram meus suspiros cada vez que a Mariana Ximenes entrava em cena. Dizia ela: “Ah, não, Yuri, você agora é pedófilo?” E não adiantava argumentar que eu tinha uma grande tendência a ser um padre tarado e que a linda freirinha já devia ter, à época, mais de 18…) Pois é, depois de “Andando nas Nuvens”, eu, que não sou noveleiro, assisti apenas a alguns capítulos de “Laços de Família“, já que, de certa forma, acabei contribuindo com a produção. Manoel Carlos, o autor, quis homenagear a Hilda e, por isso, colocou o personagem de Tony Ramos, um editor, como amigo pessoal da Poeta Hilda Hilst, o qual inclusive mantinha, num porta-retrato, uma foto da “amiga”. Eis portanto minha pequeníssima participação: o Zé Mora Fuentes e eu escolhemos a tal foto que então escaneei e enviei para a Globo. Foi surreal assistir, acompanhado da Hilda, à cena em que Tony Ramos “finge” conversar com ela ao telefone e, em seguida, toma nas mãos o porta-retrato, dizendo algo do tipo “ah, Hilda, que saudade!”
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