Do Júlio Lemos:
Muitas pessoas dizem que a doutrina da Igreja deveria mudar, porque “os tempos mudaram”. Esta proposição implica que antes havia uma concordância entre “os tempos” e a doutrina da Igreja, ou ainda que “os tempos” são a causa da doutrina da Igreja, e não a Revelação. Mais do que desejar que a Igreja se adeque ao mundo, os proponentes dos “tempos” desejam que a Igreja abdique de qualquer fundamento sobrenatural, desde o qual os tempos possam ser julgados.
Mas também negam, por tabela, que exista qualquer verdade natural e perene, e é aí que está a sua autocontradição: afinal, por que deveríamos tomar a mudança dos “tempos” como critério fixo e acima dos tempos? É a velha e primária discussão: quem diz que não há verdade não pode dizê-lo sem crer estar enunciado uma verdade; quem estabelece o tempo não pode ser critério para o tempo porque uma coisa só pode ser medida por outra coisa. Posso medir minha mesa em centímetros; se eu medisse a minha mesa por ela mesma, eu nada diria a respeito da minha mesa. Portanto há sempre um absoluto contra vários relativos, um fixo em relação a vários móveis, algo que fica e que por isso mesmo nos faz ver que há algo que passa.
Daniel
Grande Ronaldo, eu achei o texto meio equivocado. Vamos lá: em primeiro lugar quando se diz que a Igreja deve se adaptar aos tempos está-se dizendo apenas que ela deve rever algumas posições não pontuadas pela revelação (questão, em si mesma, bastante espinhosa), como a questão dos judeus ou de Galileu, e isto envolve uma monstruosa discussão hermenêutica. Em segundo lugar, a existência de uma verdade absoluta não implica que esta verdade seja sobrenatural ou metafísica, embora seja mais fácil. É mais fácil acreditar numa verdade racional (a soma dos lados de um triângulo é 180°) abstrata como universal e absoluta do que alçar à condição de absoluta a idéia banal de que os objetos, quando lançados para o alto na Terra, caem a uma certa velocidade constante. Nem toda essa discussão gira à volta do ceticismo.
Ronaldo Brito Roque
Oi, Daniel.
O que é essa tal questão de Galileu e dos judeus? Não estou sabendo a respeito.
Não acho que os objetos caiam à mesma velocidade. Joguei uma pluma e uma bola de boliche para o alto, e a bola de boliche caiu mais rápido. Meus olhos estão me enganando?
Abraço,
Rbr