Do Festival de Cinema do Rio:
Esboços por Frank Gehry — Documentário
Titulo Original: Sketches of Frank Gehry
Tenho certeza de que mais da metade da platéia era de arquitetos. Eu mesmo só ouvi falar de Frank Gehry porque fiz alguns anos da faculdade de arquitetura, antes de passar para letras. Mas o documentário também é interessante para não arquitetos, porque aborda um problema tocante a todos que trabalham ou desejam trabalhar com arte: como sobreviver fazendo uma obra que não corresponde aos anseios do mercado? É claro que Gehry não dá a receita, mas sua vida serve de exemplo. Ele era um arquiteto careta, fazia simplesmente o que o mercado pedia, até que resolveu seguir sua intuição e ser ele mesmo. Daí para frente todo mundo começou a pagar para que ele fosse exatamente ele mesmo; e veio a conseqüência fatal: ele se tornou o arquiteto milionário e famoso que é hoje.
Mas o que eu achei mais interessante é um detalhe que talvez nem tenha interessado aos muitos arquitetos da platéia. Gehry só se tornou Gehry depois que se divorciou. Parece que o freio para a sua ousadia não vinha propriamente das exigências do mercado, mas da caretice da sua mulher. Depois de uma consulta com um analista — que mais tarde se tornaria famoso exatamente por causa disso — Gehry largou a mulher e três filhos, e foi fazer a arquitetura que realmente queria fazer. O mundo ganhou prédios lindos, e Gehry, além de ganhar o privilégio de ser exatamente quem ele queria ser, mais tarde veio a ganhar também um novo amor — esse certamente muito mais verdadeiro que o anterior.
Esse lance do divórcio foi o que mais me impressionou. Eu me lembrei de inúmeros amigos que vivem uma situação parecida. Homens inteligentes e talentosos que consentem em ser funcionários públicos ou profissionais medíocres para satisfazerem ao desejo doentio de estabilidade de suas esposas. Elas temem que uma carreira nova, mais condizente com o talento e a personalidade do marido, possa desestabilizar o orçamento e jogar o casal na zona norte. Temem ser privadas de TV a cabo, roupas caras, escola particular para os filhos e outras bobagens que não têm o menor sentido quando um sujeito sacrifica seus sonhos mais íntimos para mantê-las. Eu tenho certeza que a mulher de Gehry ficava falando que, se ele ousasse demais, perderia os clientes, e o casal ficaria sem dinheiro para pagar a escola dos filhos. Isso não apareceu no documentário, mas eu tenho certeza! Já entendo o bastante de mulheres para saber o quanto elas cedem fácil à mesquinharia e ao medo do futuro.
Se você é casado com uma mulher dessas, o filme vai levá-lo a se perguntar até que ponto vale a pena sacrificar os seus sonhos para garantir o sustento de uma esposa mesquinha e interesseira. Gehry deu uma boa resposta a essa pergunta. Se eu estivesse no lugar dele, acho que faria a mesma coisa. Não deve ser nem um pouco agradável viver com uma mulher que me ame apenas pela minha conta bancária.
ana
Nossa como vc é revoltado com as mulheres. Acho q deve ter tido uma bem parecida com a ex do Gehry. Penso q nesse mundo existe de tudo, até homens parecidos com a ex do Gehry que sugam algumas coitadinhas. Já tive um. E não fiquei desse jeito. O mehor a fazer é saber escolher bem quem vai estar em nossa companhia. O amor é necessário. Na vida tem q haver um equilibrio. Alguma coisa de bom tinha naquela mulher cruel, mesquinha e intereseira pra ele ter casado. Como eu digo. Tudo tem um prazo de validade.
Pedro Henrique
o amor tem prazo de validade?