blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: outubro 2006 Page 3 of 9

A morte morreu

Como não tenho palavras para descrever tamanha profundidade nos ensinamentos do Quiroga, limito-me a reproduzir a introdução de sua coluna de hoje no Estadão.

Morte e imortalidade

Quiroga, astro@o-quiroga.com

Data estelar: Sol, Vênus, Mercúrio, Marte e Júpiter transitam pelo signo de Escorpião. Lua cresce em Sagitário.

Enquanto isso, aqui na nave Terra o que de melhor se pode destilar desse veneno que nossa humanidade dissemina através de pensamentos e ações é a oportunidade de libertar-se do puxão para abaixo que os instintos animais provocam nela. Nessa experiência do vale profundo e sombrio ela se farta das ilusões que resultam em sofrimentos e horrores pois, ao tocar no fundo do poço, ela encontre impulso para atingir a iluminação. Tudo está preparado para isso, o que torna o momento extremamente auspicioso, a despeito das aparência. Entretanto, nada pode ser forçado, tudo precisa ser decidido livremente no âmbito íntimo do coração, pois dessa forma a porta por onde o Mal ingressa neste planeta será definitivamente selada e, matando a morte, nossa humanidade ingressará na imortalidade.

Pensando bem, não resisto a um comentário: te cuida, Zé Simão, pois a concorrência está brava!

Cum mi-am petrecut sfarsitul lumii

getimg.jpgHoje [ontem, ok? ainda não dormi…], aproveitei o feriado em homenagem ao aniversário do Yuri e, bem no meio da tarde, assisti a um filme da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Escolhi um que, muito provavelmente, não poderia ver nem no circuito nem em DVD — afinal, a Mostra é para isso, não?, para ver filmes impossíveis de ver. É claro que a escolha é um chute. A minha foi o romeno Como Eu Festejei o Fim do Mundo. É a indicação da Romênia para ser candidato ao Oscar.

É bom filme, talvez mais para o regular, por ser um pouco convencional demais. O bacana foi poder ter contato com uma cultura distante e recente, no caso a da Romênia de 1989, que seria o último ano de uma longa ditadura.

A história é sobre uma adolescente (a atriz parece a brasileira Maria Flor), que começa a sentir algo errado no ar do país, e seu irmão pequeno e bem engraçado, de uns 6 ou 7 anos. Ela se chama Eva. Ele, Lalalilu.

A batalha pelo futuro I

Lula será reeleito. Dito assim parece até um vaticínio do Jucelino – farei um post sobre essa tara do pessoal por metafísica barata um dia, podem esperar! -, mas é o que indicam as pesquisas neste final de campanha. Até o obstinado Reinaldo Azevedo já derrubou o rei. Segundo os mais alarmados, viveremos dias sombrios nos próximos anos, cercados pelo mal e governados por uma quadrilha de imorais. Dá quase para se ouvir: “a única saída é o aeroporto”. Quer saber? Morro de preguiça desse tom apocalíptico.

André Abujamra fala do incentivo à cultura

Em entrevista a mim, para a Cora Filmes e o Icuman – durante o Sexto Goiânia Mostra Curtas -, André Abujamra, após falar da importância da trajetória do artista, dá o seu recado aos eternos dependentes do apoio estatal. Mais tarde coloco o vídeo no You Tube.

    [audio:http://www.archive.org/download/Andre_Abujamra_incentivo_cultura/abujamra.mp3]

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André Abujamra é músico, ator, produtor e diretor de cinema. Formou a dupla Os Mulheres Negras em 1985, tocou na banda Vexame e integrou a banda Karnak, que durou 10 anos. Dirigiu alguns vídeo clips, entre eles os de João Suplicy, Charles Brown Jr. e alguns do próprio Karnak. Foi ator e diretor do Grupo Boi Voador, tendo atuado nos filmes “Sábado” e “Boleiros”, de Hugo Giorgeti, “Quando dois corações se encontram”, de Torero e “Durval Discos”, de Ana Muylaert. Em televisão compôs trilhas e vinhetas para diversos programas como o “Provocações”, de Antônio Abujamra, “Telecurso 2000”, “Programa Multishow” e “Castelo Ratimbum”. Compôs mais de 50 trilhas para teatro e cinema, como para os filmes “De passagem”, “O Caminho das Nuvens”, “Bicho de 7 Cabeças”, “1,99”, “Cafundó”, “Carlota Joaquina”, “Carandiru”, “Domésticas” e “Durval Discos”. É produtor musical nos Estúdios Voz do Brasil e atualmente realiza um trabalho solo de música pop, intitulado “O Infinito de Pé”.

Olavo de Carvalho no You Tube

Para ajudar a divulgar o bate-papo com o filósofo Olavo de Carvalho, subi as duas gravações para o You Tube. Os links são os seguintes:

http://www.youtube.com/watch?v=ZOL81avfyxw
http://www.youtube.com/watch?v=e6zWUyzfCLA

E vc pode ouvi-las novamente logo abaixo (na imagem, Olavo está sentado na cara da estátua do Lênin):

E abaixo o segundo bate-papo:

Nóis sofre, mas nóis goza

A imprensa tradicional anda tão desprezada nessa era internética que vezenquando aparece uma revista ou um jornal se dando de graça para ex-assinantes, afinal, melhor tentar reconquistar o “freguês” do que virar papel reciclado. Primeiro foi a Isto É, agora é a Folha de São Paulo que retorna a esta casa. E eu, claro, salto as terríveis notícias sobre o grau de panaquice do brasileiro médio – que, segundo as pesquisas feitas na porta da Bolsa Família, pretende reeleger o Lula – e vou direto ao José Simão, que anda impagável…


Sábado 21/10

“Direto do país do pleito caído. (…) E o Lulalelé só repete: ‘o adversário só sabe vender; não sabe comprar’. Só o Lula sabe comprar: deputado, dossiê e avião! Rarará. E por que o Geraldo Picolé de Chuchu só repete: ‘Você, que está em casa! Você, que está em casa’. E quem está no motel? Tem tara pra tudo! ‘Meu bem, vamos assistir ao debate no motel?'”

“E a Madonna? A Madonna quer adotar um menino malauiano. Tá mais fácil adotar um goiano! E eu queria ser filho da Madonna. Primeiro pra chamar a Madonna de mamãe. E segundo que, se eu fosse filho da Madonna, ia mamar até os 15. Rarará!”

Um bate-papo com Olavo de Carvalho – II

Este podcast foi gravado logo após o debate entre Alckmin e Lula na Band. (Visite o site do Olavo.) Demorei a publicá-lo por pura falta de tempo, uma vez que passei quase duas semanas dirigindo o making of de um festival de cinema, o Goiânia Mostra Curtas. Peço que desculpem minha mudez ainda maior neste segundo bate-papo, afinal, além de achar muito melhor ouvir o que o Olavo tem a dizer, eu ainda estava morrendo de sono, já que eu acordara às quatro da manhã. (A gravação foi feita após as onze da noite.) Já o Olavo estava ainda mais desperto neste podcast do que no anterior

    [audio:http://www.archive.org/download/Bate_papo_com_Olavo_de_Carvalho/Olavo_debate_band_64kb.mp3]
Caso queira baixar o arquivo em diferentes formatos, clique aqui.

Nova Infância

Aqui onde é a sala, era o meu quarto. As bonecas disputavam espaço com os ursos, e sempre ganhavam. Mas perdiam para mim quando eu queria dançar. Mamãe reclamava da música alta, mas não da bagunça, porque eu já era organizada. Diferente da Táti, que não sabia guardar nem o seu riso destrambelhado. Mas as outras meninas moravam longe, e eu brincava com a Táti mesmo. Eu era sempre a princesa, porque era mais bonita. Em troca, ela puxava meu cabelo, e eu chorava, chorava, chorava até a hora de a gente brincar de novo. O rancor não cabia no meu coração de seis anos.

Aos domingos mamãe me levava ao culto. Eu ainda não sabia cantar os salmos, mas adorava dar a “paz de Cristo”. Não gostava era dos meninos, que vinham me mostrar besouros e percevejos. Mas mamãe me protegia, e me dava pipoca doce pr’eu não chorar. Mais tarde meu corpo se arredondou, e os meninos continuaram a me incomodar, mas agora queriam me mostrar carros e músculos. Dei meu primeiro beijo, rasguei minha primeira foto, e fiquei muito triste, porque a vida não estava parecendo as estórias bonitas que minha mãe me contara. Mas minhas amigas também rasgavam algumas fotos, e isso me dava certo alívio. Juntas nós ríamos das lágrimas que chorávamos sozinhas.

O cofre e o tempo

Quando meu tio morreu encontramos em seu quarto um cofre do qual não tinhamos conhecimento. Bem, meu pai tinha, mas nunca havia comentado nada. Meu tio era um recluso, excetuando sua certidão de nascimento não possuía nenhum outro documento (nem carteira de identidade, nem CPF, nem título de eleitor). No que diz respeito ao Estado, meu tio não existia. Também não conversava muito. Arredio, não se sentia confortável perto de muita gente. Possuia uma inteligência singular. Aprendeu sozinho a tocar clarineta e banbolim; também aprendeu a pintar (naïf) e consertar televisões por conta própria. Entre outras coisas encontradas no seu barracão, havia um livro de química muito antigo, escrito em francês, com receitas para coisas como pólvora e fogos de artifício. Não me lembro de vê-lo entabulando alguma discussão política ou econômica ou estética. Quando queria demonstrar carinho, nos convidava para passar a tarde com ele no trabalho e nos levava ao bar da esquina. “Peça o que quiser”, dizia. E eu: “Coca-Cola e pão de queijo”. Ficávamos sentados comendo em silêncio. Não foi surpresa, portanto, descobrir que nenhum de nós possuia o segredo daquele cofre.

Space Invaders

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