blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: fevereiro 2007 Page 3 of 5

A BBC e o Second Life

Recebi esta mensagem de um suposto jornalista da BBC, cujo avatar se chama Treacle Moo:

Hello. I hope you don’t mind me contacting you like this. I am writing from the documentaries department of the BBC. The BBC is looking for people whose SL is having a dramatic impact on their real lives – particularly SL couples ready to meet up for the first time in RL. If you are in this situation and would be interested, or know anyone else who might, please contact pearl.doherty@bbc.co.uk +44-208-752-6763 or IM Treacle Moo. (We are looking for people who will be happy to appear on camera in real life – we can film in any country, you need not necessarily be UK-based). Thanks a million.

Sexo também é cultura

Do Clipping de Cinema:

Sexo também é cultura. Assim pensa o juiz holandês que decidiu que os peep shows – exibições nas quais modelos ficam nuas ou praticam sexo explícito em cabines para voyeurs – são uma forma de espetáculo teatral, motivo pelo qual os donos desses clubes são credenciados a abatimentos de impostos com base nas leis locais de incentivo à cultura. “Aceitar pessoas para assistir a peep shows é equivalente a permitir a entrada de uma pessoa num espetáculo teatral”, considerou um juiz da Corte de Apelações de Amsterdã, em decisão tomada no mês passado e tornada pública nesta terça-feira. “O erotismo dos personagens na performance não diminui sua importância”, prosseguiu. O jornal The Telegraaf informou que o dono de um clube onde ocorrem apresentações do gênero receberá uma restituição de impostos da ordem de milhares de euros por causa da decisão.

O Psicanalista e a Imputabilidade

Contardo Calligaris, na Folha de hoje, sobre a redução da maioridade penal:

CONTARDO CALLIGARIS

Maioridade penal e hipocrisia

Nossa alma “generosa” dorme melhor com a idéia de que a prisão é reeducativa

UM ADOLESCENTE de 16 anos fazia parte da quadrilha que arrastou o corpo de João Hélio, 6 anos, pelas ruas do Rio.
A cada vez que um menor comete um crime repugnante (homicídio, estupro, latrocínio), volta o debate sobre a maioridade penal.
Em geral, o essencial é dito e repetido. E não acontece nada. Aos poucos, o horror do crime é esquecido. Não é por preguiça, é por hipocrisia. Preferimos deixar para lá, até a próxima, covardemente, porque custamos a contrariar alguns lugares-comuns de nossa maneira de pensar. 1) A prisão é uma instituição hipócrita desde sua invenção moderna.
Ela protege o cidadão, evitando que os lobos circulem pelas ruas, e pune o criminoso, constrangendo seu corpo. Mas nossa alma “generosa” dorme melhor com a idéia de que a prisão é um empreendimento reeducativo, no qual a sociedade emenda suas ovelhas desgarradas.
A versão nacional dessa hipocrisia diz que a reeducação falha porque nosso sistema carcerário é brutal e inadequado. Essa caracterização é exata, mas qualquer pesquisa, pelo mundo afora, reconhece que mesmo o melhor sistema carcerário só consegue “recuperar” (eventualmente) os criminosos responsáveis por crimes não-hediondos. Quanto aos outros, a prisão serve para punir o réu e proteger a sociedade.

Depois do Fantástico…

Quando entrei na comunidade orkutiana Second Life Brasil, em Setembro ou Outubro de 2006, ela não tinha sequer 300 pessoas. Até o final da semana passada, já havia alcançado 5000 membros. E, então, após a reportagem do Fantástico do último domingo, saltou para 11.163 membros. Acho que essa nova leva de brasileiros explica o surgimento dos primeiros mendigos virtuais…

mendigo.jpg

Infidelidade virtual ou comunicação real?

Deixa eu fazer aqui, a você leitor(a), a mesma pergunta que fiz a um colega de blog este final de semana, quando então fomos juntos ao cinema: se você chegasse em casa mais cedo, pisando leve, com a pretensão de surpreender sua esposa (ou esposo), e a(o) visse ali, ao computador, de costas para você, extremamente entretida(o), alheia(o) ao mundo circundante, e você então fosse se aproximando ainda mais, silenciosamente, até poder observar a tela por sobre seu ombro e, nesta, você não vislumbrasse senão o avatar dela(e) a transar com o avatar do(a) seu(sua) melhor amigo(a) – e tudo isso coroado pelo fato de que ela(e) se masturba -, enfim, me diga, continuaria achando o Second Life apenas um joguinho?

O pessoal de Davos não pensa assim (via CNN):

Getting a Second Life in Davos

DAVOS, SWITZERLAND (Fortune) — I’ll reiterate what I said in a feature story I wrote for the current issue of Fortune – Second Life is important not because it resembles a game, or because of how many people are signing up, or the big companies starting to do business inside it. What convinces me it is one of the most significant technology breakthroughs in history is that it is a platform on top of which users can create their own software and content, realize their ideas, and even make money.

One aspect of that user-generated content is the avatar itself, the cartoony digital self-manifestation through which a user navigates and experiences Second Life. It is created by the user and its behavior can be whatever the user would like. Just because you’re a 50-year-old man, for instance, doesn’t mean you can’t have a 20-year-old female avatar (something I briefly tried).


Second Life: It’s not a game

Here in Davos, Switzerland, where I am attending the World Economic Forum, I had the privilege of moderating a dinner discussion with a group of thinkers on what it means that avatars are contributing to a new form of digital online identity.

The discussion was incredibly animated – perhaps more so than any dinner panel I’ve ever moderated. Discussants included Linden Lab board chairman Mitch Kapor along with Sun’s (Charts) optimist and big-picture educator (and chief scientist) John Gage, Skype co-founder Niklas Zennstrom, French blogger Loic Le Meur, Singapore Youth Minister Vivian Balakrishnan, Harvard literature professor Homi Bhabha, brain scientist Baroness Susan Greenfield, Israeli investor and tech leader Yossi Vardi, and former MTV President Michael Wolf.

What surprised me were two things – first that Bhabha and Greenfield had such pertinent observations to make, respectively, about the literary influences already evident in virtual worlds and the potential impact of digital identity on our conception of what constitutes reality and offline identity.

But even more impressive was the very fascination that the room-full of miscellaneous Davos leaders clearly feel about Second Life, regardless of whether they have tried it or not. Those attending the dinner ranged from Vyomesh Joshi, who runs HP’s huge printing business, to Suzanne Seggerman, who heads a New York nonprofit called Games for Change, to Karim Kawar, former Jordanian ambassador to the U.S. Such is the diversity of power and thinking in Davos.

Everyone was riveted by the analyses of Bhabha, Gage, and Greenfield, among others, and by what Kapor said about what Linden Lab is aiming to accomplish.
Fortune Outlook 2007

I spent today asking myself what it is about Second Life that has suddenly engaged the interest of so many different kinds of people, in a way that other technology topics seldom have.

Here’s what I hypothesize: Second Life enables online human communication to resemble offline in-person communication more than, up to now, has any application, including e-mail, instant messaging, chat rooms, and even online games.

Maioridade penal

Conforme escrevi em Novembro de 2003, acho que a maioridade penal não deveria ser reduzida para 16, 14 ou 12 anos de idade, mas aumentada para 55 ou 60 anos. Seria o primeiro passo em direção à consciência de um fato inquestionável: este país é uma terra de gente babona, catarrenta, imatura e infantilizada até a medula. Do contrário, um coitado como o Lula – em meio a mensalões, dólar em cueca, assassinatos de prefeitos, conexões com FARC, Chávez, etc. – enfim, um tagarela como ele jamais teria sido eleito. Aliás, segundo a revista Época, o ministro da Justiça vai fazer corpo mole e fugir de qualquer atitude mais drástica para com a bandidagem simplesmente porque… ora, porque a ONU não quer uma tal atitude…

Reforma Política

Deve chegar ao Congresso Nacional, depois do carnaval, o texto final dos projetos de lei da reforma política – tão esperada e sempre adiada. Um deles relatado pelo deputado federal Ronaldo Caiado, aqui da terrinha. O projeto foi moldado não apenas pela comissão especial de reforma política do Congresso, mas também assimilou sugestões da sociedade civil organizada, principalmente pela OAB.

Muita gente já comentou o documento. Alguns, como o Tio Rei, soltando os cachorros para cima de propostas como a que permite a convocação de plebiscitos e referendos sem a aprovação do Congresso. Ou elogiando o documento e, ao mesmo tempo, repudiando sua impossível aprovação, já que boa parte das propostas não agrada aos senhores congressistas.

O que eu queria fazer, entretanto, é uma pequena digressão sobre os objetivos da reforma política, porque eles contém valores políticos fundamentais, além de introduzir no debate político aqui do blog uma perspectiva um pouquinho mais analítica.

As verdades de Bernardo Carvalho

Nove Noites

Há gente que não gosta de Bernardo Carvalho. Acham-no pedante, artificial e forçadamente intelectual em seus romances e contos.
Eu acho “Nove Noites” um romance espetacular. “Mongólia” também é muito bom, embora não se compare ao anterior. E seus contos são, em geral, excelentes.
“Nove Noites”, que acabo de reler como referência para um roteiro que estou escrevendo, é a história da história de Buell Quain e, principalmente, da obsessão do próprio Carvalho em entender o mistério em torno desta figura perdida na história da antropologia e do indigenismo brasileiros.
Quain foi um antropólogo americano, discípulo de Ruth Benedict e Franz Boas, que se suicidou entre os índios Krahô, no Maranhão, em 1939. Sua morte nunca foi plenamente explicada.
Instigado pela menção recorrente deste nome em sua vida, Bernardo Carvalho tenta encontrar o fio da meada da verdade sobre Quain em meio às poucas pistas restantes sobre sua vida e suas duas viagens ao Brasil: uma primeira expedição à região do Xingu, para pesquisa junto aos índios Trumai, e sua ida ao Maranhão, que culminaria no desfecho trágico de sua existência.
E como desencavar a verdade “numa terra em que a verdade e a mentira não têm mais os sentidos que o trouxeram até aqui”, adverte logo à abertura do livro Manoel Perna, o outro narrador do livro, além do próprio Carvalho, um suposto amigo de Quain em Carolina, no Maranhão?
E continua: “Pergunte aos índios. Qualquer coisa. O que primeiro lhe passar pela cabeça. E amanhã, ao acordar, faça de novo a mesma pergunta. E depois de amanhã, mais uma vez. Sempre a mesma pergunta. E a cada dia receberá uma resposta diferente. A verdade está perdida entre todas as contradições e os disparates. Quando vier à procura do que o passado enterrou, é preciso saber que estará às portas de uma terra em que a memória não pode ser exumada, pois o segredo, sendo o único bem que se leva para o túmulo, é também a única herança que se deixa aos que ficam, como você e eu, à espera de um sentido, nem que seja pela suposição do mistério, para acabar morrendo de curiosidade.”
O resultado é um romance das possíveis verdades sobre a morte de Quain, não excluindo a hipótese mais banal de um suicídio sem histórias mirabolantes por trás – um surto de uma personalidade frágil exposta pela experiência radical de isolamento em meio a uma sociedade absolutamente estranha.
O melhor de tudo é que a estrutura do romance reforça a idéia das “verdades possíveis” ou de verdades parciais que se entrecruzam, situando-se na fronteira entre a ficção e um esforço de jornalismo investigativo. No texto, sobrepõem-se às palavras de Bernardo Carvalho, além das parcas fotos disponíveis de Buell Quain, supostas cartas deste Manoel Perna, um engenheiro de Carolina, último amigo de Quain e derradeiro não-índio a vê-lo vivo.
São pouco os escritores que conseguem abraçar com resultados elogiáveis este tipo de estrutura meio pós-moderna. Na maior parte dos casos, gera-se muito barulho por nada e os livros se esvaziam à medida em que se aproximam do final pela própria falta de sentido. Tramas rocambolescas que prendem o leitor de início, mas que não tardam a denunciar a própria fraude que são.
Não é o caso de Bernardo de Carvalho.

Leitor Nelvoso

“Guspir” soa estranho. De resto, a despeito dos erros de português, “matutos alienados” achei elogioso. Dá nome de banda.

voces e esse site sao pateticos. Voce ssao americanos para estarem defendendo quem gospe em suas caras e na cara dos filhos de voces??
sei.. voces só sao caboclos querendo ser americanos. Publiquem ago decente nessa pocilga de voces.. Terroristas!… voces sao piores..
matutos alienados. voces nao entendem nada sobre terrorismo..

Sobre ciência e religião

Conversei bastante, ontem, sobre ciência e religião com meu amigo Elder Dias. Colocando todos os argumentos na balança, o que me parece decisivo nesta história toda é o seguinte: em várias situações e de várias formas ao longo da história, a Igreja reviu seus argumentos em função de descobertas científicas. Mas nunca – pelo menos que eu saiba – a ciência reviu suas descobertas em função de argumentos ou dogmas religiosos. A ciência avança obedecendo sua lógica interna enquanto a religião revisa seus pontos de vista por conta do desenvolvimento científico. Neste sentido estrito, a ciência me parece um discurso muito mais coerente e consistente do que a religião.

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