Como disse o Yuri, era só que faltava.
Não bastasse a produção cultural nacional ser viciada em incentivos fiscais, assim como o esporte, com todos os problemas e dificuldades que isso acarreta, agora os evangélicos resolveram também crescer o olho pra cima dos recursos da viúva.
O ímpio senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), aquele da Universal do Reino de Deus, apresentou projeto de lei no Senado, que inclui as igrejas entre os beneficiários da Lei Rouanet. A justificativa é a de que “nada expressa melhor a formação de nossa cultura que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e sincretismos que moldaram o processo civilizatório nacional” — explica o senador, que é sobrinho de Edir Macedo.
O projeto está em discussão na Comissão de Educação do Senado. Se aprovado, segue para o plenário e posteriormente para a Câmara dos Deputados.
Aqui o link para a notícia do Globo.
Duda Vila Nova
pois é… imagina você que as entidades de cunho religioso já gozam de alguns bons benefícios fiscais…
acho que vou criar uma nova religião. Mas na minha vai ser diferente… só vou aceitar dízimo em cash ou cheque da praça.
Ronaldo Brito Roque
Se as religiões afro se beneficiam da lei ruanê, por que o bom e velho
cristianismo não pode se beneficiar?
Prefiro que o dinheiro do Estado vá para quem está falando em Jesus, do que
para quem está tocando tambor.
Isso sem falar na quantidade de filme e música ruim que é financiada pela
lei ruanê. Idiotices que não levam à nada, não exortam o próximo a dizer a
verdade e a praticar o bem. Em princípio concordo com esse cara. Religião é
patrimônio cultural sim. Prefiro um Estado que beneficia Jesus do que
um que beneficia o funk, as letras vulgares, o peitinho, a boceta e o
caralho.
Abraço,
Rbr
yuri vieira
Religião não é patrimônio cultural. Religião é a essência, a alma da Cultura. E entendo Cultura – assim, em maiúsculo – como sendo um estágio vivo e dinâmico do que chamamos Civilização. (As revelações são sempre o ponta-pé inicial duma nova civilização.)
Totalitarismo é a estatização de todas as relações humanas. A única experiência pessoal válida que podemos esperar da religião é nossa relação direta com Deus. No final das contas, religião é o nome que se dá à nossa relação amorosa com Deus. Os reflexos dessa experiência na sociedade, nos grupos, se dão não apenas através de atos individuais mas também através das religiões institucionalizadas. Alguns reflexos são distorcidos, não por culpa da fonte de Luz, mas porque o espelho é torto, recurvo. Querer meter o Estado no meio da religião institucionalizada é o que há de pior, de mais distorcido. É justamente por falta de discernimento espiritual que os estatistas enxergam o Estado como cura de todos os males humanos. Se não há uma instância superior todo-poderosa, pensam, vamos criar essa instância: eis o Estado grande. Eu já acho um absurdo essa necessidade de incentivos à cultura, quanto mais incentivos à religião. Os incentivos só são necessários porque o Estado arrecada em excesso (tributos) retirando o dinheiro da sociedade. Não fosse isso, muita gente poderia poupar e investir em artistas. Sim, o que chamam hoje de “produto cultural”, em geral, não passa de “lixo cultural”. Lixo porque já não apresentam nenhum liame com a alma da Civilização. São coisas sem espírito, coisas mortas. Percebe-se tal fato pela falta de sentido universal desses “produtos”. São obrinhas que interessam a esse ou àquele grupo apenas. Permitir que o Estado financie os “produtos culturais religiosos” não vai senão engordar as contas dos criadores de seitas. E seitas não são a Religião.
Esteja certo que Jesus não precisa que sua mensagem seja levada através de mãos sujas. O tal dízimo deveria ser um ato pessoal espontâneo. Não algo imposto pelo Estado.
Em suma: subordinar as atividades religiosas ao Estado – financiamento é justamente isso – é colocar o Estado acima da religião, é colocar César acima de Deus. É por essas e outras que os ditos representantes do cristianismo, vez por outra, se afundam na lama.
{}’s
Sérgio dos Santos
Sou Afro-descendente e não bato tambor, entretanto, vejo na manifestação do Sr. Ronaldo Brito Roque, verdadeira intolerância. Bem como evidente oportunismo citado projeto do representante da Igreja Universal.
Os beneficios da lei deve ter em conta, a tutela do património imaterial, a tutela dos espaços de memoria, fincadas em instrumento jurídico nascido na UNESCO, e não na usurpação oportunista como a que se apresenta.
paulo paiva
Eu sou euro-mouro-índio descendente, e o Sr. Ronaldo Brito Roque é o quê? Quem ele pensa que é? aposto que ele é um sino-afro-descendente, isso sim! Ele fica aí fazendo pouco caso dos outros só porque ele se sente muito diferente. Afro-descendente baixinho é foda! 😛
daniel christino
Vamos fazer assim: as religiões entram para a lei ruanê e não cobram mais o DÍZIMO!!! Aliás, esse negócio é tributado? Vou lançar a campanha “abaixo o atravessador”. Dê esmola e não pague o dízimo, garanto que o destinatário final ficará muito mais feliz.