blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: setembro 2007 Page 2 of 3

Provincianismo

Do blog do Martim Vasques:

Segundo T.S. Eliot, ser “provinciano” não significa “não possuir a cultura ou o requinte da capital”, muito menos ser “estreito no pensamento, na cultura e no credo”. É algo além – e muito mais trágico para a cultura de uma nação que se pretenda saudável. Refere-se “também a uma distorção de valores, à exclusão de alguns, ao exagero de outros, que resulta, não de uma falta de ampla circunscrição geográfica, mas da aplicação de padrões adquiridos dentro de uma área restrita, para a totalidade da experiência humana, que confundem o contingente com o essencial, o efêmero com o permanente. Em nossa época, quando os homens parecem mais do que propensos a confundir sabedoria com conhecimento, e conhecimento com informação, e a tentar resolver problemas da vida em termos de engenharia, começa a emergir na existência uma nova espécie de provincianismo que talvez mereça um novo nome. É um provincianismo, não de espaço, mas de tempo, aquele para o qual a história é simplesmente a crônica dos projetos humanos que têm estado a serviço de suas reviravoltas e que foram reduzidos à sucata, aquele para o qual o mundo constitui a propriedade exclusiva dos vivos, a propriedade da qual os mortos não partilham. A ameaça dessa espécie de provincianismo é que podemos todos, todos os povos do mundo, ser provincianos juntos; e aqueles que não estiverem satisfeitos podem apenas tornar-se eremitas” (ELIOT, T.S. “O que é um clássico”, in: De Poesia e Poetas, págs. 96-97).

Eric e o Exército da Fênix

Minha pátria é a língua portuguesa estorricada pelo sol brasileiro. Seria uma sacanagem ser obrigado por um Estado qualquer a usar outro idioma. Reside apenas aí minha simpatia pelo caso do catalão Èric Bertrán que, ao escrever para empresas espanholas exigindo o uso de sua língua nos produtos ali vendidos, cometeu, em sua inocência de garoto de 14 anos de idade, o deslize de assinar como “chefe da organização Exército da Fênix”. Com o abismo que há entre as gerações, dificilmente as autoridades espanholas iriam se dar conta de que o figura é apenas um fã do livro Harry Potter e a Ordem da Fênix. Eric diz que não fez ameaças, mas escreveu que, caso não recebesse uma resposta, “não lhes pediria outra vez na boa, que toda a sua organização tornaria a lhes solicitar a tradução, e não muito simpaticamente”. Num outro contexto – pré-11/09 e demais atentados que a própria Espanha sofreu – esta ameaça gratuita (se não é ameaça é o quê?) nem teria sido notada. (“Ai – suspiro – mais um cliente catalão insatisfeito…”) No entanto, nos dias que seguem, tudo se deu como a brincadeira dos brasileiros na alfândega norte-americana: “O que você leva nessa bolsa?” “Uma bomba”, responde o outro, de pura gaiatice. O resultado? Cadeia obviamente.

(Ainda bem que eu não tinha internet quando criança, eu que tinha um temperamento explosivo e um facínio por pólvora. Teria sido preso umas quantas vezes pelos militares. Pausa meditativa. Ei! Não!! Na verdade, eu deveria dizer: que pena que não tive internet! Hoje, estaria recebendo a mesma mesada de revolucionário que os parasitas da nossa esquerda recebem…)

Enfim, o poder estatal é um mal necessário. Mas se torna realmente maléfico quando vai além das nossas necessidades reais. O caso desse garoto, na minha opinião, apenas ressalta algumas contradições contemporâneas. À sua maneira inconseqüente, Eric reclama que gostaria de encontrar produtos com rótulos na sua língua materna – isto é, dá um chega pra lá na nação espanhola – e do outro o estado espanhol dá um pulo de um metro, cheio de um zelo que beira a paranóia, e sai a perseguir esse possível terrorista mirim, o qual supostamente ameaça a vida de seus cidadãos. Estado espanhol X nação catalã. Enfim, cá entre nós, se eu fosse espanhol, acharia essa prontidão bastante louvável. (“Tá vendo? Pelo menos os caras tão trabalhando.”) Por outro lado, se eu fosse catalão, estaria esperneando. (Os catalãos querendo seu estado, o que é legítimo, e o Saramago a fazer piadas, dizendo que Portugal deveria ser reabsorvido pela Espanha. Ai ai…) Realmente complicado esse negócio de abrigar nações diferentes sob um mesmo Estado. (Imagine, pois, que beleza será o Estado mundial…) Mas a questão é que há sim terrorismo pipocando no mundo contra o Ocidente e não adianta o Chomsky se meter nessa história apenas para conduzir os ocidentais a se esquivar deste fato.

No fundo, tudo se resume ao seguinte: pais, prestem atenção ao que seus filhos fazem na internet. Ou melhor: dê atenção a seus filhos.

P.S.: O documentário está dividido em 5 partes.

(Valeu pela dica, Bruno.)

Não falha, mas tarda

Estamos hospedados há alguns meses no DreamHost. O serviço é bom, há mil e um recursos, dificilmente ocorrem downtimes, e coisa e tal. Mas sinto que o site ficou bem mais lento. Às vezes a página leva mais de 5 segundos para carregar, o que é deveras irritante. Ossos da decisão de adotar o serviço duma empresa cuja voracidade vem assustando suas rivais e, muito provavelmente, absorvendo mais clientes do que é capaz de suportar.

Um dos meus sonhos de consumo – além, é claro, do veleiro, do Porsche e da Harley Davidson – é poder pagar um servidor dedicado. Um dia a gente chega lá.

Salvo pelas sombras

Outro dia, eu estava deprê – ora, eu vivo no planeta Terra, me dê um desconto – quando então assisti a este vídeo e melhorei 78,7%. Talvez seja bom pra vc também.

Impunidade e cumplicidade

Frase do mês da revista Nossa História, ano 3, #33, de Julho de 2006:

“A impunidade é segura quando a cumplicidade é geral.”

Mariano José Pereira da Fonseca (1773-1848), o marquês de Maricá.

A revista foi descontinuada em Janeiro deste ano em virtude de uma “decisão empresarial”, ou seja, certamente estava dando prejuízo. A editora Vera Cruz – aliás, deveria ser este o nome do nosso país, em vez de Brasil, esse nome arbóreo oriundo de interesses mercantilistas (Pindorama é coisa de índio e eu sou ocidental) – enfim, a editora certamente lucraria mais se publicasse uma revista sobre funk ou música sertaneja. Havia muita coisa boa na revista, apesar das indefectíveis matérias – assinadas por aquele seu professor petista chatérrimo da faculdade (aquele com a camiseta do Che, lembra?) -, que batiam ponto ora nesta, ora naquela edição.

Chávez e as escolas particulares

Recebi por email do Rafael Bianchini Glavam:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou fechar as escolas particulares do país caso não adotem a ideologia socialista do governo. Chávez afirmou que todas as escolas deverão adotar ainda neste ano um novo currículo que, segundo ele, vai ajudar a desenvolver valores de cooperação e solidariedade.

Leia mais.

Grafite — 3

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Vergonha nacional

Já estou tão consciente de que não sou um blogueiro – ao menos um que preste – que nem sequer tomei conhecimento deste excelente protesto nerd: procure pela expressão “vergonha nacional“, no Google, e você encontrará o site do Senado Federal. (Clique aqui e confira.)

(Via ex-blog do César Maia.)

Efeitos do Second Life… o retorno

Este vídeo é em homenagem ao Daniel, que não percebe que o Second Life apenas deixa as pessoas muito mais inteligentes e com o comportamento mais normal do mundo…

As abelhas e a fome mundial

Parece enredo de desenho animado: “Vamos acabar com o mundo, Pinky?” “Mas como, Cérebro?” “Vamos desenvolver um vírus que irá matar todas as abelhas do mundo! Ahahahaha!!” E o pior é que pode funcionar

Os EUA já perderam 80% de suas colméias. As abelhas morrem às toneladas – aliás, desaparecem, pois morrem longe de “casa”, abandonando as rainhas (estarão sendo abduzidas?) – e o melhor suspeito até agora é um vírus israelense. Coisa mais esquisita. Alguns estados norte-americanos já perderam 90% das abelhas. A França mais de 70%. Vamos ficar sem mel? Não, ficaremos sem produtos agrícolas, já que, segundo os botânicos, 75% dos vegetais que consumimos são polinizados por abelhas. E, pelos cálculos do Einstein, os seres humanos sobreviveriam apenas mais cinco anos sem essas venenosas.

Com essa, nem o Nostradamus contava.

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