Vale mesmo pelo tal flashback do título original —Flashbacks of a Fool virou Reflexos da Inocência.
Joe (Daniel Craig; também produtor do longa) é um astro de Hollywood que vive um presente autodestrutivo em meio a drogas, orgias, egocentrismo e muita babaquice (pelo menos o personagem não é um yuppie de Wall Street ou um alto executivo de grande empresa). No momento em que se descobre em decadência, recebe também a notícia da morte de seu melhor amigo de infância e juventude.
Essa primeira parte é um tanto monótona. Quando o filme muda para a adolescência de Joe, as coisas melhoram e muito. A partir daí, o filme ganha beleza e maturidade.
Numa vila no litoral inglês, durante as férias de verão nos anos 1970, Joe descobre o primeiro amor, o sexo e o peso dos acontecimentos —a cena em que ele e Ruth dublam If There Is Something, do Roxy Music, é impagável. São os fatos que o levarão a perder a tal inocência do título brasileiro.
É fácil perceber que algo grave o fará se transformar no babaca do presente, mas a história é muito bem conduzida, sem pieguice, pelo diretor Baile Walsh em sua estréia em longas —ele é autor de videoclipes que tem em seu currículo bandas como Oasis e INXS; no filme, além de Roxy Music, destacam-se músicas de David Bowie.
Quando ela retorna ao presente, perde bastante força —Joe volta à cidade natal para o enterro. E a pequena redenção que ele consegue no final soa irreal e forçada. Reflexos da Inocência poderia muito bem ter se centrado muito mais no flashback.