blog do escritor yuri vieira e convidados...

O Obama deles e o nosso Obama

Uma breve nota sobre a eleição americana que pretendo estender ao Brasil lá no finalzinho do texto:

Nenhum comentarista ou correspondente colocou Sarah Palin entre os possíveis VPs de McCain. Salvo, para variar, Olavo de Carvalho, que, uma semana antes, dizia que ela seria a escolhida para atrair os conservadores que ainda viam com desconfiança o candidato republicano. Não eram poucos os sites e blogs americanos que defendiam a união com Palin – o que nos faz concluir que tais comentaristas andam ganhando muito para o pouco e incompetente trabalho. Mesmo assim, eu acreditava que uma disputa entre poderes e egos afastasse a possibilidade da governadora do Alasca incorporar à campanha. Claro, por outro lado, considerava a possibilidade, ainda mais depois do palpite do Olavão, que nos últimos anos tornou-se um verdadeiro profeta. Eis que nosso profeta acertou mais uma…

Nesta onda propagandista-obamista, depois do furo, a imprensa brasileira tenta se recompor apostando na “inexperiência” de Palin como fator negativo à campanha dos republicanos. Em primeiro lugar, Palin é candidata a vice; depois, levando em conta a experiência, ela como prefeita e agora governadora, leva uma imensa vantagem em relação a Obama, que é o candidato a presidente e tem como a sua maior habilidade ter sido… ongueiro. Ou seja: McCain teria a inexperiência como vice (e Palin não é de forma alguma inexperiente), enquanto Obama a tem em demasia no seu vice, enquanto não faz a mínima idéia do que seja o Poder Executivo. Já era de se esperar que toda a imprensa, constrangida, teria que ouvir calada o discurso de Palin desta noite:

“E, como nossos oponentes na campanha presidencial parecem menosprezar essa experiência, deixe-me explicar a eles o que o trabalho envolve. Eu acho que um prefeito de uma cidade pequena é como um ‘organizador comunitário’ (leia-se ongueiro!), exceto pelo fato de que você tem responsabilidades reais” (…)

“Mas eis aqui uma notícia para todos os repórteres e comentaristas: eu não vou para Washington para agradar às suas opiniões. Eu vou para Washington para servir ao povo deste país”!

Desta vez já não tenho mais dúvidas: Bye-bye Obama!

Ele ainda não sabe de nada?
Fazendo um paralelo do obamismo no Brasil, ergue-se um movimento para cortes de cabeças. A dita oposição pede a demissão do ministro da Justiça e do ministro do Gabinete Institucional, em função do escândalos dos grampos da Abin. Chego a ficar corado em ver a ingenuidade de pessoas que, queiramos ou não, representam as forças políticas do país. Ou mesmo de jornalistas tarimbados. No entanto, todos apostam mais uma vez na ignorância do molusco.

Aí, resta apenas perguntar a toda essa gente:

Quem é mesmo o chefe dessa porra?

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8 Comments

  1. filipe

    diogo,

    a turma da resenha política no brasil é muito fraquinha mesmo. já fui esculachado por um moi de gente aqui no blog (só não me chamaram de arroz doce, como ja disse anteriormente) ao comentar que achava o alexandre garcia e cia “chochinhos”.

    acho, contudo, esse parâmetro do know-hall político muito dúbio e, talvez, até pouco vistoso (a não ser que estejamos falando de diferenças gritantes, desproporcionais) pelo olhar do eleitor. veja só o exemplo do lula, que nunca tinha assumido porra de cargo político nenhum, e já tem condições de assumir seu terceiro mandato consecutivo como presidente desta merda chamada brasil.

    mais ainda, vc se lembra bem que o atual presidente dos eua tinha como destaque (negativo?) de seu retrospecto político as péssimas administrações de empresas de petróleo e gás, levando 2 ou 3 a quebra financeira. muitas vezes, conseguiu se safar com a ajuda “espertinha” de suas influências políticas (papai e vôvô) e seus laços de amizade. quando foi governador do texas, fudeu contudo, menos com a turma do petróleo.

    então, diogão, cê acha mesmo que os caras tão preocupados com o fato de que a moça foi prefeita e governadora no gélido e grande alasca e o negão foi ongueiro?

  2. diogo chiuso

    É por ser dúbio que Obama, mesmo com superexposição na mídia, não vai ganhar esta eleição. Atente que este confronto Obama x Palin, transforma o ongueiro em um líder de segundo escalão, além de ficar evidente que ele é bem menos preprarado para liderar do que a candidata a VICE dos republicanos.

    Já no caso de Bush, sua eleição e reeleição se deu, grosso modo, pela mesma dubiedade de Al Gore e, depois, John Kerry. Além de outras tantas coisas que geraram milhares de livros que enchem ainda mais as gigantescas livrarias norte-americanas.

    Ainda sim, Bush fez muita bobagem como presidente, mas esse papo de “péssimas administrações de empresas de petróleo e gás” ou “quando foi governador do texas, fudeu contudo, menos com a turma do petróleo”; ou ainda “muitas vezes, conseguiu se safar com a ajuda “espertinha” de suas influências políticas (papai e vôvô) e seus laços de amizade”, é tudo muito michaelmooresco.

    Mas se o intuito é simplificar, melhor e mais convincente é dizer que, assim como os franceses naquela eleição fatídica do Chirac contra o monsieur Le Pen, eles votaram em George W. Buch porque o adversário era grotesco demais!

  3. diogo chiuso

    *sua eleição e reeleição se DERAM!

  4. filipe

    eu vô tentar de novo.

    vc pode estar certo e comemorar a derrota do obama (muito mais do que a vitória do john mccain, ao meu ver) após as eleições. não estou discutindo os palpites. apenas a análise.

    já entendi quando vc sugere que a palin é mais “entrosada” politicamente que o obama. vc setencia: ongueiro vs moça experientíssima no poder executivo. mais: vc acha que ela possui maior feeling de liderança por conta de discursos como “Mas eis aqui uma notícia para todos os repórteres e comentaristas: eu não vou para Washington para agradar às suas opiniões. Eu vou para Washington para servir ao povo deste país”! eu acho que até o severino cavalcanti falou coisa parecida quando assumiu a câmara.

    dessa forma, concordo contigo na primeira análise – a moça é mais experiente, vai. meu ponto é: isso pode ser realmente DECISIVO quando o eleitor está analisando seus canditatos – principalmente quando, mesmo sabendo disso (essa suposta diferença de experiência), ele olha pras pesquisas e percebe um empate técnico entre os concorrentes?

    com relação ao bush (e vc é bem “danadinho” ao achar que a questão da Arbusto Energy-Bush Eploration Co, Spectrum 7, Harken Energy Corporation, a compra da franquia do Texas Rangers etc etc etc é pauta doentia somente do michael moore) foi tão logo uma provocação, só pra sentir aquele teu tom rotulador. a vida pública do bush filho é um prato cheio e mirabolante pra qualquer escritorzinho amargurado. eu quis sugerir mesmo foi o fato de que, na maioria das vezes, a turma caga e anda pro histórico do figurão. como administrador (público ou não), o bush sempre foi um coco; no ramo da experiência, isso deveria contar como ponto negativo com peso 100. quem liga? na verdade, o bush como moralista (e isso chama mais a atenção dos eleitores norte-americanos do que tudo nessa vida) tb sempre foi uma merda e nem por isso deixaram de votar nele.

    até o coxinha transmite mais moralismo do que os políticos norte-americanos:

    http://www.youtube.com/watch?v=pN0BSePCQxo

  5. Diogo

    Filipe, em primeiro lugar você deve tentar saber quem é o eleitor americano. Enquanto você encarar a eleição deles a partir do que é a brasileira, vai ser complicado entender a razão pela qual o fenômeno Obama não tenha revertido votos, ao passo que o fenômeno Palin, colocou McCain pela primeira vez em vantagem absoluta: http://www.usatoday.com/news/politics/election2008/2008-09-07-poll_N.htm?loc=interstitialskip

    Preciso mesmo responder se “isso pode ser realmente DECISIVO”? Não estou palpitando como um torcedor na arquibancada, mas sim, analisando as direções que a coisa anda. Apontei que Palin vinha somar e que seu desempenho na convenção reverteria votos. Bastava para chegar a essa conclusão, o rebuliço causado na mídia obamista. Ficou claro que Obama tinha uma concorrente infinitamente superior e, sendo vice, levaria McCain a um campo neutro de “superioridade”.

    Depois, comparar Palin com Severino Cavalcante deveria te deixar corado. Que coisa mais estúpida!

    Por fim, fazer uma análise do porquê Bush foi eleito duas vezes é uma coisa muito mais complicada. Há diversos livros que tratam o assunto – e inúmeros fatores para serem analisados. Eu realmente não tenho cacife para opinar a respeito.

    Mas a coisa que me deixa mais intrigado é toda essa aptidão, que se impõe neste blog, para desviar-se de assuntos. No texto, falo da mídia e sua também convexa mania de discutir coisas que não deveriam sequer virar pautas de jornal de bairro. Mas isso se dá devido às esquerdas sempre pautarem o jornalismo.

    Quanto a você, ao que me parece, não é pautado pela esquerda. Só tem essa mania irritante de querer encontrar traços parapsicológicos nos textos ao invés de discuti-los abertamente. Talvez esteja almejando uma superioridade tal qual adquirida por McCain, mas ainda falta-te uma Sarah Palin.

  6. filipe

    diogo,

    seu senso de humor é muito oprimido (pelo menos aqui no blog). É ÓBVIO que existe um milhão de anos luz entre o biu cavalcante e a palin. observe que não comparei a carreira política de ambos senão (subjetivamente) para tornar o raciocínio tão somente bizarro. questiono sim o senso de liderança da palin.

    sua ponderação sobre a esquerda e as pautas jornalísticas são bem provocadoras. principalmente pra mim, que conheço tão bem o diário de pernambuco e o jornal do commércio. aí, eu acho que o efeito é o mesmo – convexa mania de discutir coisas que não deveriam sequer virar pautas de jornal de bairro – mas não a causa.

    quer ser minha sarah palin, diogao?

  7. Diogo

    Filipe, você questiona baseado em quê? Enquanto você está aí a palitar os dentes com as unhas, perguntando se a escolha de Palin pode ou não ser decisiva, já saíram pelo menos duas pesquisas provando que: sim. Outra, da Rasmussen, aponta que 51% dos americanos acreditam que os repórteres da grande mídia querem, neste momento, destruir Palin. Não à toa as discussões na CNN versarem sobre ser certo ou não ela ter tido um filho com Síndrome de Down; se é certo ou não sua outra filha estar grávida. E o mais incrível é que sim: eles acham errado!

    Quando Palin mandou recado aos repórteres e comentaristas, dizendo que não estava alí para agradá-los, era, em verdade, um contra-ataque.

    O mais importante, contudo, é que McCain não tinha o apoio dos conservadores. Hoje, com Palin ao lado, já conta com todos os articulistas e sites conservatives empenhados em promover a sua eleição.

    No final das contas, você ignora todos os fatos para se apegar a uma suposição baseada num vazio subjetivo e raciocínios tão somente bizarros. E ainda quer que eu tenha bom humor e paciência com suas piadinhas imbecilmente sem graça?

  8. marina

    Concordo em número, gênero e grau… as pessoas querem opinar sem ler.

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