Claro que há quem ache normal esse estranho interesse russo e iraniano na América Latina. Por outro lado, não é a primeira vez que as agências de inteligência e contra-terrorismo alertam para o estabelecimentos de membros do Hezbollah nas nossas fronteiras. Em nenhuma das oportunidades alguém no Brasil pareceu preocupado. No entanto, segue a tradução (e me desculpem por ela) de trechos de uma matéria veiculada hoje pelo jornal israelense Haaretz, em que a ministra de relações exteriores, Tzipi Livni, se diz preocupada com os laços entre as guerrilhas sul-americanas e organizações terroristas iranianas e que, segundo ela, podem ser facilmente identificados. A sua preocupação se estende ao fato do governo de Teerã estar empenhando esforços para aumentar suas áreas de influência política em nosso continente com o envio indiscriminado de diplomatas.

A ministra de relações exteriores de Israel, Tzipi Livni, disse em uma entrevista de rádio nesta terça-feira que o Irã tem enviado clandestinamente agentes de influência para a América do Sul com a intenção de expandir seu campo de atividade ideológica, política e econômica. Livni aponta o estreitamento dos laços entre guerrilhas sul-americanas e organizações terroristas iranianas que, segundo ela, pode ser facilmente observado. Ela ainda disse que o Irã procura constantemente o auxílio político para bloquear as sanções internacionais que vão de encontro ao seu programa nuclear. No ano passado a ministra já havia feito observações sobre as atividades do Irã na América do Sul, incluindo um número elevado dos oficiais das embaixadas que poderiam fazer parte do terrorismo.

Em uma visita a Teerã no começo do mês, o ministro das relações exteriores brasileiro, Celso Amorim, entregou ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad uma carta do presidente Luis Inácio Lula da Silva propondo um encontro entre os dois líderes. Um oficial do ministério das relações exteriores disse que a carta não era um convite formal, mas apenas uma sugestão para que se inicie uma conversa para uma visita presidencial.

O ministério da defesa israelense tem observado durante anos as áreas de fronteira entre o Paraguai, Argentina e Brasil, identificando-as como focos do terrorismo iraniano em conjunto com o Hezbollah. Ao mesmo tempo, o Irã tem aberto embaixadas na Nicarágua, Equador e Chile, aumentado laços comerciais e visitas por oficiais sênior. Ampliou também suas missões na Venezuela, no Uruguai, no México e na Colômbia. Livni já havia dito em 2007 que estas embaixadas têm “um número astronômico” de diplomatas totalmente desproporcionais as suas necessidades. Na Nicarágua, por exemplo, há 30 diplomatas iranianos, número similar na Venezuela e em outros países. Israel teme que possam ser disfarces para operações de inteligência envolvidas com o terrorismo.

Israel preocupa-se também com a aliança emergente entre o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e o presidente venezuelano Hugo Chavez, particularmente no que diz respeito às vendas do urânio e de petróleo. O governo de Jerusalém tem avisado alguns países latino-americanos que o Irã está pondo em perigo a paz do mundo através do terrorismo e de seu programa nuclear. Alguns desses países partilham das preocupações israelenses e pedem auxílio para os seus programas de inteligência e contra-terrorismo.

“Alguns desses países partilham das preocupações israelenses e pedem auxílio para os seus programas de inteligência e contra-terrorismo.” Será que podemos incluir o Brasil, já que Lula, depois de eleito, ainda não fez uma visita oficial a única democracia do Oriente Médio?

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O texto integral da matéria em inglês, aqui.