blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Simenon

Li “Maigret e o homem do banco”. Realmente, Simenon é excelente e é difícil largar o livro. Seu comissário estóico vê bem os demais personagens, embora no presente título tenha, na minha opinião, vacilado e deixado o mistério muito mais misterioso do que realmente era. Ah, claro: se eu estivesse num trem a tentação de jogar o livro pela janela, ao final, seria grande. Quem nunca leu esse livro não perdeu nada, mas, se for escritor e se interessar por técnica narrativa, perdeu muita coisa.

Felicidade

O sol se põe por trás de nuvens negras, carregadas, emitindo reflexos vermelhos, dourados. No parque, alguns caminham, fugindo do enfarte. Quanto a mim, deixo o shopping com três livros na sacola plástica, trocados por um vale-presente: “Maigret e o homem do banco” (Simenon), “O coração das trevas” (Joseph Conrad) e “Meia vida” (V.S.Naipaul). Não é isto a felicidade?

Guimarães Rosa

A Hilda Hilst me contou que, ao encerrar a leitura de Grande Sertão: Veredas, telefonou ao Guimarães Rosa e disse o quanto achara o livro “deslumbrante”. E ele: “O menino é bãããão, né? o menino aqui é muito bão…”

Ontem e hoje

“Na imprensa e nos livros que circulavam em Berlim, Albert Schweitzer notou a mesma disposição para aceitar aquilo que era moralmente inaceitável, como já havia notado nos jornais e livros de Estrasburgo e de Paris; o mesmo senso de fadiga moral e espiritual, aliado ao mesmo otimismo quanto ao futuro.”
O profeta das selvas, de Hermann Hagedorn.
O mais interessante é saber que Schweitzer detectou um futuro sombrio para a Europa não simplesmente antes da Primeira e Segunda Grandes Guerras, mas antes mesmo do final da última década do século XIX. E, caso não fosse trágico, seria engraçado ver como no final do século XX, a imprensa e a intelectualidade brasileiras também apresentavam – e ainda apresentam – o mesmo otimismo babão no messianismo político. A história brasileira, por enquanto, não passa de pura farsa.

Schweitzer e o Estado

Albert Schweitzer deixou a Europa para servir a seus semelhantes na África equatorial. Um dos motivos que o levou a tão radical mudança foi o impedimento que sofreu, da parte do Estado alemão, ao tentar levar adiante seus projetos de serviço social voluntário, afinal, já “havia uma repartição do governo encarregada desses assuntos, e isso era suficiente – muito obrigado. Mesmo quando o orfanato de Estrasburgo foi destruído por um incêndio, a espinha oficial permaneceu rígida. Schweitzer ofereceu abrigo para alguns dos que haviam ficado sem teto, mas nem lhe permitiram terminar a frase com que fazia o convite. O Estado não precisava do auxílio do jovem doutor”.
O profeta das selvas, de Hermann Hagedorn.

Schweitzer

“Aqui e ali, na imprensa, (Schweitzer) notava idéias desumanas apresentadas por homens públicos, e esperava ansiosamente o indignado repúdio do público; mas esperava em vão. Ninguém parecia chocado quando governos e nações propunham e faziam coisas que a geração anterior teria julgado intoleráveis.”
O profeta das selvas, de Hermann Hagedorn.

A alma é livre

“Durante seis anos não paguei imposto de capitação. Por conta disso certa ocasião passei uma noite no xadrez; (…), não pude deixar de ficar chocado com a estupidez daquela instituição que me tratava como se eu fosse apenas de carne e osso e pudesse ser fechado à chave. (…) Não me senti confinado em momento algum, e os muros me pareceram um grande desperdício de pedra e argamassa. (…) Vi que o Estado era um imbecil (…). O Estado nunca se confronta intencionalmente com o sentido moral ou intelectual de um homem, mas apenas com seu corpo, seus sentidos físicos. Não se arma de espírito superior ou de honestidade, mas de força física superior. Não nasci para que me forcem a coisa alguma. Respirarei à minha moda. Vejamos quem é o mais forte. Que força tem a multidão?”
A Desobediência Civil, Henry David Thoreau.

Falsa oposição

“Aqueles que, ao mesmo tempo que desaprovam o caráter e as medidas de um governo, dão-lhe adesão e apoio são, sem sombra de dúvida, seus mais conscienciosos defensores, e com freqüência os mais sérios obstáculos à reforma.”
A Desobediência Civil, Henry David Thoreau.

Libertarian

“Custa-me bem menos incorrer na penalidade de desobediência ao Estado, do que custaria a obediência, pois neste caso me sentiria diminuído diante de mim mesmo.”
A Desobediência Civil, Henry David Thoreau.

Buracos negros

Estive lendo recentemente “O universo numa casca de noz” e relendo “Uma breve história do tempo“, ambos de Stephen Hawking. Entre outras coisas, eu pretendia verificar se determinados detalhes da cosmologia do Livro de Urântia não estariam equivocados. Sim, porque este livro, mesmo tendo sido publicado pela primeira vez apenas nos anos 50, não se referia nunca aos tais “buracos negros”, o que muito me incomodava. E agora vem à baila Mr. Hawking, atual “proprietário” da cadeira de Newton em Cambridge, para dizer que estava enganado, que os buracos negros não engolem realmente tudo que lhes cai na boca e que não são um “atalho através do espaço-tempo”. Isto quer dizer: mais um ponto para o Livro de Urântia, que, como já disse numa entrada anterior, afirmava a existência de um décimo planeta em nosso sistema solar mais de 50 anos antes da descoberta dos cientistas.

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