Retirei o artigo abaixo, de autoria de Pedro Sette Câmara, do site O indivíduo.com. Fala sobre a burrice que é querer “mudar o mundo” ao invés de conhecê-Lo. Quem apreciar tal leitura encontrará, no referido site, outros artigos tão bons quanto este.
Categoria: interiores
Pessoa sempre afirmou ser um neurastênico (categoria muito difundida hoje em dia), sendo, além disso – eis seu diferencial – capaz de criar uma personalidade para cada sentimento que lhe acometesse: “Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma”, escreveu. Daí seus heterônimos. Mas a lucidez, não sendo uma emoção, mas um “enxergar apesar de toda emoção”, não era uma prerrogativa do, digamos, Álvaro de Campos. Bernardo Soares era, como “outros Pessoas”, muito lúcido também. Veja como ele possuía, na primeira metade do século vinte, a clara noção do estado de coisas que se prolonga até os nossos dias:
Não deixe de ler o artigo “O homem-relógio” da autoria de Olavo de Carvalho. É um dos melhores textos que já li sobre a importância da imaginação. Claro, da imaginação sadia, porque quem tem uma imaginação biruta – tal como a minha – necessita incluir esse trecho nas suas orações diárias: “Senhor, não me deixeis errar pelos caminhos perversos da minha imaginação…”
Li recentemente o livro El Mandril de Madame Blavatsky – Historia del Guru Occidental, de Peter Washington, e reforcei minha impressão de que essa onda de grupos “esotéricos” e de sociedades mais-ou-menos-secretas é bem mais que uma moda surgida de tempos em tempos nesse mundinho. Trata-se antes de verdadeiras batalhas – travadas mais por homens de grande vontade que por homens de grande espírito – pelo domínio das consciências de determinados grupos. Poucas são as exceções, tais como um Krishnamurti, por exemplo (foto). E é incrível como, ao tentar se isolar dos males do mundo externo, quase todo grupo ou comunidade se esfacela em mil e um conflitos internos, refletindo em seu microcosmos o drama macrocósmico exterior. Como já concluía o Riobaldo no Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa):
“Às vezes eu penso: seria o caso de pessoas de fé e posição se reunirem, em algum apropriado lugar, no meio dos gerais, para se viver só em altas rezas, fortíssimas, louvando a Deus e pedindo glória do perdão do mundo. Todos vinham comparecendo, lá se levantava enorme igreja, não havia mais crimes, nem ambição, e todo sofrimento se espraiava em Deus, dado logo, até a hora de cada uma morte cantar. Raciocinei isso com compadre meu Quelemém, e ele duvidou com a cabeça: – ‘Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho…‘ – ciente me respondeu.”