blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: maio 2003

Notas sobre Matrix Reloaded

Algo que venho notando na moçada da minha geração — nasci em 1971 — é que ninguém consegue evitar o impulso de ir ao cinema assistir ao filme The Matrix e — uma vez encerrada a sessão — se eximir de meter o pau — porque todos metem o pau, em geral um pau oco, ainda que cheio de sutilezas irônicas. Tudo bem, concordo que a vida em Zion é uma bela porcaria, mas a história é boa. Até o poeta Bruno Tolentino, com quem assisti ao primeiro filme lá na casa da Hilda Hilst, curtiu o dito cujo. Se bem que ele é suspeito: adora filme de Kung fu, diz que é ótimo para relaxar o cérebro…

Já eu, desde 2000, vinha preparando um ensaio a respeito, mas, devido a várias dúvidas quanto às possibilidades de desenvolvimento da trilogia — e à conseqüente modificação da minha interpretação — decidi esperar até o fim. Há apenas uma característica constante até agora: o gnosticismo expresso pelas idéias e ações dos personagens. Sem entrar em detalhes, por enquanto, digamos que a viagem dos figuras é basicamente a mesma de muitas seitas da idade média ditas hereges: o mundo foi criado e é controlado pelo demo (por um demiurgo), e precisamos nos mandar para o “mundo real”. E isto quer dizer: essa piração não é nova. Bom, pretendo desenvolver isso noutra ocasião. Por enquanto, sugiro que leiam o texto MATRIX CONFUSED, do Jovem Nerd, um artigo inteligente, honesto, sem babação de ovo retardada, que não é bem uma crítica de cinema mas uma investigação sobre o que afinal rola nessa história toda. Tenho essa preocupação porque conheço uma pessoa que acreditou ser o primeiro filme da série apenas uma mensagem cifrada para que ela descobrisse sua verdadeira identidade: ela era o Escolhido… Fico imaginando quantas vezes isso já rolou mundo afora. Tem maluco pra tudo. (Boa parte adora cruzar meu caminho.)

Quanto à possibilidade ou não de se realizar “milagres” no mundo real — discussão inevitável após a parte final do Reloaded — afora os evangelhos e meu singelo artigo sobre Li Hongzhi, leiam o livro “A Autobiografia de um Yogue Contemporâneo“, de Paramahansa Yogananda, escrito nos anos 50 do séc. XX. Há “causos” ali de deixar qualquer irmão Wachowski de cabelos em pé. E, claro, com um acréscimo: todos os “homens e mulheres santos” ali retratados sabem que não são senão veículos da vontade de Deus. E é sério: segundo Yogananda, Bábaji (que já tem mais de 300 anos de idade) e Lahiri Mahasaya são tão poderosos quanto Neo. Mas não saem voando por aí, em meio a um desesperado “amor romântico”, destruindo e matando meio mundo apenas para salvar a namoradinha. Aliás, ainda bem que Jesus não se envolveu nem com Rebeca — vide Livro de Urântia — nem com Maria Madalena…

P.S: Eis outra análise bem interessante.

[Ouvindo: Body And Soul – Charles Mingus]

Associação Urântia do Brasil

A Associação Internacional Urântia anunciou a formação da Associação Urântia do Brasil, a qual terá como presidente temporário (seis meses) Caio Mario Caffé. Após esse prazo, será realizada eleição democrática para escolha do órgão diretor.

A data para licenciamento deste novo grupo – já existem vários espalhados pelo mundo – está marcada para domingo, primeiro de Junho, às 11 horas, em São Paulo-SP, no seguinte endereço: Alameda Itu 1437 (andar térreo), entre as ruas Consolação e Bela Cintra.

Que vergonha!

Leio e releio o Livro de Urântia desde 1997. De lá pra cá havia conhecido pessoalmente apenas outros dois leitores do dito cujo. Na web, havia encontrado apenas leitores estrangeiros. Em vão, durante minha estadia na Casa do Sol (1998-2000), residência da escritora Hilda Hilst, busquei por outros que pudessem compartilhar, em português, do meu estado alucinatório. Desencanei, não me preocupei mais com isso. Pois é. Eis que apenas hoje descubro um Grupo de estudos funcionando desde 2001 com 64 membros! Credo, que vergonha a minha! E ainda me acho um bom pesquisador…

Também acrescentei um novo link aí ao lado: já está disponível boa parte da tradução para o português.

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