Recebi o email de um amigo me indagando por que nunca falo sobre raves. Sim, ele sabe que apenas entre 1996 e 1998 fui a mais de trinta festas, uma média de 1,25 por mês. Raves em São Paulo, no litoral norte, na Bahia, em Minas Gerais, na Chapada dos Veadeiros, em Brasília e Goiânia. Sim, altas baladas. Mas não vou simplesmente dizer que ando desiludido com a “cena”, já que agora tudo o que vemos são megaraves infestadas de traficantezinhos e neguinhos travados de tanto a, e, i, o, u… Claro, ainda rolam boas festas aqui e ali, algumas muito bem organizadas. (Pra ser sincero, tenho saudades das private parties com menos de 300 pessoas.) Sim, também é verdade que fiquei um tanto traumatizado depois que uma ex-namorada minha (e também ex do Raul Seixas, imagine), mais velha que eu doze anos, numa rave em São Paulo (não me lembro qual), misturou cerveja com ecstasy e sofreu uma parada cardíaca nos meus braços. Ah, como poderia esquecer? Uma linda manhã de céu muito claro, sol brilhante de inverno, árvores agitadas por uma aragem fria e eu na beira da estrada de terra fazendo massagem cardíaca e respiração boca-a-boca na minha branco-arroxeada companheira… Foi foda. As pessoas passavam, cochichavam e deviam acreditar que aquele era o casal mais louco e azarado da noite. Talvez tivessem razão. Ao menos ela não morreu e o médico receitou lá seu remédio, proibindo-a de fumar, entre outras coisinhas mais. Isso foi em 1998. (Ainda bem que fiz um curso de socorrismo em 1990.) Nunca mais quis viajar numa dessas festas. Mas também não é por isso que não tenho escrito sobre raves. Qualquer dia contarei causos tais como o dia em que a polícia parou a mim, ao Dante Cruz, ao DJ Rica Amaral (criador da XXXperience) e à sua então namorada, Jennifer Vaz (que foi capa da revista Trip), quando nos encaminhávamos à rave da Arte Cidade, organizada pela Érika Palomino nas ruínas da fábrica Matarazzo. A polícia agiu de forma tão apavorante que fiquei calmíssimo, afinal, estávamos limpos e não devíamos nada a ninguém. Desmontaram o carro do Rica inteirinho, no fundo no fundo, apenas para sacaneá-lo diante da linda namorada. Aliás, o Rica sempre foi o cara mais CDF das raves. Odontólogo por formação, capoeirista de coração, a droga mais forte que ele costuma consumir é xarope de guaraná e água. Existem ravers e ravers… E sobre isto falarei mais em meus contos do LSDeus, para os quais, enfim, estou reservando essas histórias.
Emanuelle
PODEM NOS CHAMAR DE LOUCOS MAS A NOSSA MÚSICA NÃO TEM SIGNIFICADO HÁ UMA RAZÃO.NOSSA LÍNGUA É ÚNICA E VERDADEIRAMENTE UNIVERSAL. NÃO FALA DE AMORES AMARGURADOS, NÃO SE TRATA DE UM SAMBA CARREGADO DE TRISTEZAS; NÃO EXPRESSA SONHOS E ASPIRAÇÕES PROFUNDAS NADA DISSO…ENTÃO ENTENDA NOSSA MUSICA NÃO TEM LETRA PORQUE DEIXA SOAR E SE PROPAGAR UNICAMENTE O PRESENTE,AQUELE PRESENTE LIVRE DE AFLIÇÕES, EGOÍSMO, POSSE…SE TUDO O QUE PODEMOS VIVER É O SEGUNDO IMEDIATO COMO FAZEM OS RECEM NATOS AINDA APRENDENDO A ESTABELECER CONEXÕES SIMPÁTICAS? ESTAMOS LIVRES, PUROS E FELIZES!!!É ESSA MÚSICA QUE VOCÊ JULGA SEM SENTIDO? SÉRA QUE SOMOS NÓS OS LOUCOS? NÓS QUE NA NOSSA TRIBO, EM NOSSA MEDITAÇÃO VARA AS MADRUGADAS E PERMITE CÉUS QUE MUDEM DE COR. NÓS SEM FAZER MAL ALGUM A NINGUÉM, APENAS CELEBRANDO E FESTEJANDO O FIM DE TODA A HIPOCRESIA A NÓS MESMOS? O QUE QUEREMOS NÓS LOUCOS, É VOLTAR AS ORIGENS, AO COSMO, AO NOSSO PRÓPIO CORPO,Á MÃE NATUREZA,AO ÚTERO…
***NOSSA MÚSICA DIZ TUDO SEM FALAR NADA!!!***