Participar como mero observador dessa reunião no Ministério do Meio Ambiente – eu entrara de gaiato ao decidir acompanhar o Pedro Novaes – me fez pensar que seria bastante interessante um Big Brother ao contrário: colocar câmeras que mostrassem em tempo-real, na Internet, todas as reuniões das repartições e órgãos públicos. (Os demais ambientes de trabalho não seriam monitorados.) Claro, um projeto para os próximos vinte anos. Esteja certo que seria mais interessante que o BBB. A reunião a que assisti – cheia de engenheiros e técnicos – transcorreu civilizadamente e chegou mesmo a decidir coisas. Sim, coisas que estendem os tentáculos estatais, mas coisas. Só que eu queria mesmo é assistir a uma reunião no prédio ao lado, no estapafúrdio Ministério da Promoção da Igualdade Racial. (Sim, isso existe.) Acho que não conseguiria evitar algumas sugestões: que se pintasse de azul todos os brasileiros, assim ficaríamos mais iguais; que se definisse uma aparência autóctone ideal e que todos os que nela não se encaixassem fossem submetidos a cirurgias plásticas; que todos os descendentes de japoneses, chineses, coreanos, alemães, sírios, etc. fossem obrigados a jogar capoeira e comer acarajé; que os índios recebessem injeções de hormônios para deixarem de ser tão glabros, e assim por diante. As reuniões desse Ministério devem ser surreais, cheias de bate-bocas e conversa fiada travestida de academicismo. Segundo já ouvi, 90% do tempo dessas reuniões são perdidos em pura definição de conceitos. Essa gente das ciências humanas nunca fala a mesma língua…