Um amigo meu (na época estudante de antropologia) estava discutindo com sua namorada (formanda em psicologia) no apartamento dela, na Asa Norte, Brasília. Ele, que professava um certo, digamos, chauvinismo travestido de cinismo, tentava defender sua mania de se dedicar à amizade com garotas mais bonitas e fofas do que ela. Do boteco próximo, subia uma seqüência sem fim de sambinhas que insistiam em entrar pela janela. A garota, claro, tentava interpretar o discurso do namorado à luz (negra) de Freud e Lacan. A certa altura, ela, muito irritada, gritou: “Você tá achando que sou idiota?! Você tá pensando que eu sou o quê afinal?!!” E o sambinha, imiscuindo-se no calor da disputa: “Você não passa de uma mulher! Ai, mulher!!” E meu amigo caiu na gargalhada, tendo de sair dali a correr, sob uma chuva de cinzeiros, vasinhos, copos…