“Os mesmos artistas que não vacilam um segundo sequer em culpar George W. Bush por qualquer espirro dado por um soldado americano a dezenas de milhares de quilômetros da Casa Branca têm se mostrado extremamente cuidadosos quando o assunto é prever as relações entre o nosso presidente e a realidade que o cerca, incluindo-se aí o esquema político-eleitoral-financeiro que o conduziu ao poder e o manteve governando até agora. Muitos desses artistas são os mesmos que, por bem menos, esperneavam pelo impeachment de Collor ou de Celso Pitta. São figurinhas carimbadas da bravataria nacional.

“Artistas engajados sabem, enfim, onde, quando e em quem bater, embora se importem bem menos com os porquês fundamentais. Na crise atual, têm adotado um comportamento contraditório: ao mesmo tempo em que condenam a corrupção, fecham os olhos para os corruptos, com medo de enxergarem alguém conhecido. Alguns se dizem decepcionados, outros botam a culpa no “sistema político” (como se este fosse o mesmo que o clima, como se não fosse resultado direto da ação dos homens), na administração anterior, ou simplesmente se calam. Poucos parecem ter coragem de vestir carapuças.”
(Daniel Sant’Anna, no Mí­dia Sem Máscara.)

Vale a pena ler o restante do artigo, que comenta mais especificamente o comportamento de alguns artistas e veículos, digamos, mudernos.