Cá entre nós – não conte para ninguém – a melhor personagem da Lygia Fagundes Telles é a empregada que ela finge ser quando não está a fim de atender ao telefone. Hilda Hilst já havia me falado a respeito, mas houve um dia em que confirmei a tática:

“A dona Lygia num tá! Acho que foi ver o filho dela…”, diz a escritora, sem me reconhecer, com uma voz das mais engraçadas.

“É o Yuri, Lygia, o amigo da Hilda Hilst…”, e aí a gente percebe a figura engolindo em seco. Instantes de hesitação.

“Seo Yuri, desculpe, eu digo préla que o senhor ligô”, retorna a personagem um tanto quanto sem graça.

“OK, então. Não se esqueça de mandar um beijão para ela, viu?”

Ela desliga. Sorrio: “A fama é mesmo uma gaiola de ouro”, já dizia o cantor argentino Facundo Cabral