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A entrevista do Gabeira

Só agora o Gabeira abriu o bico para dizer o que muitos já afirmavam séculos antes da eleição do presidente Mula:

“Lula parece um daqueles grandes cafajestes, extremamente simpáticos, envolventes, que nos emocionam, mas nos enganam o tempo todo.”

“Não há mais conteúdo transformador nenhum. A única preocupação deles é se manter no poder. Querem ter um carro preto oficial e as garotinhas correndo atrás com o microfone querendo ouvir o poder”, critica. “Dói ver os antigos amigos se transformarem em pessoas mesquinhas que vivem dando chutes para ninguém chegar perto e ameaçar o poder deles.”


Gabeira também não aceita que as ilegalidades cometidas pelo PT sejam de exclusiva responsabilidade de integrantes de segundo escalão, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares. “É antimarxista ter uma pessoa responsável por tudo”, ironiza. Dirceu é mais do que uma figura emblemática desse fracasso. É sua caricatura. “Ele está na fronteira da patologia da política”, diagnostica Gabeira. “Até hoje, eu não sei o que ele pensa ou quer. Não sei nem mesmo se ele tem uma visão de mundo estruturada”, reflete ele, que critica a fome de poder de Dirceu, que chegou a criar e coordenar 59 grupos de trabalho, quando ministro.

Hoje, o ex-guerrilheiro Gabeira tem uma visão crítica do marxismo, que diz ter abandonado ainda no exílio, no final dos anos 70. “Já não explicava o mundo para mim.” Ele reconhece que a doutrina foi a grande teoria revolucionária do século 20, mas o socialismo foi um fracasso histórico. “E, com a eleição de Lula, estamos inseridos nesse fracasso, junto com a maioria do eleitorado brasileiro”, diz. “O marxismo era um colchão intelectual. Dava pra interpretar qualquer fato sob a sua ótica. É muito confortável. Mas gera um conformismo intelectual”, avalia ele, que começou a rever seus dogmas quando estudava antropologia na Suécia.

Sua passagem pela luta armada (contada no livro autobiográfico “O que é isso, companheiro?”, que virou filme) também é vista sem condescendência. Não se vê como um herói lutando contra os bandidos representados pelos militares que comandavam o país na ditadura. Ele admite que a guerrilha pode até ter contribuído para o fim do regime. Isso não quer dizer, porém, que eles lutassem pela democracia. “Estávamos lutando para substituir um sistema totalitário por outro sistema totalitário”, admite ele, que fez curso de formação de guerrilha urbana e rural em Cuba quando viveu no exílio.

Do site No Mínimo.

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1 Comment

  1. Haddammann

    É exatamente isto,sucintamente descrito nas duas aspas sobre Lula e o PT, que me trouxe uma das mais amargas constatações e desgosto sobre o quadro social.
    A matança generalizada, o proveito sobre a pobreza, sobre o racismo, o bitolamento completo do povo sob religião; há uma perseguição intensa sobre muitos do povo, em todas as áreas sociais; e tudo está sendo mantido sob mentiras, e empanamento por mídia, é a mais desgraçada tortura civil já imposta, porque é como uma hanseníase psicológica, onde vemos queimando-se o miolo do povo.

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