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Eu, o careta, e o Superbowl

Confesso que não entendo os estadunidenses (tá no Aurélio! tá bom, vou chamá-los de norte-americanos).

Estava assistindo a alguns clipes de rap na TV. Eles pegaram a minha atenção porque tinham legendas. Ou seja, pude entender o que os caras falavam, coisa impossível por conta do meu inglês e de um monte de gírias. Sabe o que diziam?

Um falava algo do tipo: “Vem cá, garota, te ponho de quatro, você vai gostar” — e o cara ia mostrando com as mãos e os quadris o que faria. Em outro, uma garota ficava dizendo: “Você não gostaria que sua namorada fosse tão gostosa quanto eu?”

Aí eu fiquei pensando. Poxa, não teve pouco tempo atrás aquele rebu por conta de um mamilo? Um só. Não foram nem dois. Foi na final do Superbowl, o tal futebol americano.

Aí vejo nos sites nesta segunda-feira que, antes da final deste ano, teve um “jogo” de gostosas de calcinha e sutiã. E no intervalo rolou um show dos Rolling Stones, transmitido com censura ao vivo pela TV. Eles tocam 3 músicas em 12 minutos: Start me up, Rough Justice e Satisfaction. A transmissão da ABC teve um delay de 5 segundos para que os censores cortassem o que achassem inconveniente. Exemplos: o final do verso “you make a dead man come” (você faz um morto gozar) e a palavra “cock” (na letra, significava “galo”, mas também pode ser pênis).

Poxa, dizer galo não pode, mas cantar que quer comer a namorada de quatro pode. Mamilo não pode, mas um monte de longas pernas, barriguinhas saradas e, claro, grandes peitos balançando (afinal, são norte-americanas) pode.

Bem, tá bom, preciso confessar aqui também que, talvez por resquícios de minha formação cristã — culpa do velho Colégio Sacré-Coeur de Marie, na Rua Toneleros — e por eu ter uma filhinha — cara, pode ter certeza: essas coisas mudam completamente quando se é pai — eu tenho grandes ressalvas à nossa sociedade ocidental de bundas e bocas. Para ser bem sincero, me incomoda um pouco essas coisas de “dança da boquinha da garrafa” ou “tchan”.

Putz, caraca… Tudo bem que eu não entenda os norte-americanos. Mas nunca pensei que eu fosse careta…

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2 Comments

  1. Eu também me pego com esses pensamentos “obscenos” cada vez com mais freqüência, o pior é a culpa (católica, né? Fazer o quê?)por não poder ser “careta” que me persegue; mas, caramba, é impossível ficar impassível diante desses clips produzidos por mentes brilhantes (claro que sim! Eles conseguem fabricar músicas em massa utilizando apenas uns 5 palavrões e suas variantes! Genial!) e misóginas! Misoginia, sim! Só mulher bunduda, com cara de “tolinha” e sempre pronta pra um b…que é sua única missão na Terra. Francamente!

  2. Ah, sim! Os problemas dos estadunidenses com o corpo humano. Nu, principalmente! Também não consigo entendê-los, nem mesmo quando busco ajuda no passado anglo-saxão! Os ingleses não podem beber mais de 3 cervejas que querem tirar a roupa em público; o cinema britânico retrata a nudez cotidiana e sem grandes glamoures, inclusive com mortais pênis aparentes; e sempre tem alguém disposto a mostrar o bundão na TV… e ninguém morre por causa disso! Aqui, na Nova Zelândia, segue o padrão inglês, com muitas risadas de todos na sala (crianças, inclusive!) quando o jornal nacional (edição das 6:30 da tarde)mostrou um dos jogos de Rugby do dia, interrompido por um torcedor desnudo que invadiu o campo correndo como uma gazela…e não tinha nenhuma bolinha preta nas partes pudendas do rapaz…Vai entender!

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