Madrugada de carnaval cinematográfica. E eu nem havia programado nada. Bastou ir apertando o botão do controle remoto e me surpreendendo. Três bons filmes, quase simultaneamente. Todos adaptações de livros. E todos foram releituras pessoais, já que nenhuma era novidade.
Num dos Telecines, passava Grandes Esperanças. Ou Great Expectations, de 1998 — já houve várias adaptações. Não li o original de Charles Dickens, mas fico surpreso de como uma história do século 18 ficou tão bem no fim do século 20.
Gwyneth Paltrow está encantadoramente fria e Ethan Hawke é um bom ratinho em sua armadilha. Há ainda as belas pinturas de Francesco Clemente. O filme tem cenas mágicas, no sentido mais cinematográfico da palavra: o beijo no bebedouro; sua repetição em Nova York; e o besame mucho dramático de Anne Bancroft — sua personagem amarga é adorável. Gosto particularmente do uso do verde. É discreto, embora sempre presente.
No SBT, havia Bonequinha de Luxo. Audrey Hepburn. Nem tenho palavras. Como ela era maravilhosa! A fútil Holly Golightly é adorável. É, talvez, seu personagem mais célebre. Traz uma bela canção — Moon River (interpretada pela própria Audrey) —, um personagem brasileiro que não tem nada de brasileiro — haja esteriótipos! — , e cenas hilárias, como a que a distraída Holly rega as plantas com seu uísque. Em tempos de Truman Capote (o filme acaba de estrear), é bom lembrar que ele é o pai do livro. Que também não li, mas acabei de recebê-lo por empréstimo, de modo que esta falha está para ser reparada.
E, no TNT, O Paciente Inglês. Dez anos depois — é de 1996 — e ainda o considero uma obra-prima. E, curiosamente, eu nunca o havia revisto. Juro. Até li o livro na época, presente de um amigo que se mudava para Nova York (engraçado: o cara se mudou e eu que ganhei um presente). Mas o filme foi a primeira vez. Quer dizer, a segunda. Magnífico. Tem o deserto — as imangens são belíssimas — e a Kristin Scott Thomas. E as histórias secundárias — a da enfermeira e a do ladrão — são quase tão boas quanto a central. É, de fato, uma bela história de amor. Do calibre de um Doutor Jivago.
Rosa Maria
Obrigada por me avisar que nem só de escola de samba vivem as noites de carnaval na tv no Brasil!!! Daqui de longe, na Terra Média, compartilho os seus deslumbramentos, realmente são todos ótimos!
Gostei muito do “Great Expectations” quando vi pela primeira vez e fui muito criticada por isso. Ai, que bom que você também notou o verde…
Ah, o original do Dickens vale um fim-de-semana de leitura, tá?
Grande abraço