Ah, entendi tudo agora. Como sou inocente.
Me desculpem por citar seguidamente o Cláudio Weber Abramo, mas essa tem que ser reverberada. Sou tão bobinho.
Espero que não tenham se esquecido do Jobim do Mal ou do Mau Jobim, aquele que, presidente do Supremo e candidato a qualquer coisa que possa agarrar nas eleições vindouras, não vê incompatibilidade entre suas intenções e o cargo que ocupa. Well, não é que o dono dos porcos no STJ também?

1. Entre os pré-candidatos que se apresentam à sucessão ao governo do estado do Maranhão há um que atende pelo nome de Edson Vidigal. Consta que o sr. Vidigal gravita em torno do círculo de influência do ex-presidente José Sarney, sátrapa daquele estado. O senador Sarney, por seu turno, é filiado ao PMDB. Há no PMDB uma discordância interna quanto ao partido apresentar ou não candidatura presidencial própria este ano. A questão da candidatura própria é subsidiária à questão da chamada verticalização, a saber, a regra segundo a qual uma aliança partidária para a candidatura presidencial precisa estender-se aos estados. A verticalização para as eleições deste ano está sub judice no Supremo Tribunal Federal, e as avaliações gerais são de que a corte manterá a regra para 2006. Ou seja, se o PMDB aliar-se ao partido X para as eleições presidenciais, então terá de aliar-se ao mesmo partido X nas eleições do estado do Maranhão. O sr. Sarney pertence à ala peemedebista que não deseja que o PMDB tenha candidatura própria, porque isso atrapalharia a costura das alianças que seu partido empreende por aí, em particular na sua própria capitania hereditária.

2. A estrutura judicial brasileira inclui um ente que se denomina Superior Tribunal de Justiça. Conforme informado no sítio de Internet do Tribunal, “Por ser a última instância das causas infraconstitucionais no panorama institucional pátrio, esta Corte recebe todas as vertentes jurisdicionais não-especializadas. Assim, como órgão de convergência da Justiça comum, aprecia causas oriundas de todos os rincões do território nacional.” (É desse jeito empolado e cheio de pátrias e rincões que se exprime a Justiça do povo no Brasil.) O STJ é presidido por um cidadão batizado com o nome de Edson Vidigal. O sr. Edson Vidigal atuou decisivamente para impedir que o PMDB realizasse prévias partidárias para definição de um candidato próprio, primeiro concedendo liminar a mandado de segurança que impedia a realização das prévias, depois revertendo liminar de outro ministro que garantia essas prévias.

O Edson Vidigal da parte 1 é o mesmo Edson Vidigal da parte 2. A saber, o sr. Vidigal age sob um conflito de interesse.

Situações de conflito de interesse resolvem-se pela desistência da pessoa de decidir seja sob um chapéu, seja sob outro.

Em face disso, o sr. Vidigal dá-se por desentendido.

Dando-se por desentendido, como antes dele se deu por desentendido o sr. Nelson Jobim, presidente do STF e também pré-candidato a alguma coisa, coloca sob suspeição as instituições judiciárias.