Acaba de sair em DVD “Extremo Sul”, documentário de Monica Schmiedt e Sylvestre Campe, retratando a tentativa de cinco montanhistas – dois brasileiros, dois argentinos e um chileno -para escalar o Monte Sarmiento (2.404 metros), na Terra do Fogo, extremo sul do continente sul-americano.

Na verdade, tratava-se de um duplo desafio: subir uma montanha dificílima, apenas três vezes escalada até então e, ao mesmo tempo, fazer um filme sobre esta aventura. Deu tudo errado, mas é exatamente isso que torna o filme muito bom.

Após um início otimista e cheio de expectativas, a chegada à inóspita região do Sarmiento, somente acessível em barco, e a primeira visão de seu imponente maciço e encostas geladas, começam a encher os andinistas e a equipe de cinema de todo o tipo de dúvidas e perguntas sobre os riscos e responsabilidades envolvidos. Em pouco tempo, eclodem conflitos, acusações de parte a parte e o grupo se fratura. Para piorar, diminuindo as desculpas possíveis para um fracasso geral, o clima, sempre o grande inimigo das escaladas na Patagônia, mostra-se incomumente ameno, com várias janelas de bom tempo que poderiam ter permitido um ataque à montanha.

Sem camuflar os conflitos, ao contrário, expondo-os ao máximo (não restava alternativa, se se quisesse fazer um filme), Extremo Sul expõe de maneira muito interessante o componente humano da escalada e de situações de risco. É um filme imperdível, que já foi premiado em mais de um festival internacional de cinema.