O artigo do Rui Nogueira – O ProUni de Lula, a USP, a Unicamp e a Unesp – deve ser lido por inteiro, mas eis alguns trechos:

Chamar as coisas pelo nome, retratá-las como elas se apresentam e são usadas pelos atores públicos no cenário político. A propaganda supera o jornalismo, principalmente o impresso, sempre que chefes de reportagem, repórteres, fotógrafos e editores abrem mão de cumprir a tarefa mínima da profissão, que é conectar “lé” com “cré”, explicar de onde as coisas nascem, por onde transitam e para onde se dirigem. Eis o que nos distingue do instantâneo do rádio e da TV.

Fazer cobertura política sem tratar do significado das ações políticas, relatando apenas o que os políticos dizem, é escrever atas ingênuas, equivale a fazer propaganda. É óbvio que há declarações políticas que beiram o vazio, são desprovidas de conteúdo, típico palavrório ao vento. Mas o discurso que o presidente da República adotou, dizendo sempre o que os outros não teriam feito, em comparação com o que ele realizou ou promete realizar, é perfeitamente mensurável do ponto de vista político-partidário e da política pública citada.

A lábia solta, cínica e demagógica do presidente da República tornou-se um desafio e tanto para a cobertura do noticiário político. O que resta provado pelos discursos feitos na sexta-feira passada e relatados em todas as edições da mídia impressa do dia seguinte. Na TV, o desafio não é menor porque Lula se exibe, ao mesmo tempo, como candidato evidente – menos para a Justiça Eleitoral – e como chefe do Estado brasileiro.

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Basta ler o editorial da Folha de S.Paulo desta segunda-feira, intitulado “Cota da demagogia”, para entender como são divergentes as necessidades do Brasil e as de Luiz Inácio Lula da Silva. Sua Excelência trabalha por uma reeleição sustentada pela demagogia, um segundo mandato ao preço de um país que vai sendo entortado todos os dias um pouco, que verga um tico a cada discurso pregando um atalho em prol do acessório e em detrimento do essencial.

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E Lula com isso? Ora, o candidato à reeleição diz estar certo de que nenhum país se desenvolveu pela ignorância, mas nem o Fundeb ele conseguiu aprovar no Congresso em três anos e meio de mandato! O Brasil vai, isto sim, se afogar na enchente da ignorância presidencial. E o jornalismo vai fazendo seu papel de doce propagandista dos delírios presidenciais. A pauta da imprensa está sendo condescendente com Lula.