Li isso agora no Blog do Reinaldo Azevedo.
O Partido dos Totalitários contra a Transparência Brasil
Por Malu Delgado na Folha desta quarta: “A disputa jurídica entre a coligação PT/PCdoB em São Paulo e a organização Transparência Brasil, que apóia projetos de combate à corrupção, teve outro capítulo ontem. A coligação tentou, sem êxito, retirar da internet a campanha “Não vote em mensaleiros”, promovida pela Transparência.O diretor-executivo da Transparência, Cláudio Weber Abramo, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral para retomar texto original de artigo publicado no site da organização, em que conclamava o eleitor a não permitir que ‘mensaleiros, vampiros e outros animais da mesma família’ voltem ao Congresso. A parte final da frase foi retirada do artigo por determinação do TRE, com base na representação do PT/PC do B.Ontem, o recurso foi indeferido e a restrição à frase mantida. Abramo critica o PT paulista: ‘É uma atitude que revela uma estreiteza de pensamento, de como lidar com essas situações’. Ele disse que analisará a possibilidade de recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Além da campanha ‘Não vote em mensaleiro’, a Transparência tem outro projeto, o “Excelências”, em que mostra o perfil de deputados que tentam a reeleição, as doadores de campanhas passadas e processos contra eles.”
Uma pessoa bem intencionada poderia pensar o seguinte: “não parece haver limites para o interesse eleitoreiro desses caras. Acho que deveriam preocupar-se muito mais em comprar um kit anti-séptico para lavar a honra, do que em bloquear iniciativas tão bem concebidas como a da Transparência. Eu já me decidi faz tempo, NÃO VOTO EM MENSALEIRO”. Eu pensei isso e confirmo a última parte, não voto em mensaleiro.
Contudo, o mais interessante é que o Cláudio Weber Abramo publicou um post a respeito da mesma matéria no seu blog, no qual deixa claro que o pedido não partiu do PT nacional e que discorda, principalmente, do título que a Folha editou. “Frisei que a iniciativa judicial havia partido da coligação PT-PC do B de São Paulo, e não do PT nacional. A repórter insistiu em que a atitude poderia ser considerada como do PT como um todo, e eu insisti em que não era assim”. Ele continua “em suma, se o título da matéria tivesse sido “ONG Transparência Brasil acusa o PT de São Paulo de ‘estreiteza de pensamento’”, não haveria motivos para reclamar”.
Houve algo errado? Não, creio que não. A repórter assumiu a tese de que o PT não dá ponto sem nó, ou seja, seus diretórios não agem independentemente da executiva nacional (embora as coordenações regionais de campanha tenham alguma autonomia). Acho que o problema para o Cláudio Weber Abramo é ter seu nome e o da Transparência Brasil associados a um imbróglio eleitoral no qual ninguém está mesmo muito preocupado com a idéia de transparência. Em outras palavras, ele não quer ser usado como munição; o que é justo.
O que me espanta é como as coisas vão ficando cinzas a medida que as argumentações obedecem à lógica da batalha e não do esclarecimento. A razão torna-se estratégica, o que implica submeter a idéia de verdade (por mais tênue que o conceito seja) à idéia de utilidade e, por consequência, o raciocínio torna-se performativo, sofístico; isso quando não degringola em puro didatismo cafona. É duro argumentar com quem já tem uma resposta de saída e, não sem exceções, o debate político é só isso.
yuri vieira
Bom, Daniel, eu acho que dá pra entrar na treta com o intuito de esclarecer. De fato, acho que é justamente isso que o Reinaldo Azevedo faz. Ele não é PSDB. Se ele costuma entrar em campo com uma espada aparentemente tucana é porque percebe que a luz no fim do túnel está mais pra esse lado. E deixa muito claro que o PSDB não é nenhuma fonte de luz. E consegue explicar tim-tim por tim-tim o porquê de o PT ser o Partido das Trevas. “Hipotecar sua independência”? Ninguém é independente da sociedade. É mais ou menos como quando eu fui espancado lá na Vila Madalena, em SP. Eu até quis dizer pros caras que não curto violência, que sou apenas um observador da urbe, um diplomata nato, mas eles não me deram atenção: partiram pra porrada. A vida real não quer saber da nossa independência. Da mesma forma com o Estado: um fiscal corrupto quebrou meu estúdio, o município petista ameaçou tomar a casa do meu pai se ele não pagasse pela “invasão” de terreno público, isto é, pela laje sobre a entrada da casa, meu carro tá fodido graças ao abuso desses radares, sem falar nos mil impostos embutidos em tudo que consumimos, a violência nas ruas, os hospitais cheios (em SP fiquei com o nariz quebrado mesmo, o HC tava um caos), etc., etc. Não há como ser independente desse estado de coisas. Ou será que sua mente filosófica flutua num líquor à prova de realidade?
Duma coisa eu sei: quero ver o PT e o Lula “chupando” o pau da barraca…
Abraço!
daniel christino
Eu gosto muito do Reinaldo Azevedo embora não concorde com tudo o que ele diz. Em primeiro lugar eu não acredito que uma conspiração política de esquerda esteja sendo orquestrada para destruir a liberdade dos brasileiro. Isso meio que coloca as coisa sob outra perspectiva. Também não acredito que as idéias de esquerda seja, digamos, geneticamente totalitárias, nem as ações do Estado são sempre totalitárias.
Em segundo lugar eu não acredito que as posições ideológicas da esquerda e da direita sejam comprensíveis a partir da lógica bem x mal. Como em outras eleições eu não vou pra rua defender candidato, não coloco adesivo no meu carro. No máximo digo em quem vou votar ou em quem não irei votar.
Eu não submeto minhas prioridades intelecutais a debates eleitorais.
É isso que chamo independência. O que eu estou pensando é problema meu, faz parte da minha ficção pessoal, da minha utopia de indivíduo. E, sim, a filosofia pode muito bem flutuar sobre a realidade – embora eu não ache que o caminho seja por aí. Basta se preocupar, por exemplo, com a ontologia dos nomes próprios ou com a possibilidade da existência ser um predicado numa proposição.
H K Merton
Da mesma maneira como foi implantada uma lei obrigando as empresas a manterem um determinado número de deficientes físicos em seus quadros de funcionários, porque não fazer o mesmo com os sem-teto? E porque não criar também uma lei que proíba as empresas de exigirem nível superior para vagas que não sejam específicas? Imaginem a quantidade de empregos que seria imediatamente gerada. O nível de desemprego iria diminuir sensivelmente, eu imagino.
H K Merton
Poderiam também reduzir o tempo de experiência exigido para os cargos específicos. Dois anos de experiência seria um tempo justo, a meu ver.