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Me belisquem

Rapaz, quase não dá pra acreditar, mas parece que é verdade. A Câmara Municipal de São Paulo realmente aprovou o fim de todo o tipo de propaganda externa na cidade: outdoors, bilboards, banners, faixas, letreiros em táxis, ônibus e até aviões. Na mesma leva, os tamanhos de totens e painéis em fachadas de comércio foram significativamente reduzidos. O projeto original do prefeito Gilberto Kassab (PFL) foi tornado ainda mais restritivo pelos vereadores.

As empresas de publicidade estão esperneando. A ver se o judiciário não mela a história e se a Prefeitura realmente fiscalizará.

De tão positivo, nem parece verdade. Aqui o link da matéria na Folha de hoje.

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2 Comments

  1. Grande preocupação a dos nossos governantes. Sempre me espanto com as imagens do oriente – Japão, China, Coréia do Sul – mostrando ruas abarrotadas de outdoors, cartazes, painéis eletrônicos, faixas e o escambau, mais ou menos como no bairro da Liberdade em São Paulo. Olha aí o nome… Liberdade. Os corruptos assolando nosso país e os caras preocupados com a suposta “estética” do mercado. Palhaços. Como escreveu o Ernst Jünger, para verificar como anda a vida numa cidade, a liberdade e a prosperidade de seus cidadãos, basta visitar seu mercado e seu cemitério. Já começaram a mexer na cara do mercado. Agora só falta movimentar o cemitério…
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  2. Trecho de artigo de Luis Fernando Sá, publicado na revista Isto É Dinheiro N.472 04/Out.:

    (…) O relógio [digital do Itaú], os painéis [enfileirados ao longo do rio Pinheiros que rompem a muralha cinza que oprime os passageiros dos veículos que transitam] e o dirigível [da Goodyear], agora, são oficialmente párias condenados a desaparecer da paisagem de São Paulo. Uma lei aprovada e sancionada na terça-feira 26 pelas autoridades municipais os incluiu no extenso índex que bane da cidade quase todo tipo de publicidade externa. O projeto, batizado de Cidade Limpa, tem o nobre propósito de combater a irritante poluição visual que entope a vista de moradores e visitantes da Paulicéia. É desvairado, no entanto, por não entender a cidade em que se pretende aplicá-lo. São Paulo não é uma, são várias. A do centro, com prédios históricos, ruas e viadutos centenários, calçadões de inspiração européia, carece, sim, de uma faxina visual radical, que lhe resgate as formas e a alma e a torne mais receptiva e menos opressiva. É o espaço para apreciar o detalhe, para se cruzar uma rua como se um bonde fosse passar a qualquer momento. Há também a São Paulo da ocupação desordenada, das faixas pintadas à mão sufocando poucas árvores e escondendo o que restou do horizonte, das fachadas soterradas por placas desproporcionalmente grandes. Desta, ninguém sentirá falta se a nova lei, de fato, chegar às ruas dentro de seis meses, como promete o prefeito Gilberto Kassab.

    Mas e a São Paulo moderna, capitalista, das avenidas com inspiração americana, dos edifícios de última geração? Nela, a profusão de logomarcas em luminosos é indicativo da vida pulsante, do elo do paulistano com o mundo globalizado. Apagá-los é descaracterizar essa faceta que já está no DNA paulistano. Alguém imagina Nova York sem a profusão de luzes de Times Square? (…)

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