A fluoxetina começou a fazer efeito. A raiva passou, a ejaculação deixou de ser precoce. E ele quis um poema assim, fácil como a fluoxetina; fácil como mentir para os pais. Algo que ele pudesse ler em voz alta, num almoço de domingo. Ligou o computador, escreveu sobre as flores, o riso das crianças, as curvas deliciosas das mulheres. Mas o diabo lhe apareceu e disse: “Não te precipites, rapaz. Ainda não é a tua vez.” E, súbito, ele lembrou que sua mãe fedia. Bastou pensar na mulher para o poema nascer, fácil como uma ansiolítico, mas agora fétido como uma mãe mesquinha. Obviamente não mostrou os versos aos pais. Mostrou aos amigos, e todos se perguntaram: “Meu Deus, será que ela fede mesmo?” Era verdade, a mulher fedia, e nem toda a fluoxetina do mundo podia esconder aquele fedor.
Mister Mi
Ela fede mesmo?