Via O Indivíduo e TV Câmara (Sempre um Papo):

O Sempre Um Papo traz a Brasília um dos mais premiados poetas brasileiros, Bruno Tolentino. Seu mais recente livro de poemas reúne 538 sonetos escritos ao longo de 26 anos, entre 1979 e 1994. O livro, dividido em 3 partes chamadas de “movimentos”, é precedido por um soneto intitulado “Em frontispício”, que situa seu projeto poético. A epígrafe do soneto, um versículo de Joel, estabelece as finas relações que o poeta delineia entre o cristianismo e as orientações para a vida humana, sendo desdobrada criticamente no próprio poema.

Afora este soneto de abertura, que possui título, os demais são apenas numerados, dispostos em 3 longos “movimentos”. Cada um dos movimentos, por sua vez, define sua modalidade de andamento musical e se inspira em epígrafes de Borges, que giram em torno das relações entre tempo e eternidade. Os poemas obedecem aos esquemas clássicos de rimas dos sonetos e a métrica é geralmente de versos com 12 sílabas.

“As epifanias (andante spianato)” é o título do primeiro movimento, composto de 193 sonetos. O segundo movimento, intitulado “As antífonas (largo con variazioni)”, reúne 180 sonetos e seu andamento é mais lento, grave e majestoso. “Os noturnos (adágio molto mosso)” é o título do terceiro movimento, com 165 sonetos.

Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino nasceu no Rio de Janeiro, em 1940. Deixou o Brasil em 1964, indo viver por 30 anos na Europa. Um ano antes, publicaria seu primeiro livro de poemas “Anulação e outros reparos”, que recebeu o Prêmio Revelação de Autor do júri composto, dentre outros, por Manuel Bandeira e Lêdo Ivo. Ensinou Literatura em Oxford por 11 anos e também foi professor em Essex. Publicou livros de poesia em inglês e francês. Autor de extensa obra, recebeu dois prêmio Jabuti, por “As horas de Katharina” (1994) e “O mundo como idéia” (2002). Em 1995, lançou “A balada do cárcere”, que recebeu o prêmio Cruz e Sousa.