505165little-miss-sunshine-posters.jpgO marido criou uma fórmula do tipo auto-ajuda sobre como vencer na vida. Ele mesmo não venceu. O pai dele foi expulso do asilo. Motivo: heroína. O filho dele, de 15 anos, fez voto de silêncio porque quer muito ser piloto de jato. Não diz uma palavra faz 9 meses. A mulher não agüenta mais a tal fórmula do marido. E tem ainda de se preocupar com o irmão, um estudioso de Proust suicida.

Enfim, são todos fracassados — losers, na concepção simplista da cultura americana. E, no decorrer do filme, vemos que as coisas só pioram. Mesmo assim, são uma família. Bem divertida. Juntos, embarcam todos numa velha kombi rumo à Califórnia, onde a filhinha de uns 9 anos sonha em se tornar a Miss Sunshine do título. Ela é adorável. De certo modo, o filme também.

É um filme pequeno, independente. Nenhum dos atores é uma grande estrela, mas são conhecidos e bem-conceituados — Alan Arkin e Toni Collette, principalmente. Estão todos ótimos e o conjunto funciona perfeitamente. Tudo isso levou Pequena Miss Sunshine ao Oscar como “gente grande”. Concorre em 4 categorias: filme, atriz coadjuvante (Abigail Breslin, a garotinha) , ator coadjuvante (Arkin, o avô) e roteiro original.

Todãs as indicações são merecidas, mas gosto desta última. A história é mesmo bem criativa e divertida. O concurso é uma das partes mais engraçadas — uma crítica ao culto à beleza.

Rir de si mesma é um exercício que a cultura americana faz muito bem — como em Os Simpsons; Homer é o resumo do cidadão tolo, guloso e loser. Rir de perdedores é fácil. Talvez seja hora de os EUA rirem também de seus heróis.