Nada como uma visão equilibrada e bem informada, em meio à enxurrada de burrices que são ditas sobre mudanças climáticas e aquecimento global. No Valor de ontem:
DUAS DÚVIDAS CONVENIENTES
Por José Eli da Veiga
Viva a campanha de Al Gore contra o aquecimento global. Ninguém fica indiferente se assistir a alguma de suas chocantes conferências, ou ao premiado filme de Davis Guggenheim, cujo DVD (Paramount, R$ 40) merece promoção massiva, como as de vacinação. Mais: toda biblioteca deveria receber pelo menos um exemplar do instigante livro “Uma verdade inconveniente” (Ed. Manole, 2006). Afinal, o grande mérito dessas três peças é tornar acessíveis as evidências acumuladas nos impeditivos e indigestos relatórios do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC).
Ao mesmo tempo, nada disso deve impedir que se admita a existência de sérias controvérsias científicas sobre duas questões que Al Gore prefere fazer de conta que seriam “favas contadas”. Como não há nada pior para a propaganda do que alguma “sombra de dúvida”, a campanha só induz à crença de que já existam certezas absolutas sobre o grau da participação humana no aquecimento, e sobre o preço que deverá ser pago para combatê-lo.
Se comparado ao número de cientistas que validam a visão do IPCC, é diminuto o dos que consideram as causas naturais do aquecimento mais influentes que as provocadas pelas atividades humanas. Nem por isso todos os seus argumentos podem ser desqualificados, como mostra o documentário “The Great Global Warming Swindle”, lançado no início de março pelo canal 4 da televisão britânica (http://video.google.com/). Mesmo que no futuro venha a ficar inteiramente confirmado que a razão está com o IPCC, tal probabilidade não anula a atual controvérsia científica. Claro, é compreensível o temor de que essa dúvida sobre o grau da responsabilidade humana atrapalhe o processo de engajamento multilateral. Mas, se tiver êxito, a opção em curso de tentar “tapar o sol com a peneira” engendrará marcos institucionais equivocados, além de vulneráveis, como já ocorreu com o pioneiro Protocolo de Kyoto.
Também é ingenuidade supor que a significativa queda de resistência do governo Bush na recente reunião do G-8 resulte de algum tipo de reconhecimento tardio da gravidade dos alertas do IPCC. Para os dirigentes republicanos, assim como para boa parte dos democratas, a redução da dependência energética americana de fontes fósseis é antes de tudo uma questão de segurança nacional, não de altruísmo global. Ficarão mais inclinados a aceitar acordos internacionais para limitar emissões se os novos arranjos criarem mercados para as tecnologias que engendrem gradual descarbonização de sua matriz energética. E continuarão a brigar por regras que também gerem demanda por tais tecnologias nos emergentes mercados chineses, indianos, mexicanos, brasileiros etc. Daí a condição de só admitir acertos que também comprometam a semiperiferia.
A segunda dúvida crucial que permeia a construção das retóricas antiaquecimento recai sobre seu custo. Nunca existirá uma única resposta científica a tal pergunta, pois ela é inteiramente dependente da adoção de algum pressuposto ético sobre o conflito intergeracional, como discutido nesta coluna em 15/5. Além disso, ainda não existe modelo econômico capaz de estimar qual seria a distribuição setorial e geográfica dos custos de cada uma das opções políticas possíveis. O máximo que se consegue é comparar estimativas dos custos totais das diversas propostas em pauta.No depoimento oral prestado ao Senado americano em Março de 2007, Al Gore propôs que em 2050 as emissões dos EUA não ultrapassem 10% de seu nível atual, mediante adoção de cortes crescentes a partir de um mínimo de 15% em 2010. Já no influente relatório feito para o governo britânico sob a coordenação de Sir Nicholas Stern (outubro 2006), assim como no último documento do IPCC (maio 2007), a proposta central é que em 2050 as emissões globais caiam para a metade do patamar de 1990. Simultaneamente pipocaram outros tipos de abordagem nos debates sobre o que poderia ser um acordo pós-Kyoto, que entrasse em vigor em 2012. E também existem no âmbito acadêmico sugestões ainda menos conhecidas sobre aquilo que seria uma política “ótima” sob o prisma da eficiência econômica.
Pois bem, a única equipe capaz de fazer razoáveis comparações de dezesseis opções já formuladas é constituída por pesquisadores da Universidade de Yale, sob a coordenação de William Nordhaus. Trabalham hoje com a quinta versão de um modelo extremamente complexo, que vem sendo aperfeiçoado desde 1974. Não se tem notícia de nada que possa ser comprável a esse DICE: “Dynamic Integrated Model of Climate Change and the Economy”. E quem examinar as mais recentes reflexões do coordenador, facilmente perceberá o altíssimo grau de incerteza embutido nessas estimativas sobre o custo do combate ao aquecimento global. Seu texto “The Challenge of Global Warming: Economic Models and Environmental Policy” (http://nordhaus.econ.yale.edu/recent_stuff.html) até arrisca conclusões, mas somente depois de enfatizar as inúmeras reservas que devem ser feitas a esse tipo de exercício. E seu principal conselho é que seja fortemente taxada cada nova tonelada de carbono emitida. Começando imediatamente com uma taxa de US$ 23,40 (ou US$ 6,40 por tonelada de CO2), que aumentasse gradualmente até US$ 85 em 2050 e US$ 205 em 2100. Vale lembrar que os créditos de carbono já chegam a custar US$ 30 por tonelada na Europa, mas a metade nos EUA.
Taxar emissões de carbono poderá ser a maneira mais efetiva de acelerar a adoção de inovações que substituam fontes fósseis, principalmente na produção de energia elétrica e em sistemas de transporte. Mas isso só será benéfico para o crescimento econômico quando as correspondentes tecnologias estiverem prontas para comercialização. Daí a imperiosa necessidade de ganhar tempo, o que torna extremamente convenientes as duas dúvidas omitidas pela bela campanha de Al Gore. Conveniências que permitem supor que os EUA poderão até passar à vanguarda no combate aos gases de efeito estufa assim que forem sendo viabilizados os usos de etanol celulósico e de hidrogênio, por exemplo.
José Eli da Veiga , professor titular do departamento de economia da FEA/USP e coordenador de seu Núcleo de Economia Socioambiental (NESA), escreve mensalmente às terças. Página web: www.zeeli.pro.br
bruno costa
Muito interessante, Pedro, obrigado pela reprodução do artigo. Segue um link para quem quiser conferir o documentário The Great Global Warming Swindle na íntegra e com qualidade.
http://www.demonoid.com/files/details/1057459/10018359/
[]s
yuri vieira
Toda essa conversa equilibrada para concluir loucamente que a solução é “taxar a emissão de carbono”. (!) Obviamente não se resolverá nada com isso e haverá mais um imposto a ser pago. Cinqüenta centavos por peido. Será, quem sabe, a “carteirinha de estudante” da ONU, isto é, sua maior fonte de renda no futuro. Sim, ONU, afinal, quem polui não polui apenas uma nação, mas o planeta inteiro, né?
Aliás, sabia que a temperatura em Marte também está aumentando? É “solar warming“, gente, o ser humano não é o principal agente dessas mudanças. Ou, como diz o Rush Limbaugh, será que são as sondas enviadas pela NASA que estão aumentando o efeito estufa de Marte?
{}’s
Pedro Novaes
Véio,
Nóis que te conhecemos bem sabemos que o Yuri é um radical. É este seu radicalismo que te leva a abstrações generalizantes simplórias do tipo taxas=mal. Melhor do que o Estado tentar “loucamente”, para usar seu adjetivo, regular e dizer quanto se pode ou não emitir, é usar mecanismos do próprio mercado para conseguir um equilíbrio nas emissões. Quem quiser pgar a taxa paga, quem não quiser, vai inovar tecnologicamente. Uma beleza do pressuposto mais clássico da economia.
Agora, o que eu achei mais engraçado foi sua ousadia de dizer que se trata de concluir “loucamente” algo, quando as mentes em questão são o gringo mais respeitado na relação entre economia e mudanças climáticas e o Zé Eli, o pesquisador mais respeitado no Brasil na relação entre desenvolvimento e meio ambiente. Fiquei pensando que eles provavelmente te dariam uma resposta bem no tom daquela do Olavo de Carvalho ao Daniel, o Zé Eli (que aliás tem uma verve bastante olaviana, pergunte ao Paulo que já o conheceu) respondendo ao que vc diz por consideração a mim (como o Olavo fez com a crítica do Daniel), e te mandando estudar.
Abs.!-)
bruno costa
Não me passou pela cabeça a taxação do usuário. O correto seria taxar progressivamente os fabricantes de veículos, fábricas e demais emissores de carbono, incentivando por outro lado (por meio de isenções ou benefícios) aqueles que migrarem para modelos energéticos alternativos (existe isso, Pedro, ou viajei na maioneggs?). Pelo menos um cartel do hidrogênio ou do etanol celulósico seria bem mais aceitável. Bicho-gente é isso aí, moçada, vcs sabiam que quase toda a costa brasileira do período colonial era iluminada a óleo de baleia? E dos pobres cachalotes e outros cetáceos, com exceção do óleo e do espermacete, não se aproveitava nada. Apesar de não ser cristão, para mim o desperdício é o pior dos pecados. []s
bruno costa
Opa, ia me esquecendo… para quem se interessar sobre o papel da baleia na economia colonial brasileira, há uma pérola raríssima (ilustrada com mapas, diagramas, quadros, reproduções, e uma paulada de texto.): “A baleia no Brasil colonial”, de Miriam Ellis. Tenho, mas não empresto, claro. Há dois volumes no http://www.estantevirtual.com.br, se eu tivesse dinheiro, eu os compraria para especular no futuro. []s
yuri vieira
Não há muito o que acrescentar. Talvez seja apenas uma coincidência o fato de o Partido Socialista Brasileiro e de o site Gramsci e o Brasil estarem a citar também o professor José Eli da Veiga. Em comum, todos crêem na expansão dos tentáculos estatais como solução dos problemas humanos. Da forma como foi colocado, “taxar” é isso, é intervir, estrangular com tentáculos, impor bloqueios arbitrários. Não sou contra as leis ou contra certas proibições, é preciso sim impor determinados limites ou voltaremos à barbárie. Mas criar limites com base numa hipótese? O nome disso é paranóia. O ser humano sempre se aprimora em momentos de crise, sempre descobre novos caminhos, criando novas técnicas quando necessário. Sempre foi assim. No entanto, apesar de já haver tanta crise nesse mundo, os caras querem inventar mais uma: o ser humano é o grande culpado pelo aquecimento. Pura hipótese, suposição.
Veja este outro artigo equilibrado do professor Veiga. Tem o mesmo teor desse aí. Primeiro ele diz que não há mesmo consenso sobre as verdadeiras causas do aquecimento global – e ninguém NUNCA fala do AQUECIMENTO SOLAR!!! – mas em seguida afirma que, por precaução, é melhor mesmo seguir as opiniões dos que crêem no homem como causador dele. Ou seja, ele fala que, na ciência, o número de apoiadores duma tese não a comprova – e está correto – para depois falar que é melhor seguir esse maior número, o dos gurus do IPCC. Por quê? Para mim isso é pura politicagem. Ciência não se faz através de consensos ou do choque entre partidos, mas através da comprovação universal das hipóteses. E essa aí, a da causa humana do aquecimento, não foi comprovada por ninguém. Meu Deus, o cara fala até em “redução da natalidade que permita chegar em 2050 com população mundial de 8bilhões, em vez de 9”. É uma grande idéia, né, afinal, pessoas liberam gás carbônico também. Nessa perspectiva, os genocidas mereceriam estátuas, pois ajudaram a diminuir o efeito estufa no planeta. Imagine só, Hitler, Stalin, Pol Pot, Fidel, Saddan, Mao não passavam de ecologistas, uma vez que, juntos, eliminaram mais de 100 milhões de pessoas no século XX, um monte de gente que, viva, teria deixado descendentes que estariam respirando (ó, horror!) e dirigindo carros por aí.
Finalmente, eis o ato falho do professor: “Talvez fosse mais realista pedir a imediata eleição de um governo mundial do que supor a viabilidade de uma coordenação de tais iniciativas por quase duas centenas de nações”. É isso o que eles querem, cara, você não percebeu ainda? Tá lá no texto os elogios ao Kofi Anan e à União Européia.
No tocante às novas tecnologias, ele está certo: “se houver saída, ela estará em inéditas fontes de energia livres de carbono”. Toda grande invenção é repentina, surge de um insight fulminante na mente dum gênio. O que demora é sua difusão. Se ainda não existe a tal fonte de energia mais limpa, não se preocupe, ela será descoberta em tempo. Minha fé no ser humano advém da minha fé em Deus.
{}’s
daniel christino
Lá vou eu, o incomodado.
Vou responder por parágrafos e, numa firula inédita neste blog, de trás para frente. Mas antes vale dizer que a resposta do Yuri, no geral, procura (des)qualificar o Eli como fonte independente no debate.
Diz o Yuri
Ainda bem que não vem da sua concepção de ciência, porque senão tava lascado Yuri. Recomendo a leitura do livro “Complexity – Science at the edge of order and chaos”, não porque a noção de ciência ali seja extraordinária, não é. Mas o livro conta a história do Instituto Santa Fé e apresenta, de uma maneira clara, o principal desenho institucional da atualidade para o financiamento e execução de pesquisa. Não que seja algo novo, dizem que Aristóteles já procedia assim. Meu ponto: não de um gênio, de um coletivo de gênios. Da interação entre estes cérebros privilegiados. Para isso existe o Estado: dar condições para que estes gênios trabalhem juntos, financiando seus 2500 fracassos até seu único e valioso sucesso.
E segue a quadrilha.
Rigorosamente falando – afinal rigor é importante – não há certeza ou comprovação universal nem mesmo da flecha do tempo (ou determinismo, a idéia de que o tempo corre só para um lado) quanto mais do aquecimento global. A idéia de “comprovação universal” simplesmente não existe mais em ciência. Pelo menos não desde que inventaram o raciocínio estatístico. Talvez o cientificismo – que é uma derivação ideológica, um instrumento político – ainda queira defender esta “ciência simples, universal e sempre de acordo com a experiência”, este ideal newtoniano e kantiano de que o princípio de certeza deve valer “para qualquer ser racional”. O Yuri precisa parar de debater com o cientificismo e começar a discutir ciência.
Caminho da roça!!!
Este é o trecho no qual o Yuri acusa o Eli de ser a favor da Legião do Mal. É pura distorção cognitiva do Yuri. O cara usa o exemplo do Governo Mundial como parâmetro absurdo para exemplificar como cientistas sociais receberiam a proposta socialmente ingênua elaborada por um engenheiro e um ecólogo. Oh! mater Dei! Ao final do parágrafo o que o cara faz? Conclui, contra a idéia de um governo mundial, que a saída seria o desenvolvimento de fontes de energia alternativas. Mas o que diz o Yuri?
E qual é o expediente argumentativo: o ato falho. Como sempre, a “teoria” do ato falho vem ajudar os prosélitos a provar sua tese. Este estilo acusatório e denuncista de argumentação – com o dedo sempre apontado para alguém, berrando “culpado”, “culpado”, seja lá do que for – é um saco, além de não provar nada sobre nada, nunca. Outro dia estávamos num bar, discutindo os limites éticos e morais do capitalismo, o Yuri perdeu a paciência e tascou “então no socialismo é melhor”. ??????. Ninguém falava defendendo o socialismo, ninguém, mas sem este elemento de denúncia não há argumento. É a mesma estrutura mental do pensamento religioso rasteiro: eu vi a luz, eu vi a luz, logo, o que vejo iluminado por esta luz é a verdade. Se você não concorda ou é burro ou é canalha, já que não é canalha, então é porque não viu a luz. Ah! Vá catar coquinho na enxurrada.
A ponte caiu!!!
Taxas são instrumentos legítimos de regulação, assim como são as multas. Fazem parte de uma gama maior de instrumentos de políticas públicas cuja intervenção no mercado é necessária para manter as regras do jogo funcionando. Taxas e multas são os cartões amarelos e vermelhos das agências reguladoras. Não é o instrumento que “estrangula” a iniciativa privada, é o mal uso deste instrumento.
O Yuri chama o princípio de precaução de paranóia. Ele, obviamente, está esperando que a ciência chegue à verdade sobre a questão. Mas como expliquei acima, esta verdade será sempre relativa ao processo de debate e ao desenvolvimento metodológico da própria ciência, logo, não há porque esperar uma resposta universalmente válida. O que devemos nos perguntar, sobre ciência, é o seguinte: sob quais condições uma determinada ciência (física, biologia, sociologia) aceita uma hipótese como verdadeira? Se uma teoria cumpre estas condições, então ela é verdadeira. O debate sobre as condições de possibilidade da verdade em determinada ciência chama-se epistemologia. O que o Eli está advogando, entretanto, é muito mais simples: já que não temos um consenso sobre a verdade (isto é, os dados e as teorias atuais não alcançam as condições de verdade nas quais nos referenciamos) pesemos as consequências das atitudes possíveis diante do problema e vejamos o que é mais prudente fazer. O mais prudente, neste caso, seria fazer o que o Eli recomenda. Simples. Mas se o Yuri viu, num comentário irônico, a sombra do demônio, não há como convecê-lo de que é simples. Para olhos tão aguçados e penetrantes, simplicidade é ingenuidade, desmascarada apenas pela análise rigorosa dos atos falhos.
yuri vieira
obrigado, Daniel.
daniel christino
Ora, Yuri, precisando…
yuri vieira
Como dizia, obrigado pela participação, Daniel, mas ainda não terminei.
Sobre os insights, eu me referia à elaboração de novas teorias, que dão base ao desenvolvimento de novos inventos. E insights, que eu saiba, ocorrem nas mentes dos indivíduos. Não sei como isso poderia se dar coletivamente, a não ser que fossem todos agentes da Matrix conectados mentalmente uns aos outros – o que um vê todos vêem e assim por diante. Um insight é uma intuição intelectual do indivíduo que pode ser transmitida posteriormente, e que pode ter sido condicionada, realmente, pela interação prévia de diversos cientistas. Como dizia Goethe, “se subi tão alto é porque ia sobre ombros de gigantes”. Mas, a não ser que os cientistas pratiquem telepatia, enquanto fenômeno ela só ocorre naquele que estiver “mais alto”.
Tal como escrevi ao Pedro: “Toda invenção, toda teoria original é 99% transpiração e 1% inspiração. O problema é que a inspiração é que faz toda a diferença, é o salto quântico. Vc sabe que um elétron precisa acumular energia para saltar até outro orbital. Ele não vai caminhando aos poucos, conforme essa energia é apreendida. Não. Assim que o elétron recebe certa quantidade – um quantum – é que ele dá um salto repentino. Do mesmo modo, Kekulé quebrou a cabeça por vários anos atrás da fórmula do benzeno. Mas só a encontrou numa noite de sonho, qdo visualizou uma oroboros. E foi assim com Newton, Edison, Einstein, etc. E a idéia de que avançamos por saltos não é minha: é do Spengler, do Krishnamurti e de vários outros pensadores. A invenção não é meramente resultado do acúmulo de conhecimento e esforço. Se fosse, o número de gênios seria incomparavelmente superior e qualquer virtuose deste ou daquele instrumento seria um Mozart. O conhecimento e o esforço são necessários simplesmente para que o criador (inventor) não se deixe enganar por formas já consagradas e/ou estabelecidas, para que possa reconhecê-las e transcendê-las. Isso porque uma invenção ou teoria original não é a soma das anteriores. É uma superação, algo de que apenas um visionário é capaz. E visionário não é senão aquele que vê pela primeira vez, seja porque estava atento e livre de preconceitos, seja porque estava no lugar certo na hora certa, seja porque a Providência o beneficiou, ou tudo isso ao mesmo tempo. E ver é instantâneo, na velocidade da luz”.
Tudo se dá como na escalada de alta montanha: podem haver 15 alpinistas apoiando uns aos outros e mais 150 carregadores sherpas, mas apenas um ou dois dentre os melhores atingirão o cume. É o mesmo com o cinema: o diretor necessita de toda a equipe, mas a equipe é incapaz de caminhar sem o diretor, afinal, este é o único que tem a visão completa da via a ser percorrida. E se hoje a ciência exige o trabalho de muitos, isto não implica que o Estado seja necessariamente o financiador do processo. Nos EUA, por exemplo, grande parte dos cientistas trabalha para fundações e instituições financiadas por doações de ricaços, e outra boa parte trabalha para empresas. O Estado costuma bancar apenas as pesquisas que têm importância para a segurança nacional. Aliás, toda a grana que se gasta hoje em pesquisas não tem nada a ver com bancar um “coletivo de gênios”. Uma pessoa muito inteligente, cheia de PHDs e muito talentosa não é um gênio. Genialidade é, como dizia Spengler, “a força fecundante do varão que ilumina toda uma época”. Talvez você não consiga apreender o sentido disso porque, como também dizia Goethe, “ninguém é herói para seu camareiro, costuma-se dizer. Mas isso é porque o herói só é reconhecido por outro herói. É muito provável que o camareiro saiba apreciar outro camareiro”.
Para finalizar este ponto: Einstein trabalhava num escritório de patentes quando desenvolveu a Teoria da Relatividade. Não necessitou de nenhum “coletivo de gênios” à sua volta. Esse tal coletivo não era senão a multidão de físicos e matemáticos que o antecederam e que lhe deram respaldo através dos livros que ele estudava nas horas vagas. É para isso que servem os grandes institutos de pesquisa: acumular dados. Apenas um gênio saberia interpretá-los e ver para além deles. Se houvesse um jovem Einstein por aí, que além de visionário em física fosse também um hacker, ele bem poderia invadir o sistema de um super laboratório e, desbancando dezenas de PHDs, ter o insight correto a partir de todo o conhecimento por eles acumulado. Porque a elaboração duma teoria é um trabalho puramente criativo que independe de financiamento e de diplomas. E criar não é reagir a dados, não é rearranjar informações adquiridas no passado, mas compreendê-las e superá-las. O grupo é necessário? É. É o grupo que enxerga simultaneamente o próximo passo? Não.
Você tem razão, eu disse mal. Não existe “comprovação” de hipóteses. Mas toda hipótese só se torna uma teoria consistente quando faz previsões que podem ser testadas universalmente, isto é, em qualquer canto do mundo. Se os dados obtidos experimentalmente (as observações) concordam com as previsões, a teoria será aceita, embora não seja absolutamente correta. Que vários navios saiam pelo mar e não retornem não implica que a Terra seja chata e que eles tenham caído no abismo, mas, até uma determinada época, pode ter sido esta a melhor teoria para explicar o não retorno de tantos navegadores. Contudo, embora não haja em ciência certezas absolutas, é preciso perceber que as observações necessitam apresentar dados concretos. A teoria quântica tem o pé tão fincado na realidade que nossos computadores não existiriam sem ela. Da mesma forma, o GPS. Não fosse a teoria da relatividade não haveria um aparelho que dá nossa posição com tamanha precisão. Logo, é preciso não confundir a falta de necessidade de uma “certeza absoluta” com falta de rigor nas observações ou mesmo com abstração absoluta.
Quanto ao governo mundial, o cara afirma que a tal proposta “de um engenheiro e de um ecólogo” só seria eficaz se todas as nações agissem em uníssono. Ele tem razão, não tem? Ou você não acha que o professor Veiga seja um cara sério? Se todas as nações do planeta aderissem, surtiria efeito. Mas alguém é ingênuo a ponto de achar que todos os governantes vêem o mundo da mesma forma? Claro que não. Daí ele afirmar ser tal ação conjunta algo impossível sem a imposição de um governo mundial. E apenas por isso aposta com segurança nas novas fontes de energia. Ou seja, se houvesse um governo mundial com esse poder de legislar sobre o mundo, o “engenheiro e o ecólogo” correriam ao gabinete do presidente da Terra. E ficariam muito felizes com isso. Essa proposição está implícita ali. Ele não conclui “contra” a idéia de um governo mundial em parte alguma. Me mostre onde ele diz que é contra. Ele conclui, sim, é por uma outra alternativa mais viável no momento.
Quanto a uma “Legião do Mal”, são palavras suas, Daniel. Nunca usei esta expressão. Não tente me rotular como olavete, ou sei lá o quê, porque não dará certo. (Nem o Olavo é olavete.) Não existe nenhuma Legião do Mal assim como não existe nenhuma substância no Nada. O mal é uma ausência, não uma presença. As grandes merdas ocorrem no mundo não porque haja gente engajada no mal, mas porque haja gente cega ao bem. É preciso apresentar o bem a quem não o conhece. Neguinho encara essa postura como maniqueísmo, mas não percebe que está sendo maniqueísta ao fazer tal acusação. O maniqueísmo prega que o mal e o bem possuem o mesmo status ontológico, que tudo no universo e na natureza possui dois princípios coexistentes, equivalentes e necessários. Ou seja, o maniqueísmo não quer que o bem ilumine as trevas do mal, mas que fique cada um na sua porque as coisas são assim mesmo e foda-se. Santo Agostinho foi maniqueísta na juventude e, após compreender as teses de Maniqueu, combateou-o com conhecimento de causa. E não cometa o erro de fazer analogias entre “yin/yang” e “mal/bem”. Yin e Yang tratam dos aspectos daquilo que tem presença, daquilo que existe positivamente. Não se referem, respectivamente, ao que não tem e ao que tem existência positiva.
Quanto à conversa de bar, pura bobagem. Era uma discussão simultânea entre vários bêbados e, como sempre, alguns plantando sementinhas de provocação e discórdia. Se vc fizer um esforço mnemônico, lembrará que ao final compreendi que você não estava, como outros costumam fazer, simplesmente assumindo um discurso estereotipado de esquerda. Talvez eu tenha me deixado levar pelo hábito de encontrar anticapitalistas idiotas, mas eu não fico defendendo o capitalismo custe o que custar. Capitalismo é um instrumento que pode ser usado para o bem ou para ou mal (isto é, sem ter o bem em vista). É ridículo defender a existência duma faca. Ela existe e pronto. Pode matar e pode cortar o pão. É o que os socialistas precisam entender. Aliás, já entenderam. Tanto que estão utilizando o mercado para aumentar seu poder. E é isso que os “neutros” não entendem.
“Princípio de precaução” é um conceito interessante. Uma analogia: no Brasil, todos cercam suas casas com muros porque há relatos de gente que não respeita a propriedade alheia e que pode, a qualquer momento, entrar em suas casas e assaltá-los. É um fenômeno observável, uma vez que sobrevive ao teste da hipótese “há ladrões residenciais no Brasil”. Logo, construir muros é uma ação que obedece ao tal Princípio de precaução. Já na Nova Zelândia, por exemplo, não há, na quase totalidade das cidades, a necessidade de se cercar as casas com muros. Pergunte à Rosa. Assalto a residências é algo improvável, raríssimo. Neguinho vai trabalhar e nem tranca as portas, as janelas ficam arreganhadas. Assim, se vc se mudar para lá e cercar sua casa com muros, estará obedecendo ao “Princípio da paranóia”, simplesmente porque está se baseando numa hipótese cujo enunciado jamais foi observado por ali enquanto fenômeno. O aquecimento global é um fenômeno observável? Sim. A conexão entre quantidade de gás carbônico e aquecimento é, nesta ordem, uma conexão de causa-efeito? Não necessariamente. Segundo alguns cientistas, no correr da história o aumento da quantidade de gás carbônico é que se seguiu ao aquecimento, e não o contrário. Logo, não há como atribuir a culpa do aquecimento à ação humana de forma satisfatória. Aliás, eu continuo a perguntar e vcs sempre a se esquivar: E O AQUECIMENTO SOLAR??? Ninguém vai tratar disso? Não é uma preocupação cientificista, é curiosidade científica. O sol está se aquecendo, porra. Até Marte, segundo as medições da NASA, está mais quente.
Vc, Daniel, diz que eu fico colocando o dedo no nariz dos outros e vociferando. Só que quem tem feito isso por aqui ultimamente é vc. Logo, se quiser me mandar “catar coquinho”, faça isso no seu blog, do contrário, mude o tom. Tenho tentado manter o respeito, mas vc sabe que não tenho sangue de barata. Eu acho, por exemplo, a tática de “mandar ir tomar no cu” uma idiossincrasia do Olavo e da Hilda Hilst, que era idêntica a ele nesse ponto. Ambos touro com ascendente em aquário, cabeçudos e altivos. Mas não é meu estilo. Sempre que incorro nele amargo o meu dia.
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daniel christino
É óbvio que insights ocorrem na mente de indivíduos, assim como as dores de cabeça. Isso não nos diz rigorosamente nada sobre eles; é como querer defender que a água é molhada. Eu já desconfiava que você interpretaria negativamente a idéia de coletivo, ou melhor, não conseguiria interpretá-la corretamente como interação entre singulares. Insights ocorrem na consciência de indivíduos inseridos num contexto de colaboração intelectual; interação entre seres singulares, com perspectivas, muitas vezes, incomensuráveis. Um instituto de pesquisas, uma Universidade, um grupo de amigos vinculados por um mesmo interesse intelectual. Neste parágrafo você simplesmente discutiu consigo próprio, e eu nada tenho a ver com isso.
Simbora…
Eu acho este parágrafo indicativo do seu “estilo” argumentativo. Você vai acumulando analogias em cima de analogias e depois conceitua, como se o conceito pudesse tirar sua necessidade das analogias anteriores. Aqui temos: processo criativo igual a salto quântico, depois um exemplo (Kekulé), depois uma referência (Spengler, Krishnamurti) e, por fim, o conceito. Qual é a evidência mesmo? Não pode ser a de que nossa criatividade é quântica – isto seria só uma sofisticação da analogia, uma metáfora. Consigo rigorosamente o mesmo efeito comparando a dinâmica dos insights ao futebol: a bola vai sendo lançada de jogador para jogador até que alcança o gênio e ele transforma, num lance completamente individual, toda esta troca de passes em gol. Ele transcende o esforço de todos do time com sua genialidade, vendo o espaço que ninguém viu, dando o drible que ninguém conseguiria dar. A jogada deixou de ser apenas uma troca de passes sem sentido para tornar-se um gol, talvez o gol do título. Você mesmo oferece outros outras analogias possíveis para exemplificar seu ponto de vista.
O que eu quero provar? Que a cientificidade da analogia é puro glacê. O exemplo poderia vir do futebol ou de qualquer outro lugar. O argumento inteiro está baseado numa frágil equivalência construída em duas etapas: 1) a ciência, assim como qualquer atividade humana, é criativa; 2) qualquer criação brota das mesmas causas e acontece do mesmo modo, pois se dá na consciência individual. Este segundo ponto é uma interpretação minha, porque você não diz nada sobre isso diretamente. Minha afirmação baseia-se nos autores que você, consistentemente, cita quando discutimos ciência. Nenhum deles é cientista ou filósofo da ciência ou metodólogo ou epistemólogo. Não estou, obviamente, desqualificando sua opinião. Estou apenas sugerindo que os autores citados indicam um desenho intelectual relevante para o debate. Estou apenas tentando conectar os pontos e mostrar a figura.
Então, onde estaria o erro? Na suposição de que a criatividade na ciência ocorre do mesmo modo como ocorre na arte. Se eu não me engano, é Spengler quem faz esta equivalência. Mas não só ele, Cassirer também faz. Para chamar sua atenção e levar o problema até seu limite, deveria refutar Spengler, o que, obviamente, não farei. Primeiro porque não daria para fazê-lo num comment de blog; segundo porque teria de me desviar das minhas leituras atuais, o que também não vou fazer. Acho que posso deixá-lo no escuro por mais uns anos e só depois debater isto a fundo com você.
Uma forma alternativa de deixar clara a diferença pode ser discutindo a figura do gênio. Há, creio, uma diferença importante entre a genialidade artística e a científica. Esta diferença encontra-se no fundamento criativo. Explico: enquanto o gênio artístico, por suas criações, torna-se referência para toda criação futura, o gênio científico referencia-se na natureza, ou melhor, em seu objeto. O gênio artístico produz uma obra que se tornará referência para todos aqueles interessados naquela arte daí em diante; ele pode, até mesmo, criar uma nova forma de arte. A subjetividade do artista determina os parâmetros da arte, é ela que se desdobra em obra de arte, cristaliza-se e torna-se referência para a humanidade. Depois de Cervantes só é possível escrever levando em consideração os termos de Cervantes (com ou contra ele), assim como depois de Beethoven qualquer sinfonia dialoga necessariamente com Beethoven.
No caso do gênio científico, a natureza assume um papel definidor. O cientista é um montador de quebra-cabeças (esta imagem é do Thomas Kuhn), uma atividade que exige muita engenhosidade, mas pouca criatividade. Não se discute Einstein – isso é só uma metonímia -, mas a natureza. Tanto é assim que dos dois artigos publicados por ele em 1915, apenas um ficou célebre. O outro, sobre a natureza corpuscular do mundo subatômico, nem é lido mais por aí. O equivalente de Einstein no mundo subatômico é Schröndiger.
Aí está a inconsistência da sua “tese”: igualar arte e ciência como criações simbólicas da cultura e supor que tanto a genialidade artística quanto a científica emerge, de maneira idêntica, da singularidade dos indivíduos. Sim, a ciência também é uma criação simbólica; sim, tudo se passa no indivíduo, mas não da mesma maneira e não pelas mesmas razões. O indivíduo é o catalisador do processo, não seu agente. E seu próprio “conceito” de ciência: “toda hipótese só se torna uma teoria consistente quando faz previsões que podem ser testadas universalmente, isto é, em qualquer canto do mundo”, situa a noção da genialidade fora do âmbito artístico no qual a individualidade seria o parâmetro de referência. Afinal, ser conhecimento universal significa exatamente extrapolar o âmbito singular de sua enunciação, conformando-se a medições exteriores. E as coisas não acontecem assim porque Einstein é fodão – “a força fecundante do varão que ilumina toda uma época” (varão né? sei…) – , mas porque sua genialidade está em expor, de maneira mais ou menos compreensível, o que já está lá. Há criatividade na ciência? Claro, mas na forma de engenhosidade. O artista, por sua vez, faz como o Barão de Munchausen, ergue-se puxando a si mesmo pelos cabelos, uma imagem assombrosa para uma atividade humana igualmente assombrosa. O artista coloca no mundo algo ontologicamente novo. O cientista está às voltas com um objeto que já está aí. A densa analogia entre Deus e o autor retira sua energia deste poder demiúrgico que falta ao cientista. Quando o cientista tenta igualar-se ao artista ele produz monstros. Frankenstein. Sua hybris é querer igualar-se a Deus, enquanto que todo autor é como um pequeno deus para seus personagens.
Avante, bravo exército. Branca…branca…
Eu acho o trecho a seguir bastante claro, principalmente o condicional:
Eu interpretei a coisa assim – se houver saída (a única saída, caso exista alguma possibilidade qualquer de saída, se algo parecido com uma saída puder existir), ela não estará nem no governo mundial nem na união espontânea de todos os homens da terra, mas na inovação tecnológica. Você diz “daí ele afirmar ser tal ação conjunta algo impossível sem a imposição de um governo mundial”. Tá errado. Ele diz que a tal ação conjunta é tão impossível quanto um governo mundial. Isto segundo os cientistas sociais, ele deixa bem claro. Ademais, você tem tanta obrigação de provar seu ponto quanto eu. Sua interpretação não é uma evidência que eu devo refutar. Considere seu próprio texto, Yuri, você só está querendo desmascarar o cara – é uma denúncia: olha lá, meu, ele gosta é do governo mundial. Como é que você não está metendo o dedo na cara do sujeito e dizendo: “percebi seu mais sórdido segredo. Você é a favor de um governo mundial”, se é exatamente isto que você faz?
Sobre coquinhos e enxurradas…
Nossa, quer dizer que eu não posso mais te mandar ir catar coquinhos na enxurrada?!?! E eu que pensei estar sendo polido e pouco agressivo; afinal esta é uma expressão bem inocente, embora a tonalidade afetiva que a inflama não mudasse nem se eu entoasse um salmo (engraçado, a expressão “Oh! Mater Dei” implica o mesmo sentimento, mas você nem tchun!). Enfim, o que eu queria realmente dizer nem no meu blog eu publicaria, hehe. Mas entendi, a bola é sua, jogamos com as suas regras. Uma pena eu não ser taurino, senão estaria desculpado.
O demônio da teoria…
Legião do mal foi irônico, claro. Mas me responde uma coisa. Se o mal é uma ausência, logo, um não-ser, como pode ele produzir algo? Se o mal é uma ausência, posso concluir que a ausência deste algo (o bem) apenas permite a outro algo (o homem) cumprir seu caminho sem impedimento ou desvio? Logo, o mal que advém da ausência do bem é apenas a natureza humana seguindo o curso planejado inicialmente por seu criador, ou não? Se, por outro lado, o mal nasce de uma escolha humana (não escolher o bem), então mesmo quem faz esta escolha de modo consciente não é mal? Mas o nada não pode ser, pode? Se ele não é mal é o que?
Sobre camareiros e gênios…
Por fim, Yuri, eu admito que sou um camareiro. Não tenho ilusões a respeito. Aliás, a sabedoria dos camareiros, assim como a de Sancho Pança, está em servir. Ao contrário do que imagina Goethe, nós, os camareiros, nos especializamos em servir os gênios, a fim de que lhes sobre mais tempo para serem geniais. O real problema não é quando os camareiros reconhecem a si mesmos como camareiros, mas quando eles se reconhecem como gênios. Aí está pavimentado o caminho para o desastre, porque eles se jogam num oceano que lhes ultrapassa a capacidade. Ou atiram-se heroicamente contra moinhos acreditando alvejar gigantes. Um engano deste num gênio produz coisas maravilhosas, num camareiro apenas bufonaria de segunda.
yuri vieira
Sim, você tem razão: o raciocínio por analogias pode ser útil na explanação de um conceito já dado, mas, por outro lado, é ineficaz e inconsistente quando usado para se chegar a um conceito não formulado previamente. Qualquer hora tentarei ser mais claro ou, melhor dizendo, mais lógico.
Qto à criatividade na ciência e na arte, acho que podemos iniciar um novo post sobre o tema e passar a discuti-lo. O mesmo no que se refere ao mal, que é um assunto absorvente e que muito me interessa.
Se pareceu que eu tentava acusar o professor Eli de ser um mero conspirador, me desculpe, não foi minha intenção. No fundo, não creio que as pessoas em geral, e os cientistas em particular, tenham consciência do problema que é tomar como postulados certas idéias políticas. Mas o fato é que, hoje, há uma enorme multidão de intelectuais, acadêmicos e ativistas a atuar como idiotas úteis à causa da estatização de todas as relações humanas. Mas não vou entrar em pormenores agora, afinal, este é um tema que já discutimos diversas vezes aqui.
No mais, acho que não temos quórum aqui para nos considerarmos um exército de Brancaleone. Antes de ficarmos uma semana offline, tínhamos uma média de 1800 visitas diárias. Agora a média não é nem de 500. Incrível como podemos ser rapidamente esquecidos na internet. Logo, já que somos apenas dois, e já que vc se considera um Sancho Panza, não me resta senão ser o hidalgo Don Quijote…
{}’s
filipe
FO-DA!
a discussao de vcs foi surreal!
e pensar q isso tudo foi instigado por uma puta de uma molecula: CO2.
efeito borboleta?
ces sao muito bons caras.
parabens!
expresso minha tristeza aki pelo reduçao do numero de visitas.
kem perde sao as ausencias…