Tem post novo no blog do “Blindness”, o filme de Fernando Meirelles baseado no romance de José Saramago, que acaba de entrar na fase final de filmagem, trocando as ruas de Montevidéu pelas de São Paulo. Conforme observado pelo Yuri num post anterior, o Meirelles escreve muito bem e deixa entrever a ossatura que constitui um grande diretor.

No post anterior em seu blog, falava, por exemplo, da opção por abolir qualquer preocupação com a continuidade espacial das tomadas, pois na cegueira a espacialidade ganha uma conotação absolutamente diferente. Ele sentiu isso participando dos laboratórios conduzidos com a equipe pelo preparador de atores Chris Duvenport.

Neste post novo, ele externa sua última paranóia: a de que há pouco cocô nas cenas, quando uma das imagens marcantes do romance de Saramago, para quem leu, é seguramente a descrição da prolificidade de excrementos no hospício e nas ruas da cidade barbarizadas pela humanidade cega.

“Falta cocô? Será que me acovardei e estou fazendo um filme limpinho? Será que a situação que deveria ser insustentável vai perder o peso por causa da minha calhordice asséptica?”, preocupa-se Meirelles. Diante disso, resolveu rodar algumas tomadas de detalhes de excrementos e de corredores muito emporcalhados.

O cuidado e o esmero que estas dúvidas e o questionamento cotidiano ensejam parecem um indicador de que veremos um grande filme.