“Queimou o motor. Melhor o senhor comprar uma nova”, decretou o mais sincero técnico que já conheci. Lá vou eu então pesquisar preço e modelo de geladeira… A única vez que fiz isso foi 11 anos atrás, quando me mudei para São Paulo — justamente para comprar a falecida. Foi na verdade bem fácil. Levei a mais barata de uma marca conhecida — no caso, Cônsul — que encontrei. Era tudo o que meu dinheiro podia pagar. Mas, de lá para cá, como as coisas mudaram!
Sabia que agora existe geladeira turbo? Igualzinho na velha Fórmula 1. Você aperta um botãozinho e acelera o congelamento da comida. Ou o resfriamento da latinha, dependendo da necessidade. Tem ainda algumas com função férias. Você aperta outro botãozinho quando vai ficar alguns dias fora de casa e ela entra em modo econômico. Tudo isso — turbo e férias — aparece no pequeno visor digital no alto da porta.
Para otimizar o funcionamento, elas agora têm pequenas janelas na parede do fundo, para o fluxo de ar gelado ser mais uniforme. Simples e eficaz. E, para não esquecer a porta aberta, prejudicando o funcionamento, elas apitam depois de certo tempo.
Hoje, é preciso mesmo observar um monte de coisas. Prateleiras de vidro temperado, por exemplo. Antes, na minha triste ignorância, as únicas que eu conhecia eram aquelas de aramado, que emborcavam um pouco se o objeto era muito pesado. A gaveta de frutas e verduras tem divisão interna e um orifício regulável para entrada de ar: se tiver só frutas lá dentro, melhor deixá-lo bem aberto; se for só verdura, o contrário; e se for os dois, meio a meio.
As prateleiras das portas também trazem novidades. São todas destacáveis. É só puxar e encaixar noutro lugar, conforme a disposição de que se precise. Num certo modelo, as menores eram ainda deslizantes. Se estiverem atrapalhando algo na direita, basta arrastá-las para a esquerda. Ou para o meio.
E como as geladeiras hoje têm porta-coisas! Além do velho porta-ovos, há o porta-garrafas pet e o porta-latas, sonho de todo grande bebedor de cerveja (não é bem o meu caso, mas também gostei).
Sem falar que agora existe a geladeira que não precisa descongelar nunca. Ó, grandes deuses da tecnologia, obrigado, muito obrigado, vos serei eternamente grato.
Por falar em gelo, esta é uma das melhores partes. O freezer tem uma fabricazinha de gelo. Haja praticidade! É só girar um botão e os cubinhos caem no… porta-gelo — tinha esquecido desse lá em cima.
Tem umas coisas meio estranhas também. Por exemplo, vi um modelo que tinha um dispenser de água interno na porta. Ótimo, não? Mas, diferentemente de outras, nesta a torneira também era interna. Se vou abrir a geladeira para beber água, para que preciso do dispenser então?
Já que estou falando de coisas estranhas, vale citar as formas de pagamento. Eu quis me informar sobre todas para, no fim, calcular qual a melhor. As Casas Bahia são um fracasso. Parcelam em duasmilquatrocentosequarentaeduas vezes, se você pedir. Com um puta juro, claro. Mas não dão desconto à vista. Mas o mais engraçado nesta parte de pechinchar foi no Carrefour. Eu pedi o desconto à vista e a atendente me disse: “Vai demorar pelo menos uns 20 dias até cadastrarmos o seu cheque. O senhor não quer parcelar no cartão?” Que exagero, pensei. Como vi que estava difícil, resolvi chutar o balde. “E cash? E seu eu colocar as notas, uma por uma, na sua mão? Quanto de desconto você me dá?”, perguntei. “Desculpe, não damos desconto.”