Ontem, um comentário do Yuri no meu post sobre o portal Às Claras, me levou a chafurdar no estranho mundo da extrema-direita norte-americana e a pensar sobre como, nos extremos, as coisas se encontram.
O site Discover the Networks, cujo grande mentor é David Horowitz, ex-marxista convertido neoconservador, faz um mapeamento das conexões políticas e econômicas do que eles chamam de “esquerda americana”. Entre lá e digite “Bill Clinton”, “George Soros”, “Gore Vidal”, “Noam Chomsky” ou ainda qualquer nome de palestino conhecido em solo americano e descubra quem financia quem e quem é amigo de quem. Tirando o fato de que sempre alguém tem que me explicar o que é esquerda hoje em dia, saí tentando entender do que se tratava.
Eu disse, comentando o comentário do Yuri, que o sítio era um exemplo de como, nos extremos, o ultra-conservadorismo e o totalitarismo de esquerda se encontram, pois o Discover the Networks é essencialmente um mecanismo de patrulha ideológica sobre indivíduos, e não de controle sobre o exercício do poder político ou de discussão de idéias. Em resumo, ele até tem seu valor na medida em que também ajuda a monitorar a política e os governos democratas, mas se excede e acaba sendo essencialmente um sintoma da psicose que afeta a extrema direita. Além de que é preciso ver como esse monitoramento das redes é alimentado e em que medida essas informações são confiáveis. Seria o equivalente da Confederação Nacional das Indústrias aqui montar um site para monitorar as redes de ambientalistas que entravam o livre desenvolvimento das atividades econômicas, ou o contrário, um site de patrulha sobre os industriais, capitaneado por ONGs de defesa do meio ambiente, identificando todos como ferozes inimigos da natureza, monitorando suas conexões e classificando-os como suspeitos.
Eu acho que esses imbecis, assim como os imbecis da esquerda, têm todo o direito de dizer o que quiserem, e temos que defender até a morte que o digam. (Aliás, para entenderem de quem se trata, vejam no site os links para a revista “Heterodoxy”, editada por esse Horowitz, para conferir o que eles pensam de homossexuais, por exemplo). Mas patrulha ideológica é coisa de gente com pruridos autoritários e que não entende verdadeiramente o que é a democracia. Eu achei tudo muito curioso porque nunca tinha visto isso de maneira tão aberta em gente admitidamente conservadora, só nos esquerdistas.
E tudo é muito contraditório, pois essa turma do Discover the Networks, encabeça um movimento em defesa da liberdade de expressão nos campi americanos, através de uma tal Individual Rights Foundation, algo que começou aparentemente porque um manifesto contrário à ação afirmativa escrito por Horowitz foi queimado e gerou protestos violentos em algumas universidades nos EUA (qualquer semelhança com o caso da UFRJ no Brasil é mera coincidência). Ótimo, eu quero me filiar a esse movimento. Curioso é seus coordenadores fazerem, com a outra mão, patrulha ideológica dos outros
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