Primeira parte:
Segunda parte:
Terceira parte:
Primeira parte:
Segunda parte:
Terceira parte:
Digamos, por motivos de pura ironia, que seu nome era Christian, uma vez que se mostrou tão irritado — em outra conversa velha de um ano, que agora não vem ao caso — ao tratar das “desprezíveis” raízes cristãs (the christian roots) do Ocidente. Christian, um diretor de cinema brasileiro, basicamente de curtas-metragens, me foi apresentando como sendo curador de um relevante festival de cinema do Rio de Janeiro. “Não se preocupe”, me disse, “pelo que ouvi falar a respeito do seu filme, com certeza irei gostar muito”. Eu não estava preocupado, mas quis saber o que ele ouvira. “Ué, bróder, me disseram que o filme era uma porrada no estômago. Fiquei curioso. Se eu curtir, ele poderá ser selecionado pro meu festival.” Estávamos na festa de encerramento de mais uma edição da Goiânia Mostra Curtas, taças de vinho à mão, enquanto, ao nosso lado, uma fila se formava para o bufê que já começara a ser servido. Era noite e o pátio da Secretaria de Cultura estava abarrotado de cineastas, atores, políticos, empresários e culturetes em geral, todos muito satisfeitos em participar de um evento do gênero. Era como se uma atmosfera cosmopolitana tivesse subitamente descido sobre a cidade. Nada como testemunhar que o cinema goiano, em particular, e o brasileiro, em geral, parecia ter finalmente tomado impulso — muito embora não se soubesse exatamente em qual direção…
O rega-bofes patrocinado involuntariamente pelo contribuinte seguia seu curso, enquanto eu, Christian e o também cineasta João Novaes prosseguíamos rindo e conversando sobre temas diversos. A certa altura, lembrando-me da polêmica recente a respeito do sucesso do longa “Tropa de Elite”, decidi indagar:
“E aí, Christian, você gostou do Tropa de Elite? Seria interessante saber de um cineasta carioca se o filme afinal é fiel ou não à realidade.”
O cara mudou de cor instantaneamente, ficou branco, em seguida vermelho, então franziu o cenho e começou a disparar mil petardos contra o filme. Falava na velocidade de uma metralhadora, uma dessas que os traficantes costumam usar nos morros. Mais baixo que eu, Christian às vezes me olhava por cima dos óculos, o que tornava suas sobrancelhas mais ameaçadoramente expressivas. Dizia que o “Tropa” era o filme mais mentiroso e ridículo de todos os tempos, uma enganação com DNA hollywoodiano à qual apenas a massa estúpida poderia dar algum crédito.
“Acho que então faço parte da ‘massa estúpida'”, comentei, “porque achei o filme excelente.”
Preste muita atenção:
“Quando a poesia exprime os mitos que a tradição lhe propõe, ela não é autônoma, não tem em si a mesma soberania. Ela ilustra humildemente a narrativa cuja forma e sentido existem sem ela. Se é obra autônoma dum visionário, ela define aparições furtivas que não tem a força de convencer e não têm verdadeiro sentido senão para o poeta. Assim, a poesia autônoma, fosse ela aparentemente criadora do mito, não é em última análise senão uma ausência de mito. De fato, este mundo em que vivemos já não engendra novos mitos, e os mitos que a poesia parece fundar, se não são objetos de fé, só revelam finalmente o vazio: falar de Enitharmon não revela a verdade de Enitharmon, é confessar mesmo a ausência de Enitharmon neste mundo a que a poesia o chama em vão.”
Georges Bataille, em “A Literatura e o Mal”.
E isto ocorre com todo e qualquer gênero artístico. A arte, em suma, deve fincar raízes no Mito e este, assim como toda energia consumida na Terra vem do Sol, recebe sua vitalidade de fora deste mundo…
Neste áudio, Facundo Cabral explica, com muito humor, como chegou a conhecer Cristo graças a uma prostituta (“Cardo Seco”). Em seguida canta No quiero ser un ciudadano.
Já ia me esquecendo: hoje faz um ano desde o lançamento do curta-metragem ESPELHO, que já foi assistido mais de 7000 vezes no You Tube e é, dentre 16900 vídeos, o segundo resultado quando se busca “curta-metragem” no mesmo site. (A versão legendada em inglês foi vista 1293 vezes.)
Obrigado a todos os que estão ajudando a bombar o filme. 🙂
(Sim, sim: o “feliz aniversário Michael de Nebadon“, que aparece ao final dos créditos, e a data do lançamento não são mera coincidência…)
Apenas para desejar, a você, leitor deste blog, um feliz aniversário de Jesus de Nazaré, mi Maestro y Jefe. E não reclame, o aniversário do Cara é hoje, ponto. 🙂
Claro, continue comemorando o aniversário Dele logo após as Saturnais Romanas também. Quem disse que Ele vai reclamar?
P.S. das 13:12h: E não é que o Papai Noel chegou justamente hoje? Puts, já experimentei e voltei à infância…
E abaixo, o músico Pato Banton, que também está comemorando o Natal hoje, durante um encontro em Jerusalém:
Siga a bolinha luminosa…
Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén